Neymar. Estratégia de dez anos seguidos. Erros infantis e depois desculpas
ReproduçãoSão Paulo, Brasil
Desde que surgiu no futebol brasileiro, há dez anos, Neymar e sua assessoria de imprensa, adotam a mesma estratégia.
Depois de cada atitude reprovável, o silêncio.
Como é um dos mais talentosos atletas do mundo, há a espera por uma sequência boa dentro do gramado.
Como os dois gols que marcou nas duas primeiras partidas pelo PSG, no Campeonato Francês.
Com moral, é a hora de falar.
Dar entrevista a um órgão de imprensa que confie.
De mostrar arrependimento.
Temas são vetados.
Como a acusação de estupro de Najila Trindade.
Problemas com o fisco espanhol e brasileiro.
Simulações na Copa da Rússia.
Fracassos nas duas Champions pelo PSG.
O foco da assessoria e do jogador é admitir que erra.
É 'humano'.
E deixar claro que está 'aprendendo'.
Neymar é repetitico.
De tanto usar a mesma tática, as respostas ganham cada vez menos relevância.
É o que acontece agora com a entrevista dada ao jornal inglês Mirror.
A repercussão na Europa é mínima.
Depois do milésimo 'mea culpa' por ter menosprezado o PSG, clube que mais gastou na história com um jogador, para contratá-lo por 222 milhões de euros, cerca de R$ 1 bilhão, e forçar como pôde a tentativa de voltar ao Barcelona, o jogador não se segura diante do repórter do jornal britânico.
Organizada do PSG não ataca só Neymar. Mas até o seu filho
Reprodução TwitterEle não poderia só ficar por baixo, depois de tantos pedidos de desculpas.
"Eu quero ser o melhor jogador do mundo.
"Simples, assim."
Esse é Neymar sendo Neymar.
Mas suas desculpas, a eterna falta de rumo, valem a pena serem registradas.
"Às vezes é difícil, porque você tem que ser sempre perfeito. E, como ser humano, é impossível.
"Eu fiz besteira diversas vezes, e recuperar toda a confiança que eu tinha tem um preço alto. Mas acho que falhar é normal para seres humanos, faz parte da vida. É com esses erros que você cresce e aprende."
Quantas vezes, o atacante brasileiro já disse a mesma coisa?
Basta lembrar do chapéu que deu com a bola parada em Chicão que jogava no Corinthians, do chilique quando Dorival Júnior não deixou que cobrasse um pênalti contra o Atlético Goianiense, o soco no rosto do torcedor na Copa da França.
Já foi expulso depois do jogo acabar, contra a Colômbia. Avançou em torcedor, após a conquista da medalha de ouro olímpica, no Maracanã. Xingou nas redes sociais árbitro e foi suspenso de duas partidas da Champions League.
Neymar se recuperando de fratura no pé. E de muletas para o alto na festa
Reprodução/Instagam"Eu não sou de falar muito, você sabe. Sou um cara muito reservado, guardo as coisas para mim. Mas chega num ponto em que eu acabo me frustrando, ficando nervoso, explodindo e não me comunicando da maneira correta.
"Estou tentando melhorar nisso."
Mas Neymar é o mais forte opositor a que a Seleção Brasileira adote um psicólogo do esporte, tão comum na Comissão Técnica das grandes seleções europeias. Assim como na NBA.
Tite cede e diz que ele e sua comissão técnica tratam dos aspectos psicológicos dos jogadores. Principalmente o de Neymar.
(Lesões)"É o pior momento da carreira de um atleta. Tive duas lesões sérias e fiquei afastado do futebol por praticamente seis meses. Senti falta dos gols.
"Mas lesões fazem parte da carreira de um atleta, e eu tento me preparar para preveni-las.
"É importante manter a saúde mental enquanto você se recupera."
Falou o jogador ao jornal inglês.
Ele usou um método todo especial para manter a saúde mental, enquanto se recuperava de suas duas fraturas.
Saía de sua mansão em Mangaratiba, no Rio de Janeiro, para ir para festas, baladas, com muletas e pé direito imobilizado.
Sobre a acusação de agressão e estupro de Najila Trindade, nenhuma palavra na entrevista, lógico.
Nem sobre as vaias, os palavrões, as faixas contra ele e até seu filho, esticadas pelos torcedores organizados do PSG.
Nada surpreendente.
Mas, um dia após Messi ganhar pela sexta vez o troféu de melhor jogador de futebol do planeta, o brasileiro que caminha para os 28 anos, fez questão de realçar.
De falar a frase que quer ver na manchete dos portais, dos jornais, nas televisões, nos rádios e, principalmente, nas redes sociais.
Após conquistar a medalha de ouro olímpica. Decide xingar, desafiar torcedor
Reprodução/Twitter"Eu quero ser o melhor jogador do mundo.
"Simples, assim."
Só que há dez anos, ele quer.
E, apesar de todo o talento, seu ego o sabota.
Abandonou o Barcelona para sair da sombra de Messi.
Errou profundamente.
Daí o desespero pela frustração na tentativa de voltar.
Retornar à Catalunha.
Frustrado, esquecido até na votação do melhor da Europa, o jogador trata de tentar usar a imprensa.
Quer se desculpar com a torcida do PSG.
Com a irritada família real do Qatar, que o comprou.
Com a opinião pública francesa.
Com os jornalistas que o reprovam.
Busca, mais uma vez, desviar o foco de seus erros.
Da mesma maneira, desde 2009.
Assumir querer ser o melhor do mundo.
Assim como um dia também quis Robinho.
Avisou ao chegar no Real Madrid.
E que hoje está esquecido na Turquia.
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