São Paulo, Brasil
Kanu, ágil e excelente nas jogadas aéreas.
Douglas Costa, dribles e articulação.
Wesley Moraes, finalização, presença de área.
O desencanto de Rogério Ceni, exposto em cada entrevista coletiva, tem três motivos básicos, fundamentais.
Como ontem, após a derrota por 4 a 3 para o Bragantino.
Para ele, o pior início do São Paulo no Campeonato Paulista, desde 1960, com duas derrotas, para Guarani, em Campinas, e Red Bull Bragantino, em Bragança, e um empate com o Ituano, dentro do Morumbi, tem profunda ligação com as fracassadas negociações que o treinador considerava primordiais.
Ele só voltou ao Morumbi, em outubro de 2021, porque o clube corria o risco de rebaixamento, e o presidente Julio Casares prometeu a contratação de um time muito competitivo em 2022. Ceni tratou logo de passar uma lista de reforços desejados.
A começar por Kanu, zagueiro de 24 anos, 1m88, do Botafogo. Casares tinha certeza da contratação no ano passado. Mas a negociação que transformou o clube carioca em Sociedade Anônima do Futebol, com o aporte de R$ 400 milhões do bilionário John Textor, tudo mudou. E o ótimo defensor foi mantido como destaque de General Severiano.
Depois, a decepção aconteceu com Wesley Moraes. O atacante de 1m91, ótimo cabeceador e muito mais ágil que Pablo, estava à disposição. Não conseguiu espaço no Aston Villa. Mas a direção são-paulina acabou perdendo a negociação para o Internacional. Foi muito incômodo para Ceni, que tinha certeza de que o jogador seria contratado.
A desilusão maior, no entanto, foi com Douglas Costa. O reforço respeitado internacionalmente que viria para jogar onde o clube tem maior dificuldade, na articulação dos seus ataques. Outra vez os dirigentes tiveram a oportunidade de fechar a contratação. O atleta pediu R$ 1,5 milhão por mês. O São Paulo ofereceu cerca de R$ 1 milhão entre salários e luvas. Douglas Costa nem respondeu. E passou a negociar com o Los Angeles Galaxy, que está perto de anunciá-lo.
Ceni ganhou cinco jogadores importantes.
E que serão titulares em 2022.
Jandrei, Rafinha, Patrick, Alisson e Nikão.
Meio time do São Paulo ficou mais forte.
Mas o treinador segue desgostoso, tenso e pedindo reforços publicamente, em cada entrevista, desde que começou 2022.
Seu time outra vez foi lento na saída de bola e muito inseguro na marcação.
Mas, como é típico, ele não admitiu. E foi por outro caminho.
“Eu acho que é o melhor jogo dos três que fizemos até aqui e a tendência é que o time melhore. Eu acho que de positivo a parte de sempre propor o jogo, tentar ter o controle do jogo, finalizamos bastante, o poder da reação é uma coisa importante. Nós batemos muito no adversário para conseguir os gols e não conseguimos sustentar essa vantagem e a entregamos com muita facilidade.
"É triste você perder um jogo em que você foi superior ao adversário, quando estava 3×2 nós tivemos a possibilidade de fazer mais gols, nós não matamos e depois sofremos em detalhes que são perceptíveis durante o jogo. Dentro de um todo, num contexto como jogo, foi disparada a melhor apresentação que nós fizemos."
Vale lembrar que ainda ecoam no Morumbi as frases que ele disse no fim do ano passado.
"Não posso jogar uma história de 26 anos fora, se não enxergar que temos condições de ser melhores do que fomos neste ano (2021)."
O São Paulo não está melhor do que na temporada que acabou.
Está reforçado.
E pior.
Ao contrário do que aconteceu no Corinthians, até pela trajetória no Morumbi, o São Paulo não pensa em demitir Rogério Ceni.
É mais fácil Ceni pedir demissão do São Paulo.
Se reforços não chegarem...