A Globo precisa do futebol. E do Flamengo. E o Flamengo precisa do dinheiro da Globo
Reprodução SportvSão Paulo, Brasil
Globo e Flamengo tem velha parceira.
Desde o tempo da Ditadura Militar, quando a emissora conseguiu o monopólio da transmissão do futebol no país, o clube carioca é o seu predileto.
Aquele que tem mais jogos transmitidos.
O motivo: ser o clube mais popular, que alcança mais audiência.
Essa popularidade no país nasceu graças a outro veículo de comunicação carioca. A Rádio Nacional.
Emissora estatal criada para servir o ditator Getúlio Vargas, em 1930, com a desculpa de integrar o país, difundia a imagem do presidente como o 'pai dos pobres'.
E na programação, gerada da então capital do Brasil, o Rio de Janeiro, não poderia faltar futebol. E, principalmente, nas décadas de 40, 50 e 60, o Flamengo foi o clube que teve mais jogos transmitidos para o Centro, Nordeste e Norte do país.
Daí sua imensa torcida, que já era maioria no Rio.
Com a popularização da tevê no Brasil, no final da década de 60 e início de 70, o rádio foi ficando para trás.
E coube à Globo assumir o lugar da rádio Nacional, retransmitindo os jogos do Flamengo.
É assim até hoje, 50 anos depois.
Mas no início de 2020, houve um inédito e inesperado rompimento. A cúpula flamenguista acreditou que o campeão da Libertadores, do Brasil, do Rio mereceria receber bem mais do que os R$ 13 milhões reservados a Vasco, Fluminense e Botafogo pela disputa do Estadual.
Pediu R$ 100 milhões.
A Globo que já sonha em abandonar os Estaduais, por sua baixa qualidade de jogos e desinteresse do público, não aceitou.
E o Flamengo ganhou a Taça Guanabara sem ter seus jogos transmitidos. Foi um vexame. A Globo tinha acordo com todos os demais times. Não pode mostrar a decisão.
O impasse seguia para a Taça Rio. O Flamengo já havia concordado em baixar para R$ 80 milhões. Mas a Globo, que enfrenta uma enorme crise financeira, disse não.
Aí chegou a pandemia do coronavírus.
Paralisou o futebol há quase três meses no país.
O Flamengo deixou de faturar pelo menos R$ 150 milhões. Sem arrecadação, sem dinheiro de transmissão da Libertadores, da Copa do Brasil, do Brasileiro, com a fuga de sócios-torcedores. Com a fuga de patrocinador. Ameçado pela saída do patrocinador master.
O noticiário da emissora carioca tem como principal foco a pandemia
GloboO clube é o que mais briga pela volta do futebol no Brasil.
Em plena a pandemia.
A Globo tem alertado a população sobre o número crescente de infectados e mortos no Brasil. O país já é o segundo mais afetado pela pandemia no mundo. Só está atrás dos Estados Unidos.
Criou programa sobre a doença e fez do coronavírus sua principal atração na programação.
Só que há o lado comercial.
As reprises de novelas estão funcionando para os patrocinadores.
A repetição de jogo de futebol, não.
Daí a emissora decidiu ter um comportamento bipolar.
Mesmo no auge da pandemia, apoia a volta do futebol.
O Flamengo ganhou poderosíssima aliada na emissora.
Apesar de drones da Globo flagrarem treinamento proibido do clube, na semana passada, não houve censura, críticas pesadas ao time, à diretoria.
Pelo contrário.
O apoio foi importante para a volta dos treinos e o encaminhamento para o retorno do futebol, provavelmente no dia 14 de junho.
E já que ambos lutam pelo mesmo objetivo, houve uma aproximação séria no caminho de a Globo fechar um valor pela transmissão dos jogos restantes do Flamengo no Carioca.
Como líder do grupo A, restam as partidas contra o Bangu e Boavista. A mais que provável semifinal. E talvez a final da Taça Rio.
Se o clube vencer também este segundo turno, será campeão.
A pior hipótese é o Flamengo perder para o Bangu e Boavista. E seus adversários vencerem também Cabofriense e Portuguesa. Assim, ficaria fora da semifinal.
Mas nos dois jogos da decisão, o clube estará.
Por ter vencido a Taça Guanabara.
A Globo pensa em ofertar R$ 40 milhões por partida ao Flamengo. O clube, precisando de dinheiro, pede R$ 60 milhões.
O acordo, por exemplo, por R$ 50 milhões, pode ser fechado a qualquer momento.
Mas a situação é clara.
A diretoria flamenguista quer recuperar algum dinheiro com o Carioca para compensar os três meses sem futebol.
E a Globo precisa da volta do futebol e o Carioca é o campeonato mais adiantado. Só que sem o Flamengo seria desperdiçar preciosa audiência.
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Reprodução TwitterDaí seu comportamento bipolar.
Durante quase toda a programação, alerta sobre o pior momento da pandemia no Brasil.
Na hora do esporte, apoio à volta do Carioca.
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