Nenê. Provocou, xingou e ainda marcou o gol decisivo no clássico
SPFCEm um clássico marcado pelo medo tático, com superlotação de volantes dos dois lados, o São Paulo conseguiu se impor. E, graças a um gol de Nenê, venceu o jogo truncado no Morumbi por 1 a 0.
Agora tem a vantagem de poder empatar no Itaquerão para chegar à final do Campeonato Paulista, na revanche, quarta-feira.
A decepção ficou por conta do Corinthians. Carille foi defensivista demais. Mesmo perdendo, não quis se arriscar. Manteve a equipe fria, com três volantes. Aceitou o resultado. Não teve atitude, gana, vontade de vencer. Nem pareceu que é o campeão paulista e brasileiro.
Ficou nítido que Carille tem a certeza que reverterá a vantagem no Itaquerão. Será um risco. O comportamento corintiano foi estranho demais.
Do lado tricolor, a festa. Foi a primeira vitória em um clássico de 2018, para felicidade de 42 mil são paulinos no Morumbi.
A decisão segue aberta.
Carille e Aguirre escolheram a guerra e não o futebol. Como em uma transmissão de pensamento, os dois treinadores fizeram a mesma opção: três volantes e um meia no meio de campo. Laterais protegidos. A ordem era marcar, a todo custo. Se fosse preciso dar pontapé, ele estava liberado. Ambos queriam evitar a derrota neste primeiro jogo da semifinal do Paulista.
A decisão era muito mais compreensível pelo lado do São Paulo. Aguirre chega apenas a três partidas sob o comando do time. E sabia que seu clube precisa desesperadamente de um título. Acabar com o jejum de 13 anos de conquistas do Paulista seria fundamental para exorcizar o espírito derrotista que assombra o Morumbi. Inclusive com duas ameaças sérias de rebaixamento no Brasileiro.
Quando o inseguro Leco ouviu o nome de Diego Aguirre, sugerido por Lugano, e com o aval de Juan Figer, o presidente adorou. Ele queria, de qualquer maneira, a famosa 'raça uruguaia'. Estranhou demais a estreia, na derrota para o São Caetano. E o cobrou. O resultado já veio na revanche, no Morumbi.
E o que se viu hoje foi um São Paulo completamente diferente do time que era comandado por Dorival. O time comprou a ideia de guerrear, dividir, provocar, xingar. Para uns, atitude. Para outros, tentativa clara de intimidação.
Os volantes são paulinos, Petros, Jucilei e Liziero e mais Reinaldo, que cada vez mais se porta como lutador de MMA, eram os jogadores que mais seguiam a cartilha da tal raça uruguaia.
Taticamente, Aguirre abriu mão de Diego Souza. Em vez da força física, escolheu a velocidade. Marcos Guilherme e Trellez se movimentando. E até Nenê se mostrava disposto, ocupando espaço atrás dos volantes corintianos.
O São Paulo sabia que precisava vencer hoje, para ter vantagem no Itaquerão, na quarta-feira. Além de vencer um clássico, trauma mais recente no Morumbi. E por isso assumiu a iniciativa no começo do jogo.
Mesmo com três volantes, o Corinthians tomou o gol em contragolpe
Reprodução SportvCarille, com cem partidas de comando no Corinthians também sabia o que desejava. Desesperar o São Paulo, jogar o clube contra sua carente torcida. Marcar forte e tentar segurar o empate. Ele não podia escalar Balbuena, Romero, Fagner, convocados para as seleções do Paraguai e a Brasileira. Rodriguinho, Jadson e Renê Júnior contundidos. E não quis expor Clayson, que sentia dores musculares.
O treinador corintiano acabou menosprezando o rival. Acreditou que fosse possível contragolpear e que o rival não iria se expor, com medo de contragolpes. E tratou de segurar seu time. Com Ralf, Gabriel e Maycon recuados. Matheus Vital também ficava preso. O limitado Júnior Dutra ajudava também na marcação. Apenas Emerson Sheik estava mais à frente, esperando a bola chegar.
As faltas, as provocações roubavam o lugar das chances de gol. O primeiro tempo esteve repleto de discussões. Com os dois times não criando nada de produtivo. Até que houve um erro bobô de Mantuan. O lateral reserva de Fagner chutou a bola em cima Trellez. O colombiano desceu livre, com a defesa corintiana aberta, chutou forte. Cássio rebateu e Nenê estufou as redes.
São Paulo 1 a 0, aos 47 minutos.
Nenê, aos 36 anos, decidiu comemorar o gol na frente do banco do Corinthians. Os reservas corintianos estiveram a ponto de partir paa cima do são paulinho. Ele quase provoca uma briga generalizada.
O Corinthians voltou para o segundo tempo mais adiantado. Saiu da defesa. Mas sem abrir seu time. Manteve os três volantes. O que facilitava demais o trabalho defensivo do São Paulo. Carille não quis ousar nem um pouco. Ele deveria tirar um volante. Mas preferiu um meia por outro meia e um atacante por outro atacante.
Aguirre queria os contragolpes. Se não conseguisse, tudo bem. Seu desejo primordial era vencer o jogo. E foi o que conseguiu, se defendendo.
O jogo foi horroroso.
O resultado, importantíssimo para o São Paulo.
Recupera a confiança perdida.
A tal 'raça uruguaia' deu certo.
E seguirá.
Melhor do que a apatia com Dorival Júnior.
Carille aposta.
Nada está decidido.
Carille, revoltado com o desprezo de Aguirre, promete dar o troco quarta-feira
Agência CorinthiansE promete dar a resposta no Itaquerão.
Já até prometeu.
"Eu dei uma dura no Aguirre, sim, porque ele passou no início do jogo na minha frente, não me deu a mão e nem me cumprimentou. Sempre sou questionado sobre técnicos estrangeiros, e falo que as portas estão abertas para todos. Ele teve a cara de pau de falar que não me conhecia, que não me reconheceu.
"No intervalo cobrei isso dele quando o árbitro nos chamou. Fiquei muito chateado. Ele falar que não conhecia o técnico do Corinthians, 100 jogos (pelo clube)... ele que já trabalhou no Atlético-MG e no Inter... foi um desrespeito muito grande e fui cobrá-lo.
"Não tem nada de panos quentes para o próximo jogo. Ele vai ver o tratamento que vai receber lá na Arena. Vou até o vestiário levar um presente para ele", avisava.
O presente prometido é a eliminação.
Por enquanto, o sorriso é uruguaio...
Aguirre deu o que o inseguro Leco pediu. O time mostrou a tal 'raça uruguaia'
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