São Paulo, Brasil
Foguetório, exames de covid, demora exagerada e estranha nos aeroportos, nos hotéis.
Ofensas morais e ameaças entre os treinadores.
Pressão, chantagem emocional sobre o árbitro.
O jogo às 19h15, no Mineirão, será apenas o ponto final da guerra entre Atlético Mineiro e Boca Juniors.
Desde a semana passada, na primeira partida das oitavas-de-final, em Bueno Aires, eles demonstram o que há de pior, de mais atrasado na Libertadores da América.
"Não fomos recebidos conforme a gente esperava e como é de costume. (...) Eles serão recepcionados da mesma forma que eles nos receberam. Exatamente igual", já prometia o presidente do Atlético Mineiro, Sérgio Coelho, na semana passada.
Por "eles" se entenda a delegação do Boca Juniors.
Houve de tudo. A começar pela estranha exigência no desembarque no aeroporto na Argentina. O time mineiro chegou por volta da meia-noite, com o resultado dos exames de Covid, feito naquele mesmo dia, domingo dia 11. Mas eles não foram aceitos. E todos da delegação tiveram de fazer novamente o exame. E esperaram por duas horas o resultado do novo exame. Foram de madrugada para o hotel. Lá, demora exagerada para acomodar o time.
Na terça-feira, no jogo, a Comissão Técnica do Boca Juniors começou a xingar, provocar o técnico do Atlético, Cuca. A partida terminou 0 a 0, mas houve um gol anulado de González, que provocou muita discussão, revolta na imprensa argentina. A Associação Argentina de Futebol pressionou a Conmebol.
O caso foi tratado como uma ofensa à própria Argentina.
Resultado: o árbitro colombiano Andres Rojas e o árbitro paraguaio de vídeo (VAR), Derlis Lopez, foram suspensos por tempo indeterminado.
O uruguaio Esteban Daniel Ostojich Vegah foi o escolhido para apitar hoje. E a pressão da imprensa argentina para que aconteça uma arbitragem justa é enorme.
E o presidente do Atlético, Sérgio Coelho, cumpriu sua palavra.
A vida da delegação do Boca Juniors está infernal, desde que chegou ao Brasil.
Assim que chegou, no aeroporto de Belo Horizonte, os argentinos tentaram mostrar seus exames de Covid. Estavam prontos, nos celulares. Primeiro, houve o pedido que novos exames fossem feitos na hora. A delegação não aceitou. Então teve de esperar que cada exame fosse imprenso e conferido. Os jogadores tiveram de esperar sentados em escadas.
Depois, a imprensa argentina revela que houve enorme demora no hotel escolhido pelo Boca Juniors para a acomodação dos jogadores.
Não bastasse tudo isso, no espaço de duas horas e meia, muito foguetório, em frente ao hotel Ouro Minas, onde os atletas se preparavam para dormir.
Começou as 23 horas e foi até a uma e meia da manhã. Eram disparados de vários pontos.
Carros de torcedores passaram, chegavam o mais perto possível do hotel e de dentro do veículo, rojões eram disparados para o alto.
Tudo só parou com a intervenção policial. Outra vez os jornalistas argentinos reclamam que a polícia brasileira teria demorado muito para acabar com o vandalismo.
18 torcedores foram detidos.
A diretoria do Boca Juniors está revoltada.
E pode ficar até mais porque a do Atlético Mineiro não reservará um tratamento carinhoso a ela no Mineirão. Dará o troco pelo que sofreu na Bombonera, promete, de novo, o presidente Sérgio Coelho.
Os jogadores de Cuca e de Miguel Ángel Russo foram possuídos por esse clima de tensão.
A decisão da vaga das oitavas-de-final no Mineirão vai além do futebol.
Está contaminada pelo ódio.
Será a partida mais preocupante da Libertadores de 2021.
O cenário está montado.
Esteban Daniel Ostojich Vegah vai ter muito trabalho.
A declaração de guerra dos dois lados está feita...
Seleção feminina treina com foco na estreia contra a China; veja fotos