São Paulo, Brasil
"Ele teve uma reação que não é condizente com um profissional."
A frase de Rogério Ceni, logo após a derrota do São Paulo para o Fluminense, no Campeonato Brasileiro de 2022, no Maracanã, selou a sorte de Patrick, o melhor jogador do clube na temporada passada.
Patrick discutiu muito feio com o técnico, após ser substituído contra o time carioca. E na partida seguinte, contra o Internacional, recebeu cartão amarelo após o confronto acabar. Não atuou contra o Goiás, na última partida de 2022.
E logo nos primeiros treinamentos, Ceni deixou claro que a relação próxima que mantinha com Patrick acabou com a postura desrespeitosa no ano passado.
Havia até comentários sobre o treinador exigir que todos os atletas se pesassem todos os dias para manter a porcentagem de gordura ideal no corpo.
Não é segredo que Patrick não conseguiu chegar ao peso ideal na temporada passada no São Paulo.
O meia já estava insatisfeito.
E pediu para ir jogar no Atlético Mineiro.
A direção do São Paulo, que só tinha 30% dos direitos dos seus direitos, não teve como evitar a saída.
O acordo foi fechado de vez ontem. O clube do Morumbi ficará com R$ 5,3 milhões dos R$ 8 milhões que o Atlético pagará. O jogador de 30 anos e o Internacional dividirão o restante.
O pedido de contratação foi feito pelo novo treinador do clube mineiro, Coudet, que trabalhou com Patrick em Porto Alegre.
Rogério Ceni não fez qualquer protesto pela saída do principal jogador do São Paulo.
Pelo contrário, ele sabe que apenas reforçou seu poder no clube.
Igor Gomes, Miranda, Reinaldo, Eder, Marcos Guilherme, Andrés Colorado, Nahuel Bustos, Luizão, Thiago Couto, Léo e Nikão foram outros que sentiram a força do treinado São Paulo. E estão começando 2023 bem longe do Morumbi.
Com poder absolutista entregue pelo presidente Julio Casares, para que não fosse trabalhar em outro clube, Rogério Ceni decretou a reformulação completa no elenco para esta temporada.
Não é simplesmente lutar para não passar mais uma temporada sem títulos. Mas a obrigação de o Sao Paulo ter um ano marcante para atrair de vez investidores, dispostos a transformar o clube em uma Sociedade Anônima de Futebol.
O São Paulo segue preso a uma dívida que passa dos R$ 700 milhões e torna inviável a formação de uma equipe fortíssima, para disputar, por exemplo, com o Flamengo ou o Palmeiras.
Há também o receio no Brasileiro, com o fortalecimento de Grêmio, Vasco, Bahia e Cruzeiro, clubes tradicionais que voltaram da Segunda Divisão. E estão investindo muito forte na formação de suas novas equipes.
A saída para Casares foi apostar nas decisões de Ceni. Tudo que está acontecendo no futebol do São Paulo é decisão do treinador.
As chegadas de Rafael, Alan Franco, Wellington Rato e Pedrinho seguem o padrão de contratações que o técnico pôde pedir.
Jogadores lutadores, querendo crescer na carreira, mas com um perfil diferente da maioria que saiu do Morumbi dentro de campo. Competitivos, vibrantes, rápidos, principalmente na transição do meio para o ataque. E fazendo de Rafael o goleiro titular confiável, que o clube há anos busca.
O fracasso do clube em não conseguir sequer uma vaga para a Libertadores pesa no nível de atletas contratados.
Se o São Paulo disputasse a principal da América do Sul, haveria um esforço maior para a busca de jogadores consagrados. A direção teria justificativas para buscar novos empréstimos.
Agora, não há como.
Casares e Ceni seguem se comunicando com Lucas Moura. Seguem com pequena esperança que ele consiga convencer os dirigentes do Tottenham a emprestá-lo gratuitamente, com o São Paulo bancando 50% dos seus salários de R$ 2,2 milhões.
O jogador de 30 anos virou um dos reservas menos utilizados por Antonio Conte, no Tottenham.
Mas não está fácil porque a equipe britânica investiu 28 milhões de euros, atuais R$ 156 milhões, no Brasileiro, há cinco anos. Seu contrato terminará em junho de 2024. Empresários tentam negociá-lo com outra equipe menor europeia.
O veterano Rafinha, aos 37 anos, será o grande líder escolhido por Ceni.
O treinador outra vez terá de apelar para jovens garotos da base para completar o elenco.
Dirigentes tentam a busca de investidores no mercado.
Os estudos para a transformação do São Paulo em SAF, inclusive com a sonhada venda dos naming rights do Morumbi, segue mais do que adiantados.
Só faltam interessados.
A prioridade do São Paulo em 2023 estará, novamente, nas Copas.
Com o agravante que o Brasileiro é considerado uma competição perigosa.
Por conta da força de todos os rivais.
Principalmente com a concorrência séria dos clubes que voltaram da Série B.
O ano, outra vez, no Morumbi, começa preocupante.
Mas com o domínio total de um personagem no futebol.
Rogério Ceni...
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