Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Não é mais Dorival que depende do Flamengo para renovar. É o Flamengo que depende da vontade de Dorival de ficar em 2023

Treinador foi contratação 'de emergência'. Aceitou receber o oitavo maior salário do Brasil. Acabou com a complicação tática de Paulo Sousa. 'Casou' Gabigol e Pedro. Revolucionou a Gávea. Virou técnico de outro patamar

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Dorival Júnior levanta seu 12º troféu como técnico. O 'contrato de risco' deu mais do que certo
Dorival Júnior levanta seu 12º troféu como técnico. O 'contrato de risco' deu mais do que certo Dorival Júnior levanta seu 12º troféu como técnico. O 'contrato de risco' deu mais do que certo

São Paulo, Brasil

1. Abel Ferreira (Palmeiras): R$ 2,7 milhões por mês;

2. Vitor Pereira (Corinthians): R$ 1,9 milhão;

3. Luís Castro (Botafogo): R$ 1,7 milhão;

Publicidade

4. Cuca (Atlético Mineiro): R$ 1,5 milhão;

5. Renato Gaúcho (Grêmio): R$ 950 mil;

Publicidade

6. Rogério Ceni (São Paulo): R$ 650 mil;

7. Mano Menezes (Internacional): R$ 500 mil;

Publicidade

8. Dorival Jr. (Flamengo): R$ 450 mil;

9. Vojvoda (Fortaleza): R$ 400 mil;

10. Felipão (Atlético Paranaense): R$ 300 mil.

Dorival Júnior é apenas o oitavo maior salário entre os treinadores do Brasil. Recebe menos do que a metade do que Paulo Sousa embolsava, R$ 1 milhão.

Contratado às pressas, diante do fracasso do português na Gávea, a direção rubro-negra não quis apostar alto no técnico. Tanto que ofereceu apenas um contrato de seis meses. 

Havia sérias dúvidas se ele conseguiria controlar o bilionário grupo, repleto de estrelas, que havia empacado nas mãos do técnico português. Mais do que para tentar salvar a temporada, era uma tentativa para ganhar tempo. Até para os dirigentes escolherem outro treinador estrangeiro, já estavam fascinados ainda pelo trabalho de Jorge Jesus.

Dorival Júnior era conhecido do vice Marcos Braz, muito criticado pela contratação de Paulo Sousa e que também estava envolvido na campanha para tentar ser deputado federal. A cúpula rubro-negra não queria perder tempo, fizeram a aposta mais segura.

Na reunião entre Braz e Dorival, o vice do Flamengo ouviu o que queria. O técnico que estava no Ceará havia feito a leitura correta do que acontecia na Gávea. Os jogadores rejeitaram a estratégia "moderna" de Paulo Sousa, o 3-1-4-2. Era muita mudança para os atletas, acostumados a atuar no 4-4-2 de Jesus.

Dorival também tinha uma ideia que se mostrou simples, mas efetiva. Sem Bruno Henrique, com grave contusão, efetivou Pedro ao lado de Gabriel. O velho sonho da diretoria e da torcida.

O treinador de 60 anos explicou como convenceu os dois a formarem a excelente dupla.

"Quando cheguei, falei para o Gabriel: 'Com quem você jogava no Santos comigo?', e ele falou: 'Ricardo Oliveira'. Perguntei: 'E qual a diferença do Ricardo para o Pedro?'. Logicamente, cada um tem suas particularidades, mas são dois grandes centroavantes, não tenho dúvidas, cada um com seus fundamentos. E eu perguntei: 'Por que isso não pode acontecer aqui no Flamengo?'

"Eu até ouvi que a saída do Bruno Henrique provocou essa situação (de formar a dupla Pedro-Gabigol), mas em momento nenhum foi isso. Eu sempre disse que, para mim, poderiam jogar juntos Gabriel, Bruno e Pedro. Não sei quem sairia, mas os três poderiam jogar, até porque sempre priorizei o sistema ofensivo nas equipes pelas quais passei."

Encontrou Pedro desmotivado, inseguro, cansado de ficar na reserva e desperdiçar sua carreira.

"Na minha cabeça, o Pedro poderia jogar (como titular), sim. Falei para ele: 'Se você estivesse em qualquer outra equipe do futebol brasileiro, seria um dos pré-convocados'. Isso era há três meses, mas não tenho dúvida que ele estaria sendo relacionado em algumas convocações, pela capacidade que possuía.

"Agora, ele precisava despertar. Precisava do empurrão, da sequência, de ter condições. Falei para ele: 'Se você quer essa condição, vá buscar. Não vou te dar de mão beijada. Peça passagem em treinamento e você terá oportunidade'. E mostrou", disse Dorival a um podcast.

A meta da diretoria era ousada. A reconquista da Libertadores. Foi o treinador que deixou claro que a Copa do Brasil seria muito possível. Jogos eliminatórios como a competição sul-americana. E não escondeu para os dirigentes que, por maior que fosse o elenco, não haveria como exigir também a conquista do Brasileiro.

Palmeiras, Atlético, Internacional eliminados da Copa do Brasil ou da Libertadores teriam mais tempo para se focar no Campeonato Nacional. O que Dorival garantiria era uma vaga da Libertadores, na fase de grupos de 2023, caso não conquistasse a Copa do Brasil ou a Libertadores.

Abrir mão de uma competição não era o que o presidente Rodolfo Landim queria. Mas entendeu que seria um progresso enorme se o Flamengo conquistasse a Libertadores ou a Copa do Brasil, diante do caos que começou a temporada, com Paulo Sousa.

Dorival assumiu o Flamengo em 14º no Brasileiro. E conseguiu levar o clube à final da Libertadores. Venceu a Copa do Brasil.

E agora vive o outro lado da moeda.

O técnico sempre soube valorizar seu trabalho.

Ele quer seguir na Gávea, mas com um salário digno de treinador do Flamengo. 

Com um contrato de, no mínimo, um ano. E alta multa em caso de demissão. Com a possibilidade de escolher reforços junto com a diretoria. Não apenas aceitar o que os dirigentes enxergam como "grande possibilidade" no mercado.

A diretoria quer a antecipação da renovação.

Mas Dorival só deseja ter a conversa definitiva depois da final da Libertadores.

Ele sabe que, se houver a conquista, diante do Athletico, poderá pedir muito mais. Ser valorizado no mercado nacional. Até cotado para a Seleção Brasileira, por seu jeito conciliador, simples, e também por ter uma ótima visão tática.

Dorival Júnior ficou 428 dias afastado do futebol. Enfrentou tratamento para um câncer de próstata. Ficou de dezembro de 2018 até janeiro de 2020 longe do futebol. Submeteu-se à cirurgia e completou sua recuperação.

Aos 60 anos, vive o auge de sua carreira.

Virou o jogo até contra o Flamengo.

Será ele quem vai decidir se segue ou não na Gávea.

A começar pelo salário.

Se ficar, não será apenas o oitavo maior do Brasil.

Não mesmo...

Copa do Mundo: conheça os maiores artilheiros da história do torneio

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.