São Paulo, Brasil
A noite inesquecível que Messi viveu ontem na Argentina, deixou ainda mais constrangedora a situação de Neymar, desabafando não entender porque não é respeitado.
Seis vezes melhor do mundo, vencedor de quatro Champions, três Mundiais de Clube, dez campeonatos espanhóis.
Não havia conquistado nenhum título com a seleção argentina principal. Acumulou decepções como perder duas vezes a final da Copa América para o Chile.
E a maior delas, no Maracanã, na decisão do Copa do Mundo contra a Alemanha, em 2014.
O peso da sombra do sucesso do genial Maradona era enorme.
A cobrança era cruel.
Foi criticado nos fracassos, questionado, não tomou atitudes escandalosas, não forçou privilégios na Seleção Argentina, como levar amigos e parentes para concentração, hotéis fechados a jogadores. Não desafiou a imprensa, a torcida.
Não correu para as redes sociais pedir a cumplicidade de milhões de seguidores fanáticos, dispostos a aplaudir tudo o que faz, mesmo seus erros mais infantis.
Não levantou a camisa ao marcar gols, para mostrar o físico obrigatório de um atleta.
Seguiu com seu comportamento exemplar fora de campo, aprendido na cartilha do Barcelona. Não se expondo em farras, baladas, com bebidas, nas redes sociais.
Chegou a pensar em desistir da Seleção. E provocou uma comoção. Ele também é, disparado, o mais talentoso jogador de sua geração.
Até que veio a conquista da Copa América, que deveria ter sido disputada no seu país. A Argentina desistiu por conta da pandemia. E, liderando sua seleção, venceu o maior rival, o Brasil, em pleno Maracanã.
As lágrimas de alegria de Messi
Reprodução/TyCO reencontro de Messi com a torcida foi ontem, no Monumental de Nuñez. Antes, a partida contra a Bolívia. Ele deu um show particular, marcando três gols. Um deles espetacular. Com drible no meio das pernas de Hachin e chutou de curva, sem chance de defesa para Lampe.
Com os três gols, passou Pelé, como o maior artilheiro por uma seleção sul-americana, com 79 gols. O brasileiro, melhor jogador da história, marcou 77 gols.
Toda a genialidade de Messi dentro do campo é algo de domínio público, há 17 anos, quando começou sua carreira profissional.
Mas depois da partida veio uma cena que explica a enorme admiração mundial ao jogador em detrimento, por exemplo, a Neymar.
A Seleção Argentina resolveu fazer o que a pandemia impediu. Celebrar a conquista da Copa América.
E, lógico, a taça foi parar nas mãos de Messi. Ele fez questão de mostrá-la aos torcedores. E cantar com eles a vitória inesquecível no Brasil, no Maracanã.
E a emoção tomou conta do discreto genial jogador.
Nada de provocações, desabafos, vingança contra quem o cobrou, por anos e anos vestindo a camiseta argentina.
Não havia espaço para o rancor infantil.
Não estragou o momento todo especial de uma conquista.
Ele apenas chorou de alegria, felicidade.
Messi cantando e chorando com os torcedores. Sintonia perfeita com os argentinos
Reprodução/TyCMereceu ainda mais abraços, palmas, admiração do mundo.
Messi teve uma das melhores noites de sua vida.
Porque se permitiu ser feliz.
Se respeitou.
Respeitou a Seleção Argentina.
Respeitou os argentinos.
Respeitou os companheiros.
Respeitou a Comissão Técnica.
E até mesmo seus críticos.
E por isso é respeitado.
Messi valoriza a conquista. Chora pela alegria de vencer e não pelo rancor das críticas
Reprodução/TyCO seu legado daqui a 20 anos será de um profissional espetacular.
Dentro e fora de campo.
O futebol de Neymar é fabuloso.
Jogador espetacular.
Que ele preste muita atenção ao seu grande amigo Lionel.
Os dois estão juntos de novo, desta vez no PSG.
E talvez entenda o que ele precisa fazer para ser respeitado, como ele tanto quer.
Não há como não respeitar Lionel Messi...
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