O Palmeiras diminuiria salários do time se o patrocínio fosse reduzido
Reprodução/FacebookSão Paulo, Brasil
2010 a 2014 foram anos tensos para o Palmeiras.
O clube viveu seu segundo rebaixamento e fez campanhas pífias, com exceção da conquista da Copa do Brasil, que encaminhou a equipe à Segunda Divisão de 2013.
A dificuldade tinha origem na reconstrução do seu estádio, sufoco que o clube saiu porque conseguiu um acordo muito mais inteligente do que o feito pelo Corinthians, por exemplo.
Na Água Branca, a situação só melhorou de vez quando o bilionário Paulo Nobre resolveu colocar R$ 140 milhões do bolso e emprestou dinheiro ao Palmeiras, que presidia. Com juros de 1% ao ano. Abrindo a possibilidade de receber entre 10 e 15 anos.
Pechincha diante do que exigiam os bancos, com juros absurdos entre 24% e 30% ao ano
Foi excelente negócio para o clube.
E Nobre usou o seu próprio dinheiro como quis.
Aliás, no Palmeiras, desde a década de 90, muito dinheiro virou sinônimo de estabilidade política.
Isso começou em 1991, quando a Parmalat desembarcou no Palmeiras. Foram pelo menos oito anos em que muitos dólares vieram da multinacional. A parceria findaria em 2000, mas em 1999, os recursos pararam de vir.
O elenco fraco do Palmeiras, quando fechou acordo com a Parmalat
PalmeirasAs conquistas de dois títulos brasileiros, três paulistas, dois torneios Rio-São Paulo, uma Copa do Brasil, uma Copa Mercosul, uma Copa das Campeões e a Libertadores mostrou apenas um lado da parceria.
Do outro, foi um desperdício total. O clube não modernizou seu estádio, suas instalações. Seu CT era mediano, cópia piorada do rival São Paulo. Departamennto médico, fisioterapia, instalações para os jogadores eram atrasados, não condiziam com tanto dinheiro.
Mas o dinheiro da Parmalat, que proporcionou times que eram 'seleções' para Vanderlei Luxemburgo e, depois, Felipão, tranquilizou policamente o clube.
A convulsão voltou com a saída da multinacional italiana, com seus dirigentes enfrentando acusações de lavagem de dinheiro.
O Palmeiras se acostumou com vida de novo rico. E sentiu o baque de precisar andar com as 'próprias pernas'. Daí, dois rebaixamentos. Em 2002. E dez anos depois, em 2012.
Com os R$ 130 milhões de Paulo Nobre voltou a calma, porque se sabia que o novo estádio, apresentado como reformulado para pagar menos impostos, traria muito dinheiro.
Foi o que aconteceu.
Parmalat formou 'seleções'
Reprodução/FolhaA perspectiva de estabilidade do Palmeiras atraiu outros bilionários. O casal José Roberto Lamachia e Leila Pereira. Donos da Crefisa e da FAM. Foi Nobre quem sacramentou o patrocínio, em 2015.
Só que ao perceber a intenção política de Leila, de assumir a presidência, Nobre declarou guerra. Porque acreditou que seria o mentor, a força política no Palmeiras, como Andrés Sanchez é no Corinthians.
Mesmo fora da presidência, mantendo as principais decisões do clube nas suas mãos. Só que Lamachia e Leila deixaram claro que manteriam uma postura independente.
Daí o embate entre os bilionários.
Leila venceu e deu todo o suporte a Mauricio Galiotte, que era o sucessor 'de' Nobre. Mas fechou acordo com Leila.
A Crefisa queria exercer o mesmo poder da Parmalat, montar seleções para o Palmeiras. Mas acontece que conselheiros da oposição, ligados a Nobre, levaram a denúncia à Receita Federal. A 'doação' da Crefisa para o clube contratar jogadores importantes eram, na frieza da lei, empréstimos. Já que, se o atleta desse certo, a empresa receberia o dinheiro de volta.
A Crefisa foi multada. E o Palmeiras teve de devolver R$ 120 milhões à patrocinadora. Motivo que fez com que as contratações caríssimas minguassem.
Mas a empresa de crédito continua bancando o maior patrocínio da América do Sul, R$ 81 milhões por ano.
E Leila segue favorita na disputa da sucessão de Galiotte, mesmo com a disposição de Nobre brigar nas urnas.
Com a pandemia do coronavírus, a economia do mundo está parada.
O Brasil não é exceção.
Lamachia disse que previa perdas entre 20% e 30% de faturamento na sua empresa.
Patrocinadores têm feito acordos para deixar de pagar nestes meses sem futebol. Como aconteceu no Corinthians. Ou avisado que vão atrasar pagamentos, como fez a Adidas no Flamengo.
O presidente do Conselho Deliberativo do Palmeiras, Seraphim del Grande, disse, com exclusividade ao blog, que o clube esperava negociar 'em paz' com a Crefisa. Abrindo a real perspectiva até de uma diminuição no apoio financeiro por conta da da pandemia.
Nobre e Leila. Guerra entre bilionários segue viva. Bom para o Palmeiras
PalmeirasMas o clube de origem italiana é movido a paixão, rivalidade, intriga na política. A linha contrária a Leila logo se aproveitou da perspectiva de menos dinheiro. Em grupos de whatsapp e telefonemas deixavam claro que 'no momento que o Palmeiras mais precisa de apoio', o dinheiro será diminuído.
Leila soube da postura da oposição.
E decidiu agir.
Ir contra a maré.
Decidiu manter os pagamentos integrais.
A Puma, que tem um plano da internacionalização da marca Palmeiras, seguirá o mesmo caminho.
Crefisa parou de bancar contratações. Denúncia partiu dentro do Palmeiras
Reprodução InstagramCom o dinheiro da Crefisa garantido, Galiotte manterá a paz no clube, pagando os salários integrais aos jogadores.
Enquanto durar a pandemia.
Situação que, no cenário nacional, só o Flamengo mantém.
Os dois bancam folhas salariais que alcançam R$ 14 milhões, entre salários e direito de imagem.
São Paulo diminuirá em 50% os salários, por exemplo.
Com a confirmação do dinheiro da Crefisa, as mensagens de membros significativos da oposição sumiram.
Acabou a parceria entre Galiotte e Nobre. Viraram inimigos políticos
PalmeirasA calma voltou no confinamento.
E Galiotte poderá se focar na reunião de amanhã com dirigentes dos grandes clubes brasileiros, sobre a volta do futebol. E na quarta-feira verá o plano de retorno do Campeonato Paulista, articulado pela Federação.
Desde a Parmalat é assim.
Para domar a inquieta política palmeirense, só dinheiro.
Muito dinheiro.
Mesmo em tempos do coronavírus...
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