A diferença no placar não revela o que foi o jogo. O Palmeiras não jogou bem. Jailson teve de fazer inúmeras defesas, uma delas, espetacular, Victor Luis salvou uma bola em cima da risca. O Novorizontino teve quatro chances claras para marcar.
Mas um pênalti infantil do lateral Tony em Borja e uma falha bizarra de Oliveira definiram a partida. Perdendo por dois gols, o time de Doriva se entregou e tomou 3 a 0, em Novo Horizonte.
E os palmeirenses, donos da melhor campanha no Paulista, saíram na frente nas quartas de final. Agora podem até perder por 2 a 0, na sua arena, na quarta-feira, que estarão na semifinal. Com a melhor campanha, pronto para enfrentar o pior das quatro equipes que decidirão o torneio.
"Nossos jogadores cansaram e a gente deixou de pressionar um pouquinho quando o adversário entrava no nosso campo. Precisávamos pressionar um pouco mais para evitar que essa bola circulasse, como aconteceu em alguns momentos.
"A eficiência foi alta. Quando a gente sofre defensivamente, a gente tem um goleiro que atua, o Victor também salvou uma bola importante. O que valorizo muito é a eficiência", disse Roger, tentando amenizar tudo o que viu. A cobrança aos seus jogadores será interna.
O jogo foi muito mais difícil do que se previa. O elenco milionário palmeirense jogou de igual para igual com o econômico time interiorano. Culpa de Roger Machado e de Doriva. O Palmeiras não foi bem montado. O 4-3-3 que Roger tanto gosta, tem sacrificado o seu principal articulador.
Lucas Lima tem atuado como terceiro volante. O que chega a ser uma heresia. Todo seu talento fica sacrificado pela obrigação exagerada de fechar a intermediária. Está errado. Se o treinador quer esta situação, que tenha coragem. Coloque Moisés no lugar do meia. E deixe a o jogador que mais recebe no elenco, no banco de reservas. Porque Lucas tem graves problemas para marcar, recompor. Está jogando muito longe da área adversária.
O que Roger está fazendo com Lucas Lima é uma bobagem.
Esse erro do Palmeiras ajudou, e muito, os planos de Doriva. Ele tratou de montar seu time de forma mais equilibrada. O 4-4-2 mais versátil, com jogadores velozes e bem preparados fisicamente. Tinham vantagem importante de um homem a mais no meio de campo. Se faltava talento, o Novorizontino buscava compensar com garra, vontade.
E inúmeras triangulações pelas laterais e cruzamentos para a área. Outra vez ficou claro que bolas aéreas é um problema grave para a defesa palmeirense. Marcos Rocha, Antônio Carlos e Thiago Martins têm titubeado demais. Jailson teve de se virar. E muitas vezes não teve outra coisa a fazer a não ser torcer para que as cabeçadas do Novorizontino fossem para fora.
Quem decidiu essa partida e a classificação do Palmeiras para as semifinais do Paulista foram os jogadores do Novorizontino. Foi inacreditável. Quando o Novorizontino apertava o time da Capital, criava chances para marcar, Tony cometeu um pênalti que nem um garoto cometeria. Uma bola inofensiva foi levantada para a área, em direção a Borja. O colombiano não chegaria. Mesmo assim, o lateral resolveu dar forte ombrada nas costas do palmeirense. Pênalti que até os familiares do jogador do Novorizontino marcaria.
Dudu aceitou o presente. E cobrou forte, não dando chances para Oliveira. Palmeiras 1 a 0. O gol aos 20 minutos foi um choque para o time da casa. E deu tranquilidade exagerada à equipe de Roger. O time voltou para contragolpear, mas marcava muito mal o adversário. Várias bolas cruzaram a área de Jailson. A equipe grande parecia a interiorana.
Doriva sabia que era tudo ou nada. E fez seu time voltar do intervalo ainda mais determinado, avançou suas linhas e passou a pressionar a saída de bola palmeirense. Deu, no entanto, campo para contragolpes. Não tinha outra escolha.
E outra vez, mais pressão e gols perdidos por seu time. A falha de posicionamento da defesa palmeirense nos cruzamentos foi observada. E Jailson mostrou mais uma vez porque Fernando Prass e Weverton estão calados no banco. O goleiro fez grandes defesas, uma delas, espetacular, em uma fortíssima cabeçada de Safira. Em seguida, Victor Luiz salva em cima da risca, um toque de Cleo Silva.
A pressão estava imensa, com Jailson se desdobrando, quando Keno lançou Willian. A bola estava toda para Oliveira. Mas o goleiro se assustou com a chegada do atacante. Deixou a bola passar. Willian não desperdiçou a incrível falha. 2 a 0, Palmeiras, aos 31 minutos. O Novorizontino se abateu. Percebeu que tudo estava perdido.
Foi quando o Palmeiras se aproveitou.
Colocou a bola no chão, respirou. E ainda fez seu terceiro gol. Marcos Rocha levantou para a área, a bola bateu em Anderson Salles, e sobrou para chute fortíssimo de Keno. 3 a 0. Jogo e quartas de final liquidados.
Mas Roger Machado sabe.
Tem muito o que consertar.
Se estivesse diante de um time melhor, tudo seria diferente.
O Palmeiras é o líder absoluto do Paulista.
Mas está jogando mal.
Que ninguém se iluda...
