São Paulo, Brasil
"Se o futebol de verdade fosse como no videogame, e a gente pudesse ter todos os jogadores em forma e com a 'setinha para cima', quem seria o melhor do mundo? Com essa premissa, Neymar está em condições de clamar esse título
"É um jogador desequilibrante e inteligente como poucos, com uma visão de jogo excepcional e uma qualidade que transborda pelos poros. Ainda não está no auge físico, mas, no 1º tempo, ele dirigiu os bailes de contra-ataque de sua equipe contra o Bayern",
"Seu problema, porém, é que ele é igual aos docinhos de Natal que a vovó faz: são deliciosos, mas ela só faz uma semana por ano..."
A ironia foi do jornal espanhol Marca, logo após a vitória do PSG sobre o Bayern, por 3 a 2, em plena Munique, pelas quartas-de-final da Champions League.
Neymar deu duas assistências: a primeira para o primeiro gol de Mbappé e a segunda, para o gol de Marquinhos.
Sem dar entrevista após o jogo, no Instagram, foi econômico após o jogo.
"Lutar até o fim...", escreveu.
Ele sabe melhor do que ninguém o quanto sua carreira é contraditória.
Jogos excelentes dão lugar para jogos fracos, chiliques, brigas com adversários, discussões inúteis com árbitros.
Ele é um dos melhores do mundo, mas coloca tudo a perder por conta do ego.
Da postura infantilizada.
Mesmo aos 29 anos.
Daí a ironia e perseguição escancarada de grande parte da imprensa europeia, antipática ao egocentrismo de Neymar.
O primeiro tempo do brasileiro foi excelente.
Mesmo debaixo de neve.
Jogou coletivamente, com inteligência, visão de jogo diferenciada. Tanto que foi responsáveis pelos dois passes para o gol.
Na segunda etapa, se sujeitou a ajudar na marcação e não conseguiu dar as arrancadas ou articular com perfeição os contragolpes sonhados pelo técnico do PSG, Mauricio Pochettino.
Mas as assistências foram fundamentais para a surpreendente vitória, na reedição da final da Champions, vencida pelos alemães, em agosto de 2020.
Neymar foi bem.
Mas acabou ofuscado por Mbappé, autor de dois gols na partida.
O Bayern não perdia em casa há 34 jogos. Na Champions não era derrotado há 19 jogos.
O clube alemão sentiu demais a falta de seu artilheiro Lewandowski, com estiramento no joelho direito. Foram absurdos 31 finalizações do Bayern contra seis do time francês.
O domínio bávaro do jogo foi impressionante.
A partida decisiva será na próxima terça-feira, em Paris.
Enquanto o PSG vencia, Neymar era suspenso mais uma vez.
Ficará duas partidas fora do Campeonato Francês, por sua expulsão contra o Lille, quando discutiu, xingou e teve de ser contido por seguranças para não brigar com o lateral português Djaló, na partida que valia a liderança do torneio.
O PSG perdeu e, dos sete últimos jogos, Neymar ficará fora de dois.
No clube francês, em média, desde 2017, quando foi contratado, ele atuou em um jogo e ficou fora do outro.
Neymar chegou a 29 assistências na Champions. É o sexto na história da competição, empatado com Iniesta. Só perde para Cristiano Ronaldo, Messi, Di Maria, Giggs e Xavi.
Ele tem 41 gols.
Tudo isso em apenas 66 partidas.
Para deixar de ser comparado a 'docinhos natalinos' pela imprensa europeia, Neymar precisa de estabilidade.
Ele sabe o que o PSG espera que faça.
Como a Seleção Brasileira.
O único obstáculo segue sendo seu ego...
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