Shaylon abriu o caminho para a vitória histórica
Adriana Spaca/FramePhoto/Estadão Conteúdo - 19.8.2018São Paulo, Brasil
Depois de 11 anos, terminar o primeiro turno com líder do Campeonato Brasileiro. E mais. Com a sua melhor campanha em todos os tempos. 41 pontos, que nem o mais otimista dos são paulinos esperava em 19 partidas, em 2018.
Com 12 vitórias, cinco empates e apenas duas derrotas. Nada menos do que aproveitamento de 71,9% dos pontos.
E a vitória que consolidou a histórica campanha foi da maneira que Diego Aguirre quis. Sem abrir mão dos seus princípíos. Do que entende ser importante como treinador. Sempre pensando à frente. Mesmo agora disputando um só campeonato, o uruguaio optou por poupar jogadores fundamentais ao time.
Nenê, Reinaldo, Anderson Martins, Hudson e Rojas estavam no banco. Não por acaso. Guardando forças para começar o segundo turno com toda a possibilidade de vencer o Paraná, em Curitiba, na quarta e o Ceará, no próximo domingo. E seguir disparado em primeiro.
Porque Aguirre sabia da diferença técnica entre seu time e a Chapecoense. Não havia necessidade de expor todo seu principal elenco para conseguir os três pontos que garantiriam terminar primeiro turno do Brasileiro como líder.
A tranquilidade já chegou aos três minutos, quando o São Paulo usou o que tem de melhor, suas jogadas pelo lado do campo. Everton ajetou para Edmar que cruzou rasante, forte. Shaylon só empurrou a bola para as redes. 1 a 0 para o São Paulo.
O gol deu ainda mais tranquilidade para o dono da casa. Foi como se fosse uma senha para evitar o desgaste. O treinador uruguaio pediu para o time tocar a bola, sem pressa, sem grande ambição no placar. Não havia a necessidade de correr de maneira alucinada. Nem mesmo marcar por pressão time catarinense.
Não.
Tudo era cerebral até demais.
O São Paulo seguia com seu time compactado, fechando as intermediárias. Tentando atrair o fraco time da Chapecoense. Guto Ferreira não caiu na armadilha, porque que sabia que não poderia abrir sua equipe. E o jogo seguiu sem emoções. Com as duas equipes brigando muito no meio de campo, muita troca de bola, mas longe dos gols.
Partida monótona.
De propósito.
O que importava ao São Paulo era o pragmatismo dos três pontos.
Aguirre sabia que a equipe mista não tinha entrosamento. E o que ele queria era ocupar os espaços, travar a Chapecoense, administrar o gol de vantagem. Sem correria, com muita calma. De maneira escancarada, queria poupar seus atletas. Algo que exasperava os milhares de são paulinos no Morumbi, que sonhavam com uma goleada.
Na verdade, Aguirre queria manter o jogo o mais frio possível.
Esperar o tempo passar e confirmar a liderança.
Aguirre havia prometido fazer o São Paulo voltar a ser protagonista
Arquibancada TricolorTudo muito claro.
Ele sabia que a Chapecoense não oferecia perigo. Seus veteranos jogadores atuavam em três setores distantes, o meio de campo muito longe do ataque. E facilitava a marcação são paulina.
De nada adiantava o time catarinense ter 59% de posse de bola. Trocava bola na sua intermediária, sem o São Paulo acossar. Uma inutilidade.
Aguirre resolveu dar ritmo aos titulares e ainda agradar a torcida. Colocou Rojas, Hudson e Nenê. Com os três, a ambição voltou. Aos 37 minutos, Diego Souza tocou a bola para Hudson. O volante passou para Rojas e correu para a área. Recebeu a bola enfiada e bateu de primeira, sem chances para Jandrei.
São Paulo 2 a 0.
Festa completa no Morumbi.
41.075 são paulinos vibraram.
Liderança histórica assegurada.
E ânimo.
Para acreditar no título brasileiro.
Algo que foge há dez anos...
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