São Paulo, Brasil
O show de lamentações, palavrões e raiva de Andrés Sanchez foi uma mera tentativa de desviar o foco.
Fábio Carille não foi demitido logo após a vexatória derrota para o CSA, por 2 a 1, em Maceió, por um motivo simples. Faltam nove rodadas para o Brasileiro acabar.
Foi a sétima partida sem vitória do Corinthians.
Nas últimas três rodadas, o clube caiu uma posição ao final de seu jogo.
Já é o sétimo colocado no Brasileiro.
Andrés não quer buscar um treinador tampão e muito menos entregar o comando da equipe para o ex-jogador Fabinho, auxiliar de Carille. Nem buscar um técnico da base.
Ele acredita que deve manter Carille até o final do Brasileiro. Para não perder a chance de o clube chegar à Libertadores de 2020. O Corinthians precisa do dinheiro que envolve a maior competição da América.
Depois do Campeonato Nacional, apesar de ter contrato até o final de 2020, Carille não deverá seguir no clube. O descontentamento com o técnico é imenso.
O pensamento generalizado dos conselheiros e membros da diretoria é duro. Que ele não tem mais repertório tático para o fraco grupo que tem nas mãos.
E, pior, perdeu o comando dos jogadores. Eles andaram, aceitaram, apáticos a derrota para o humilde CSA.
Carille não quis dar entrevistas.
Uma demonstração de fraqueza que não combina com quem precisa ser o comandante do grupo.
Há a possibilidade de Carille pedir demissão.
Nunca esteve tão perdido na carreira.
"Se ele não quer falar, eu falo", disse o irritado presidente do Corinthians.
Andrés foi no lugar do treinador.
Ele mostrou de forma grossa, agressiva, o quanto está descontente com o trabalho de Carille. E com o comportamento dos jogadores.
"Carille está do jeito que eu estou, decepcionado, puto, triste.
"Lógico que pode vencer o Flamengo (domingo no Maracanã), mas jogando essa merda que está jogando não ganha.
"Temos que jogar mais, não podemos ser apáticos, parece que o time está de férias, e férias é só em dezembro.
"Faz seis ou sete anos que não ficávamos sem vencer há sete jogos. Se Carille tivesse perdido o vestiário, já tinha saído, lógico que ele tem.
"Não acho que falte comprometimento aos jogadores, mas a fase está ruim, se o jogador não se doar um pouco mais, vamos seguir na fase ruim.
"Sete jogos é um absurdo, uma vergonha para mim, para os atletas, para todo mundo, tem que reagir, não dá para ficar assim.
"Se eu falar que ele vai ser mantido, vocês vão dizer que o que a gente fala não vale. Vocês me conhecem. O clima? Você vê meu rosto. Estamos há três ou quatro jogos passando vergonha.
"Já vi time perder, mas se entregar não pode, está apático. Quem quiser sair de férias já pode. Eu pago o salário normalmente.
"Todo mundo tem culpa, mas quando ganha ou perde quem joga tem culpa. Não pode ficar neste marasmo. Cobrança tem todo dia, as pessoas tem que entender que não dá para mudar tudo.
"Só de todo mundo pedir férias aí colocamos o sub-20. Tem que ter mais gana, não dá para chutar cinco ou seis gols no gol. Está todo mundo em campo agindo como se estivéssemos de férias.
"O Corinthians está dando vergonha!"
Carille passou grande parte do jogo contra o CSA calado, tenso, entregue. Foi a imagem da tensão, da derrota em Maceió.
Não será surpresa se pedir demissão.
Andrés não quer demitir o treinador.
Pela multa e por não querer um técnico tampão.
Só que a pressão está imensa.
A derrota para o CSA foi simbólica.
O time só se defendeu, se encolheu diante de um adversário muito mais fraco.
E a sonhada classificação para a Libertadores está escorregando pelos dedos.
Carille está por um triz...