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Gay, mulher e sueca? O que importa é a competência de Pia Sundhage

A CBF finalmente deixa a xenofobia, o sexismo e o apadrinhamento de lado. E escolhe a primeira estrangeira para comandar a Seleção Brasileira Feminina

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Felipão entregou o prêmio de melhor treinadora do mundo a Pia
Felipão entregou o prêmio de melhor treinadora do mundo a Pia Felipão entregou o prêmio de melhor treinadora do mundo a Pia

São Paulo, Brasil

"Se as pessoas me perguntam sobre isso [ser gay], eu respondo que 'Sim, sou gay' e é assim que é.

"Nunca tive nenhum problema com isso sendo treinadora nos Estados Unidos ou em qualquer lugar.

"Era difícil quando eu tinha vinte e poucos anos na Suécia, mas mesmo naquela época eu não me importava.

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"Essa sou eu."

Direta, de maneira corajosa, a treinadora sueca Pia Sundhage expôs sua vida íntima ao site sueco, com notícias em inglês, The Local.

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Mulher, vencedora, bicampeã olímpica, sueca, 59 anos e gay.

Esse é o perfil da nova treinadora da Seleção Feminina de Futebol.

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A escolha de Rogério Caboclo é uma aposta de coragem.

A primeira barreira que foi rompida está no passaporte de Pia. Ele aponta que ela nasceu na cidade de Ulricehamn, na Suécia.

Presidentes da antiga CBD, atual CBF, nunca permitiram que um estrangeiro assumisse, de verdade, o comando das seleções de futebol.

Houve amistosos festivos, como quando o argentino Filpo Nuñes comandou o Palmeiras, que jogou com a camisa do Brasil, na inauguração do Mineirão, em 1965.

Caboclo entendeu que a xenofobia é uma bobagem. E o que a Seleção Brasileira precisa é do treinador mais competente possível. Tenha ele ou ela nascido onde quer que seja.

Os esportes olímpicos deste país já adotam essa lógica há anos. Muitas medalhas e o avanço na ginástica olímpica, no vôlei, no atletismo, por exemplo, é fruto da passagem de estrangeiros pelo país.

Sundhage chega assumir plenamente o cargo.

Com plano de trabalho para a Olimpíada de 2020, depois a Copa do Mundo de 2023, se tudo seguir dando certo, até os Jogos Olímpicos de 2024, em Paris.

Pia, bicampeã com os Estados Unidos, trabalho reconhecido internacionalmente
Pia, bicampeã com os Estados Unidos, trabalho reconhecido internacionalmente Pia, bicampeã com os Estados Unidos, trabalho reconhecido internacionalmente

Pia foi a escolhida por indicações das próprias jogadoras, por seu currículo vencedor. E por uma conversa que ela já teve com Caboclo. Ela esteve na sede da CBF por conta do seminário "Somos Futebol". E deixou excelente impressão sobre seu método de trabalho, a constante inovação que faz nos selecionados que comanda.

Marta, que jogou nove anos na Suécia, deu o seu aval. Ela acompanhou de perto o trabalho competente de Pia. 

Seu currículo é para desbancar qualquer homem brasileiro que já esteve no cargo.

Venceu as Olimpíadas de Pequim, em 2008, e Londres, 2012, comandando os Estados Unidos. Foi medalha de prata na Olimpíada do Rio de Janeiro, com a Suécia, em 2016.

Melhor técnica do futebol femino no mundo, em 2012. Vice campeã da Copa do Mundo, em 2011, com a seleção norte-americana.

Atual treinadora da Seleção da Suécia, sub-16.

Por uma questão de costumes e até machismo, a Seleção Brasileira Feminina sempre esteve fechada para comandantes mulheres. Emily Lima, foi exceção, mas ficou apenas dez meses no cargo. Só 17 partidas. Entrou em atrito com o coordenador Marco Aurélio Cunha e foi demitida.

Desde 1995, quando o selecionado de mulheres foi levado mais a sério, o Brasil teve nove treinadores. Oito homens: Zé Duarte, Renê Simões, Luiz Antônio, Jorge Barcellos, Kleiton Lima, Márcio Oliveira, Vadão. E a passagem relâmpago de Emily.

A escolha acontece agora de forma madura. Não o sexo pelo sexo. Mas pela competência, o trabalho de Pia é reverenciado mundialmente.

Em relação ao homossexualismo de Pia, deve ser tratado sem hipocrisia.

Caboclo ficou muito impressionado com Pia, no seminário da CBF
Caboclo ficou muito impressionado com Pia, no seminário da CBF Caboclo ficou muito impressionado com Pia, no seminário da CBF

Várias jogadoras da Seleção têm relacionamento com outras mulheres. Assumidos, com fotos nas redes sociais. Sem qualquer problema.

Com aceitação natural dos fãs.

As coisas são distintas.

Elas são convocadas para jogar futebol.

Como Pia será treinadora.

Não estará na CBF parar defender sua opção sexual.

Essa tem de ser uma questão menor.

O importante é reestruturar, fazer um trabalho com alicerce, com coerência na Seleção Feminina de Futebol.

Que Pia tenha liberdade de escolher seus auxiliares, possa implantar seu método de observação, escolha, tempo para formar um time.

Porque não será fácil.

O Brasil tem uma excelente geração que está terminando, com atletas com mais de 30 anos, como Marta, 33 anos, Cristiane, 34, Formiga, Bárbara, 31 anos, Formiga, 41 anos.

Há a necessidade de busca de novas atletas e mesclar com essas veteranas para a Olimpíada de Tóquio.

E, depois, formar uma nova seleção para os próximos anos.

O desafio de Pia é enorme, até pela descoberta real do futebol feminino no país.

Seu currículo mostra que ela está à altura.

Só precisará de estrutura.

E, principalmente, liberdade para trabalhar.

A escolha é excelente.

Os dirigentes da CBF que mereceram todo tipo de crítica ao longo de décadas, desta vez, precisam ser elogiados.

Trabalho de reformulação na Suécia também foi admirável. Marta é fã
Trabalho de reformulação na Suécia também foi admirável. Marta é fã Trabalho de reformulação na Suécia também foi admirável. Marta é fã

Tiveram a coragem de evoluir.

Saíram do atraso.

Deixaram a xenofobia e o sexismo.

E o apadrinhamento.

O que importa é a competência na Seleção...

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