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Edenilson assumindo o negro da pele. E mantendo a acusação contra o corintiano Rafael Ramos, de tê-lo chamado de macaco

A imagem foi simbólica, importantíssima no Beira-Rio. Edenilson, que sempre fugiu de questões raciais, para não 'ter problemas', marcou dois gols ontem. E decidiu, de vez, se posicionar contra o racismo

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Edenilson. Sem camisa. Sem medo de assumir o negro da pele. Vitória contra o racismo
Edenilson. Sem camisa. Sem medo de assumir o negro da pele. Vitória contra o racismo Edenilson. Sem camisa. Sem medo de assumir o negro da pele. Vitória contra o racismo

São Paulo, Brasil

"Tenho muito orgulho da minha cor e de todas. Somos todos iguais. Tenho orgulho da minha educação. Peço desculpas pois sou leigo nesse assunto. Nunca fui de me interessar como poderia e deveria. Depois de sentir na pele como foi, tenho certeza de que me interessarei e me expressar mais para defender a minha cor"

"Foram dias difíceis, estranhos. Fui bastante julgado, chamado de mentiroso, surdo, mas eu ouvi. Bem complicado os fatos serem distorcidos. As imagens estão ali para ser analisadas. A única coisa que espero é que não me julguem.

"Não quis dar entrevista por respeitar a carreira do rapaz (Rafael Ramos). Não quis estragar a carreira dele, apesar de não entender o motivo do xingamento. Queria ouvir um pedido de desculpas, que assumisse o erro. Iríamos ao delegado e ele teria uma pena menor se assumisse a culpa."

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O destino não poderia ser mais generoso para Edenilson.

Ele ganhou o melhor palco para romper o silêncio à imprensa, para a gravíssima acusação que fez a Rafael Ramos. A de chamá-lo de 'macaco', na partida entre o Internacional e Corinthians, sábado passado.

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Edenilson marcou os dois gols ontem contra o Independiente Medellin, pela Copa Sul-Americana.

Foi muito emocionante.

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Ao marcar o primeiro gol, ele fez questão de tirar a camisa.

Capitão do time, sabia que tomaria cartão amarelo.

Mas o que importava era mostrar a negritude da sua pele.

Se assumir negro, que é igual a branco, a amarelo, a vermelho.

Ele fechou o pulso direito e levantou seu braço em protesto.

Como faziam os negros nos Estados Unidos, na década de 60, contra a segregação racial.

Aos 32 anos, Edenilson sempre fugiu desta questão racial.

Não queria estar envolvido nesta questão tão problemática.

Gaúcho, de Porto Alegre, passou pelo Guarani de Venâncio Aires, pelo Caxias. Foi comprado em 2011 pelo Corinthians. Acabou campeão da Libertadores e Mundial, na reserva. Mas sempre foi um jogador muito útil. Por 3,5 milhões de euros, cerca R$ 18,4 milhões, foi para a Udinese. Mal chegou e foi emprestado para o Genoa. Até que, em 2017 foi emprestado para o Internacional, que o comprou em 2018, por R$ 6 milhões.

Edenilson segue garantindo que foi chamado de 'macaco' por Rafael Ramos. 'Não sou mentiroso ou surdo'
Edenilson segue garantindo que foi chamado de 'macaco' por Rafael Ramos. 'Não sou mentiroso ou surdo' Edenilson segue garantindo que foi chamado de 'macaco' por Rafael Ramos. 'Não sou mentiroso ou surdo'

Edenilson assume que sempre fugiu de questões envolvendo o racismo.

Até que no sábado foi, de acordo com ele, chamado de 'macaco'.

Aí, sentiu na pele o preconceito.

Várias entidades ligadas ao combate ao racismo querem entrar em contato com o jogador. Para que ele assuma de vez o papel de um dos representantes do movimento.

Edenilson não quer que a questão atrapalhe sua carreira.

Mas ele decidiu se posicionar, mudar sua postura passiva diante do preconceito.

A atuação marcante de Edenilson ontem serviu também para pressionar ainda mais a Polícia Civil, que busca provas para acusar formalmente Rafael Lemos de 'injúria racial' contra o meio-campista do Internacional.

Mal marcou o primeiro gol, Edenilson corre para tirar a camisa. Gesto simbólico, forte, marcante
Mal marcou o primeiro gol, Edenilson corre para tirar a camisa. Gesto simbólico, forte, marcante Mal marcou o primeiro gol, Edenilson corre para tirar a camisa. Gesto simbólico, forte, marcante

A diretoria do clube gaúcho continua firme no apoio ao jogador.

E Edenilson garante que não recuará.

Sentiu, da pior maneira, a dor do preconceito racial.

E não se calará...

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