Desrespeitoso, protetor de Daniel Alves, prisioneiro do esquema. Diniz tinha de sair
Rubens Chiri/São PauloSão Paulo, Brasil
Acossado por revoltados conselheiros que o elegeram, o presidente Julio Casares decidiu agir.
Em rápida reunião nesta segunda-feira pela manhã, ele despachou Fernando Diniz e Raí.
O treinador que fracassou no Paulista, na Libertadores, na Sul-Americana, na Copa do Brasil e também era responsável pela inércia, diante da vergonhosa decadência do time no Brasileiro, foi mandado embora do São Paulo.
Apesar de o time não estar reagindo, ele se recusava a pedir demissão, por conta da multa rescisória.
Queria recebê-la antes de partir.
As cinco últimas partidas no torneio nacional serão comandadas por um interino.
Raí foi um grande jogador, dos maiore ídolos do São Paulo.
Mas como executivo se mostrou um poço de incoerência e insegurança.
Casares, sua diretoria, conselheiros, funcionários e até a equipe de limpeza do clube, menos Raí, perceberam.
Fernando Diniz perdeu o comando do time.
Suas ordens não surgiam mais efeito algum, principal motivo de o clube acumular sete partidas sem uma única vitória.
De 18 pontos, só conquistar dois.
Foram vários fatores.
Como não apresentar nova maneira de jogar. Insistir na previsível, e irresponsável, saída de bola por baixo. Troca de posições de Sara e Igor Gomes. Luciano flutuando. Brenner enfiado na área. Reinaldo liberado para atuar como ponta. Luan fixo na entrada da área protegendo a zaga. Juanfran, enquanto seu fôlego permitir, tentando apoiar e defender.
E Daniel Alves, grande privilegiado, correndo solto pelo meio. Sem obrigação de marcar, de articular. Como se jogasse uma pelada em uma das mansões que possui.
Aliás, a proteção ao veterano, que fará 38 anos em maio, é um dos maiores ingredientes para a perda do comando de Diniz.
Jogadores detestavam a proteção a Daniel Alves, ótimo lateral, e jogador comum, quase inútil, mero burocrata, 'carimbador de bola' como meio-campista.
Além dele, a maneira estúpida com que Fernando Diniz, psicólogo formado, trata alguns atletas. Como Luciano e Tchê Tchê. Aos palavrões, ofensas morais. Gritadas durante os jogos, transmitidas para todo o país.
Ele desmoralizou principalmente o meio-campista. Sua família ficou absolutamente abalada com agressividade 'de cima para baixo' de Fernando Diniz. Se o treinador não fosse demitido, o jogador pediria para sair do São Paulo.
Fernando Diniz foi uma enorme desilusão.
Ele chegou para substituir Cuca.
Raí e Leco se submeteram a Daniel Alves, que o via como o treinador mais moderno, mais 'europeu' do Brasil.
Dizia que não deveriam se preocupar com as conquistas, com os resultados, que Diniz não tinha. Mas com o futebol bem jogado, com a estratégia ousada, com a proposta de jogo. Que naturalmente, o São Paulo iria acabar vencendo campeonatos.
Raí e Fernando Diniz. Se apoiaram o quanto puderam. Daniel Alves sabotou os dois
São PauloDaniel Alves é o atleta com mais títulos no futebol mundial.
Sim, mas jogando em equipes importantes como Barcelona, Juventus e PSG. Nas quais jamais foi protagonista. Era mero coadjuvante.
E lateral...
Cuca perdeu seu emprego ao querer que ele jogasse onde se consagrou no futebol mundial. E não como um peladeiro no meio-campo.
Foi assim que Diniz desembarcou no Morumbi, no dia 26 de setembro de 2019.
A primeira atitude que tomou foi agradecer Daniel Alves.
Sabia que fora 'contratado' por ele.
E garantir que o veterano seria seu camisa 10, capitão e meio-campista 'intocável'. Por mais que jogasse mal, o técnico não o tirava de campo, não o substituía. Situação bizarra, vexatória. E que atingia todo o grupo de jogadores são paulinos.
Aliás, como era de se esperar, Daniel Alves usou seu instagram para defender seu protetor Fernando Diniz, após a derrota para o Atlético Goianiense.
Em uma tentativa desesperada de evitar sua demissão.
"Falar é o que menos apetece em momentos como esse, mas não posso deixar passar em branco o momento.
Os últimos resultados são horríveis para um time que trabalha tanto.
"Mas vou estar sempre na linha de frente como sempre falei e como sempre fiz, nunca estarei escondido atrás de nenhum resultado ou momento.
Aqui somos todos responsáveis pelo momento futebol do SPFC nao apenas nosso staff representado pelo nosso líder (Diniz)
"Futebol existe coisas inexplicáveis muitas vezes e em outras pra os que tem uma certa consciência nesse mundo, muito fáceis de detectarem porém algumas vezes difíceis de resolverem.
"Fiquem à vontade pra expressarem seus sentimentos e suas angústias, dificilmente eles serão comparados aos dos que vivem de verdade esse mundo.
"Não desistiremos nuncaaaaa.
"Até o final estarei no propósito com o meu sonho, lutando como fazem os homens que sabem o que isso significa."
Lembrando que um novo treinador pode acabar com a mordomia de Daniel Alves.
A de atuar no meio-campo para se poupar fisicamente.
Sonhando com a Copa do Mundo do Catar.
Aliás, o jogador que recebe R$ 1,5 milhão por mês é muito contestado na diretoria.
E há pessoas importantes no Morumbi que defendem a rescisão, a dispensa do jogador.
Assim que o Brasileiro acabar.
O gerente Alexandre Pássaro, que defendia Diniz, já foi despachado.
O executivo de futebol, Raí, foi também demitido.
Estava no cargo por estar, sem voz de comando.
Tinha de ter ido embora antes.
Não passar pela humilhação de ser mandado embora hoje.
O clube tentou preservar sua imagem de ídolo.
Publicando que ele pediu para sair.
Rui Costa foi contratado na semana passada.
Casares estuda o nome de novo treinador desde que assumiu.
Quer Ceni, se não ficar no Flamengo.
Mas há o sonho de Gallardo.
Miguel Ángel Ramírez, se o Inter mantiver Abel Braga, e descumprir a palavra empenhada com o espanhol.
São Paulo deprimente contra o fraquíssimo Atlético Goianiense. Derradeiro vexame de Diniz
CARLOS COSTA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDOAlém dos eternos defensores de Diego Aguirre.
Mas algo está decidido.
Depois de 17 meses depressivos, Fernando Diniz foi, finalmente, mandado embora.
Assim como Raí.
O São Paulo buscará contratar um comandante.
Não um técnico submisso diante de Daniel Alves...
Diniz é 14º técnico no comando do São Paulo nos últimos seis anos
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