São Paulo, Brasil
"Na temporada passada, com o Santos, nós também trouxemos o segundo jogo com a LDU para casa, ainda que tenhamos perdido; trouxemos o segundo jogo com o Grêmio para casa; e trouxemos o segundo jogo com o Boca para casa.
"E deu certo, mesmo sem torcida. É uma pequena vantagem, mas é uma vantagem. Às vezes, faz a diferença
"Tem River, São Paulo e outros que podem se classificar em segundo. Isso é uma pequena vantagem que você tem, de trazer o segundo jogo para casa. Para isso, a gente fez uma primeira etapa muito boa."
Essa foi a contida comemoração de Cuca.
Mas, na verdade, ele conseguiu um feito invejável ontem no Mineirão. Fez com que o Atlético, extremamente ofensivo, goleasse o Deportivo La Guaira por 4 a 0. E terminasse a fase de classificação da Libertadores na primeira colocação.
A posição é muito importante. Porque garante ao Atlético a vantagem de decidir em casa os jogos eliminatórios até a semifinal da competição. A final será em jogo único em Montevidéu.
Cuca conseguiu pela terceira vez esse feito. A primeira foi com o Cruzeiro em 2011, com o Cruzeiro. A segunda foi com o próprio Atlético, em 2013, quando foi campeão. E na Libertadores de 2020, foi o segundo colocado na geral, com o limitado Santos.
"O Atlético está uma equipe equilibrada. Atribuo ao equilíbrio. No geral, temos uma posse de bola maior do que o adversário. E não temos tomado gol. O que é importante para o equilíbrio", disse o treinador.
Seu time chegou a 16 pontos, com cinco vitórias e um empate.
O Atlético marcou 15 gols e só sofreu três.
Foi campeão mineiro no domingo e ontem garantiu o primeiro lugar na classificação geral.
Cuca conseguiu, depois de um início tumultuado, difícil de trabalho, a união no elenco de R$ 140 milhões que o Atlético montou.
Foi fundamental o acordo de paz entre ele e Hulk.
O jogador mais midiático do elenco estava irritado por jogar pouco.
"Queria estar no meu melhor nível. Não é só fisicamente, precisa de confiança, minutos jogados e não estou tento isso. Preciso de jogos, ritmo e confiança para apresentar meu melhor futebol. Desde que o professor Cuca chegou não tive uma sequência de três ou quatro jogos seguidos", reclamou o atacante, logo após a partida contra o Athletic, pelo Mineiro.
Era o dia 24 de abril. Há um mês e dois dias.
Depois dessa reclamação pública, houve uma conversa entre o técnico e o jogador. Cuca deixou claro que Hulk precisava melhorar fisicamente, já que os treinos na China são muito mais leves que no Brasil. E que também tinha de respeitar os companheiros que estavam sendo escolhidos como titulares. Além de respeitar a sua decisão sobre quem é titular ou não.
Hulk entendeu o ato egoísta. Pediu desculpas publicamente ao treinador.
E tudo mudou no Atlético.
Com Hulk mais leve, mais magro, mais ágil, ele se firmou como titular.
Cuca o deixa atuar à vontade, não fixo entre os zagueiros, como no início do trabalho dos dois.
E o atacante se tornou ontem artilheiro da Libertadores, com seis gols. Com a média de um gol por jogo.
Cuca também tratou de permitir a Nacho Fernández seja o cérebro do time, com liberdade para atuar como fazia no River Plate, articulado os ataques atleticanos.
Savarino também está cada vez melhor, se movimentando, abrindo espaços e servindo principalmente Hulk.
Cuca tem sido inteligente ao fazer prevalecer o jogo coletivo.
Ele sabe que tem um elenco muito forte e com jogadores importantes. Ele tem dado chances a todos jogadores mais importantes e caros, que a direção contratou.
Everson; Guga, Rabello, Alonso e Arana; Allan (Hyoran), Tchê Tchê (Zaracho), Nacho (Nathan), Savarino (Vargas), Marrony (Sasha) e Hulk. Esses foram os jogadores que golearam ontem.
Cuca conseguiu.
Montou uma equipe competitiva.
Com esquema moderno, usando muito o lado físico, a intensidade.
Mas, o mais importante, conseguiu domar os egos.
O Atlético tem elenco muito forte.
E com os atletas unidos, mostrou o melhor futebol nesta fase de grupos.
Merece a melhor campanha.
Chega muito forte na fase eliminatória.
Venha o adversário que vier.
E com a grande vantagem de decidir em casa...
Dono do City tem iate de R$ 3 bi, é sócio da Ferrari e amigo de DiCaprio