São Paulo, Brasil
A direção do Atlético Mineiro decidiu.
Vai confirmar Cuca como seu treinador.
Com contrato de dois anos, com a possibilidade de um terceiro.
O anúncio não foi feito porque o técnico vive outra drama.
Sua mãe, Neide Stival, está internada com Covid, em Curitiba.
Ele segue acompanhando o tratamento, a busca de recuperação.
Enquanto isso, a cúpula atleticana vai enfrentar a pressão popular.
Os protestos e campanhas nas redes sociais contra Cuca.
Foi até criada a campanha #Cucanão, por conta de uma condenação por ato sexual com uma menina de 13 anos na Suíça, em 1987.
Ele foi condenado a uma pena de 15 meses de prisão.
O julgamento foi à revelia, em 1989.
Em vídeo, Cuca negou qualquer participação no estupro coletivo, já que estava acompanhado por Henrique, Fernando e Chico. Todos atuavam no Grêmio à época.
Chegaram a ser detidos. Mas acabaram liberados para aguardar o julgamento. Só que nenhum dos quatro voltou à Suíça. Daí terem sido julgados à revelia.
O ex-dirigente e advogado que conseguiu liberar os jogadores, Luiz Carlos Pereira Silveira Martins, garante que Cuca não teve participação alguma. Confirmou que um jogador manteve relação sexual com a menina, mas não o treinador.
"Ele não cometeu nenhum ato de estupro e não manteve relação com a menina. Sempre manteve uma postura absolutamente correta. Eu não seria capaz de defender uma pessoa tantos anos depois que tivesse cometido um estupro", disse ao UOL.
Cuca jamais voltou à Suíça e a pena foi prescrita em 2004.
É exatamente este o argumento, a prescrição da pena, que faz com os bilionários Rubens Menin, dono da construtora MRV, e o dono do banco BMG, Ricardo Guimarães, queiram manter a escolha de Cuca.
O executivo Rodrigo Caetano também segue no mesmo caminho: que Cuca é a melhor solução. E que o clube não pode recuar, diante da pressão de alguns torcedores.
Uma das justificas de Caetano para Menin e Guimarães é que Robinho estava condenado na época que acabou saindo do Atlético Mineiro, por um estupro coletivo cometido na Itália. O atacante foi para a Turquia, depois de forte pressão pela condenação do ato que aconteceu em 2013.
Cuca, não.
Ao contrário de Robinho, ele segue repetindo que não fez 'absolutamente nada'.
O treinador gravou um vídeo, ao lado da esposa e duas filhas, no qual garantiu sua inocência.
"Eu quero treinar ainda grandes equipes, mas não quero nunca ser um cara mal falado. Prefiro ficar na minha casa à sair aí e achar polêmica, problema. Minha vida é baseada nesses conceitos, que são família, fé em Deus e ser uma pessoa honesta e íntegra."
A postura da direção do Atlético segue firme.
Não abre mão do técnico.
Tanto que, não por acaso, foi vazado uma troca de mensagens entre o presidente do clube, Sérgio Coelho, e o conselheiro e desembargador Alexandre de Carvalho.
O desembargador garante ao dirigente que não obstáculo legal algum para a contratação de Cuca.
"Não há no ordenamento jurídico brasileiro pena de morte. Ou prisão perpétua. Nem pena de censura perpétua."
O presidente agradece o parecer jurídico de Alexandre de Carvalho.
A negociação está feita.
Vai ser anunciada.
A direção acredita que as pessoas que rejeitam o técnico irão desistir.
Ao ver que ele foi realmente contratado.
A apresentação de Cuca e o início do trabalho,dependem da recuperação de sua mãe.
E, a princípio, ele não quer falar mais da condenação por estupro.
Só que a pressão nas redes sociais continua.
Apesar da situação ter acontecido há 34 anos...