São Paulo, Brasil
"Primeiro, que eu trabalho com ele todos os dias."
"Ele gosta de [treinar] finalização. Às vezes, trabalho isoladamente com ele com 15 ou 20 bolas no fim do treino para fazer porque ele já tem esse talento e aprimorando é a única maneira de evoluir. Onde ele vai chegar é onde os desejos, onde os sonhos, onde ele estiver disposto a se entregar."
"Acho que ele já está em um lugar fantástico e pode progredir cada vez mais com gols, histórias e títulos. Fiquei muito feliz hoje de poder vê-lo como capitão do time, apesar de ser jovem e um cara mais extrovertido."
"Mas levou com seriedade, teve um discurso bacana, teve uma postura boa dentro de campo. Fiquei muito feliz pelos gols dele e pelo resultado, pela maneira que ele se comportou."
A declaração pública de admiração foi de Rogério Ceni a Gabigol, depois de nova vitória diante do Volta Redonda, pela semifinal do Carioca.
Depois de 3 a 0 no estádio do Volta Redonda, o Flamengo goleou por 4 a 1, no Maracanã.
7 a 1 nos resultados agregados.
E está na final do Carioca de 2021.
Os placares não mostraram apenas a diferença técnica, tática e física entre os dois times.
Mas a seriedade com que o Flamengo encarou o Estadual.
E na busca do tricampeonato carioca, Rogério Ceni revive com Gabigol um velho costume que o acompanhou nos 25 anos que jogou no São Paulo.
O treinamento à parte, o não exigido pelo treinador.
"Eu chegava sempre antes dos demais e era o último a ir embora. Treinei muito. Eram de 2.500 a 3 mil faltas por mês. Antes de colocar em prática num jogo, treinei mais de 15 mil faltas", dizia, sério, Rogério Ceni, há dez anos.
Na época, a fisiologia, a biomecânica e a medicina esportiva não estavam tão avançados. Se estivessem mostrariam o quanto é prejudicial esse exagero.
Ceni sempre foi perfeccionista, obcecado em melhorar.
Por isso, ao notar o esforço de Gabigol, em voltar a se firmar como o artilheiro do Brasil, o treinador o está estimulando a treinar a mais, como ele mesmo fazia. Daí a melhora no aprimoramento das finalizações.
Daí mais dois gols ontem.
O atacante chegou a 81 gols e 26 assistências em 112 jogos pelo Flamengo.
Em 2021, são 11 gols em dez partidas.
Só Diego Souza, do Grêmio e Pedro Perotti, da Chapecoense têm um a mais, 12 gols.
Rogério Ceni também aproveitou a partida contra o Volta Redonda para dar a faixa de capitão ao jogador.
E ficou claro seu controle. O quanto reclamou menos da arbitragem. Estimulou companheiros, deu assistência para o gol de Michael. Teve uma ótima atuação.
A parceria entre Gabigol e Ceni está cada vez maior.
Como quando o treinador o substituiu aos 26 minutos do segundo tempo, o jogador fingiu reclamar e deu um abraço no treinador.
Muito compenetrado na partida, Ceni retribuiu, mas logo voltou sua atenção à partida.
O entrosamento entre os dois é muito grande.
E a admiração mútua está crescendo.
"Eu tenho aprendido muito com ele. O Rogério Ceni é um espelho para nós. Está sempre no CT trabalhando. Ele já ganhou tudo. E nos passa sua experiência. Ele está aqui para nos ajudar. E nós estamos para ajudá-lo", resume Gabigol.
A parceria está afinada.
E levou o Flamengo a outra final.
Desta vez do Carioca 2021...
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