São Paulo, Brasil
"O Santos. De Pelé, de Neymar..."
Esta são as frases mais comuns ditas por um estrageiro, quando é perguntado sobre um clube brasileiro.
O Santos segue sendo a equipe mais conhecida fora do país.
Há ainda uma aura de magia do bicampeonato mundial, do tricampeonato da Libertadores.
A realidade é bem diferente nos últimos anos.
O clube deve cerca de R$ 550 milhões.
Enfrenta problemas graves para manter o salário em dia dos atletas.
Sofreu sanções da Fifa, por calote.
E ainda pode vender seus principais jogadores.
Marinho e Soteldo.
Mesmo assim, o treinador Ariel Holan, de 60 anos, aceitou o convite.
Fechou contrato longo, até dezembro de 2023.
Ele venceu o Campeonato Chileno de 2020, com o Universidad Católica.
E a Copa Sul-Americana, de 2017, com o Independiente.
É um argentino apaixonado pela ofensividade.
A desenvolveu no hóquei, quando levou a Seleção Argentina Femina à medalha de bronze nos jogos Pan-americanos de 2003.
Tem enorme diferença em relação a Jorge Sampaoli, que comandou o Santos em 2019.
Holan não poderá alegar, como seu compatriota, que foi 'enganado' pelos dirigentes.
Ele tem a plena consciência, e assume, que receberá um elenco fraco.
E que terá de apelar para os jogadores da base.
Garotos inexperientes terão espaço muito maior do que o recomendável.
Por pura falta de dinheiro.
Sampaoli chegou à Vila Belmiro iludido.
Acreditava que seria montado o melhor time do Brasil.
Em grande parte pelo que ouviu da antiga diretoria.
Vale a pena prestar atenção na primeira declaração de Ariel Holan como novo treinador santista.
"Estou muito feliz em dirigir o Santos, um clube com tantos craques, como Pelé e Neymar.
"Será um desafio participar de uma das ligas mais equilibradas do mundo, mas confio plenamente que vamos entregar um bom resultado para a torcida, com mentalidade ofensiva, e que os jogadores mais novos serão aproveitados com os mais experientes. Sei que é uma responsabilidade muito grande, mas estou animado", disse.
Lógico que ele precisa se mostrar animado.
E realmente está.
Mas não tem o direito de se iludir.
Nem iludir os torcedores.
"Confiamos plenamente em fazer um grande trabalho. Quero que vejam uma equipe com identidade clara de futebol, com mentalidade ofensiva. E que os jovens se entrosem com os mais experientes e, entre eles, façam crescer o time como já faziam. É uma responsabilidade grande, mas tomara que a gente possa fazer isso", disse à TV oficial santista.
"O Brasileirão é uma das ligas mais importantes do mundo, pela qualidade das equipes, treinadores e jogadores. É um dos desafios mais importantes que se pode ter na América. É um desafio extraordinário na minha carreira. Eu sonhava em disputar o Campeonato Brasileiro. Estou muito feliz por fazer isso em um clube com a trajetória e envergadura do Santos."
Trajetória e envergadura.
Ele tem toda a razão.
O problema está no potencial financeiro do clube.
Incapaz de buscar reforços poderosos e necessários.
O trabalho de Cuca foi sensacional.
Com um elenco limitado.
Ariel não terá jogadores fundamentais que levaram o Santos ao vice-campeonato da Libertadores.
Ele não terá vida fácil na Vila Belmiro...