São Paulo, Brasil
Abel Ferreira estudou muito bem Jorge Jesus.
O trabalho vitorioso no Flamengo de 2019.
E entendeu que o motivo das conquistas da Libertadores, do Brasileiro, ao mesmo tempo, se deveu à coragem.
Jesus enfrentou algo que se estabeleceu no futebol deste país.
O rodízio.
Lógico que não foi em uma temporada disputada em plena pandemia.
Mas o princípio básico se impôs.
Os jogadores brasileiros têm condições de entrar mais vezes em campo.
A certeza do ex-treinador do Flamengo vinha na NBA.
Uma temporada regular de um time campeão tem, em média, 100 partidas na temporada.
Os jogos do Brasileiro são 38.
13 na Libertadores, até a decisão.
Estaduais têm, em média, mais 16.
Copa do Brasil, mais oito, se o clube vier direto da Libertadores e chegar até a decisão.
O resultado já chegaria 75 jogos.
Fora Florida Cup, Recopa Sul-Americana, Supercopa do Brasil.
Há um exagero, mas Jorge Jesus mostrou que é possível manter pelo menos 80% do time e disputar para valer os jogos.
E é o que Abel está fazendo no Palmeiras.
Colocou seu time titular contra o Grêmio. Para vencer, acumular três pontos no Brasileiro, que ele valoriza muito. Sua equipe teve chance de golear no primeiro tempo. Cansou e tomou o injusto empate.
Diante da tabela alucinada, na segunda-feira já há o clássico contra o Corinthians, no Allianz. O treinador português sabe que terá pela frente o maior rival do seu clube.
E apostará de novo nos titulares. Poupará apenas quem não estiver suportando a maratona.
Usará o mesmo critério na quinta-feira, quando terá o Flamengo, que briga pelo título e é o clube mais popular do Brasil, em Brasília.
Os jogadores do Palmeiras estão avisados e concordam com Abel.
Faltam dez partidas no Brasileiro.
Uma na Libertadores, a final.
Duas na Copa do Brasil, as da decisão.
São 13 jogos que podem garantir três títulos.
O que seria fabuloso.
Lembrando que o Palmeiras já venceu o Paulista nesta temporada ensandecida. E também a disputa amistosa nos Estados Unidos, a Flórida Cup.
Ou seja, o atual elenco está fazendo história.
Por isso, o Núcleo de Saúde e Performance jamais foi tão importante no clube.
Abel Ferreira tem cada detalhe do estado atlético e até das possibilidades de contusão dos seus jogadores.
E sabe que a maioria suportará.
O treinador também apela para a parte psicológica.
Sabe do desgaste, da tensão.
Ele considera fundamental a preparação mental para os jogos.
E faz questão de usar os princípios básicos da psicologia esportiva com seus atletas.
Algo comum na Europa.
E que Jesus usou muito bem.
A diretoria fez sua parte, antecipando o jogo contra o Vasco, do dia 27 de janeiro, para o dia 26. Para que o time tenha quatro dias antes da decisão da Libertadores contra o Santos, no dia 30, no Maracanã.
Há um pacto entre os atletas e Abel Ferreira de repouso absoluto entre essas treze partidas.
Estão todos conscientes que vão decidir dois títulos.
E o terceiro ainda é possível, o Brasileiro.
Ninguém quer seu poupado nesta próxima semana.
Com Corinthians e Flamengo pela frente.
Jorge Jesus mostrou o caminho.
E Abel Ferreira o está seguindo.
Poupar o mínimo possível.
Fazer da ambição a grande motivação.
Para os portugueses, é claro.
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