As 11h45, o site do jornal O Tempo, de Belo Horizonte, terra do médico Rodrigo Lasmar, deu o furo mundial. Daniel Alves está fora da Copa do Mundo de 2018. Era mentira o que pessoas ligadas ao jogador espalharam para jornalistas amigos. O jogador de 35 anos ainda tinha esperança de escapar da cirurgia pela lesão que sofreu no ligamento cruzado anterior.
As informações do PSG foram incompletas de próposito. Caberia ao médico da Seleção Brasileira dar a péssima notícia.
Houve uma desinserção, um desprendimento. O ligamento se soltou do osso do joelho. Será necessária uma cirurgia para a reconstituição.
"Uma lesão dessa necessita de uma recuperação de seis meses para voltar a jogar", resumiu Lasmar, na coletiva que acaba de dar na França.
Daniel Alves está fora da Copa. Não disputará seu terceiro e último Mundial, já que conta com 35 anos.
Seu facebook mostra uma sequência de imagens vitoriosas na Seleção Brasileira. Seu Instagram e seu twitter, muito mais ativos, estão silenciados. Sem fotos debochadas, frases de efeitos, provocações, brincadeiras. Nada.
Só o silêncio da dor.
O destino foi cruel.
Deu com uma mão e tirou com a outra. No dia que conseguiu sua incrível 38ª conquista, firmando o recorde como o jogador mais vitorioso da história, ganhando a Copa da França, perdia a chance de disputar a taça que era o maior sonho de sua vida. O troféu da Copa do Mundo.
Faltavam dez minutos para acabar a partida contra o Les Herbies, time da Terceira Divisão. Lo Celso e Cavani haviam feito 2 a 0. Era só esperar acabar o jogo e comemorar. Só que Daniel Alves seguia jogando forte, duro. E entrou em uma dividida e acabou torcendo o joelho direito. Impulsionado pela adrenalina e, diante da incompetência do departamento médico do PSG, ele seguiu mais seis minutos em campo.
O absurdo ficaria ainda maior com a volta olímpica com a taça.
É muito possível que a comemoração possa ter comprometido de vez a participação de Daniel Alves na Copa.
Tite havia exigido.
Lasmar só desistiria de Daniel Alves se fosse impossível a recuperação.
Se houvesse a chance dele jogar só a partir das oitavas, não haveria problemas. Ele iria para a Rússia. Mesmo perdendo os três jogos na fase de grupo.
Mas não houve jeito.
A entorse no joelho provocou a desinserção.
Não há mágico capaz de colocar o lateral em campo na Copa.
Ele talvez não atue mais em 2018.
"O Daniel, após ser avaliado com exames clínicos e de imagem, constatamos a lesão no ligamento cruzado anterior. É uma lesão que determina tratamento cirúrgico que vai acontecer em um momento quando o joelho permitir. Num primeiro momento o joelho fica inchado e precisamos esfriar o joelho. Ou seja, recuperar a movimentação e tirar a dor para que a cirurgia aconteça num momento adequado. Provavelmente será aqui em Paris pelo PSG. Mas data será definida pelo jogador e pelo clube", detalhou Lasmar.
O mésico resumiu para os jornalistas, a reação do jogador.
"Claro que ele ficou muito chateado. É um jogador experiente, às vésperas da Copa. Tem equilíbrio e uma força... Ele queria saber o que precisava fazer para jogar bola na mesma condição antes. Ele imediatamente virou a página para se recuperar o mais rápido possível. Quer se recuperar o mais rápido possível."
A ausência no Mundial é um golpe duríssimo e inesperado para Tite. Ele contava com o apoio, os cruzamentos, as cobranças de escanteio e as faltas de Daniel Alves. Sua vibração, garra, vontade de conquista.
Mas Tite desejava o lateral para uma função que nenhum outro atleta conseguirá exercer: domar Neymar. O jogador é um dos maiores amigos do atacante do PSG. E único companheiro que escuta e, verdadeiramente, respeita. Seria ele quem controlaria o gênio quase indomável do maior talento da Seleção.
Thiago Silva, também companheiro do PSG, é mais passivo. Não costuma questionar as decisões de Neymar. Nem quando ele está descontrolado com um árbitrou ou adversário. Ao contrário de Daniel Alves, que não tem cerimônia quando é preciso cobrar forte o atacante.
A coerência aponta que Fagner, do Corinthians, e Danilo, do Manchester City, deverão ser os laterais direitos na Rússia.
Mas os dois não têm capacidade de produzir nem metade do que o jogador do PSG. E muito menos têm relevância como líderes na Seleção.
Tite sabe.
A Copa do Mundo ficou mais difícil para o Brasil
Esta sexta-feira trouxe uma sombria notícia.
O treinador pode até tentar disfarças seu desalento.
Afinal, na segunda-feira, fará a convocação para o Mundial.
E não pode mostrar sua tristeza, seu desânimo.
Mas quem o circunda sabe de quanto está sofrendo.
Perder Daniel Alves é perder um dos grandes laterais do mundo.
E o freio de Neymar...