Italo Ferreira se tornou o primeiro campeão olímpico da história do surfe
Lisi Niesner/Reuters - 27.07.2021Italo Ferreira é o nome do momento no surfe brasileiro. Medalha de ouro nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020, o surfista, atual campeão mundial, fez ainda mais história ao garantir o lugar mais alto do pódio na estreia da modalidade em Olimpíadas. Apesar de já ter seu nome reconhecido dentro do surfe, o atleta ganhou mais visibilidade com a conquista em Tóquio e diz que a ficha ainda não caiu.
"Foi difícil digerir tudo, está sendo ainda. Estou meio em choque com tudo que está acontecendo. Eu só queria a medalha, mas aí vem tudo, minhas redes sociais duplicaram de seguidores e seguem crescendo, é legal ver o carinho das pessoas. Espero que a galera esteja orgulhosa de mim e eu quero aproveitar esse momento, porque passa rápido", comenta Italo.
A vitória do brasileiro no surfe é um bom ponto de partida, segundo Italo, para a desconstrução de preconceitos acerca da modalidade. "Todo mundo ganhou com essa vitória. Realmente deu uma quebrada no preconceito que tinha, a gente conseguiu mostrar que o surfe é bem profissional e estamos conseguindo nos destacar", avalia o atual campeão mundial.
"Antigamente, só dava Estados Unidos e Austrália, mas hoje são os brasileiros que dominam. O Brasil vence quase todas as etapas do circuito mundial e venceu a Olimpíada", complementa Italo.
O futuro da modalidade, no entanto, não está apenas nas mãos dos brasileiros que dão show no mar, mas também das pessoas que estão nos bastidores. Para Italo, depois da conquista do ouro em Tóquio, há uma oportunidade para desenvolver o esporte no Brasil. "Vai depender de quem está por trás, mas a oportunidade está aí, a gente vê que o surfe está crescendo. Agora, as pessoas precisam pensar mais no próximo, ao invés do próprio umbigo."
Apesar da conquista histórica nos Jogos Olímpicos, Italo Ferreira não se dá por satisfeito. Para o surfista, o próximo passo é conquistar mais títulos mundiais. "Isso é um desafio para mim, essa ano eu estou bem, sou vice-líder, tenho grandes chances de ir para última etapa e vencer", projeta Italo.
"Eu estou bem mais leve depois de ganhar, isso me deixa mais confortável, não tem tanta pressão. Quero continuar evoluindo, sempre buscando estar em alto nível, competindo na melhor performance, que aí os resultados aparecem naturalmente", complementa.
Campeão mundial e olímpico, Italo Ferreira não desvaloriza a conquista no Japão, mas afirma que conquistar um título mundial é mais desafiador. "É bem diferente. No circuito mundial é bem mais desafiador, você fica o ano inteiro competindo. São vários tipos de onda diferentes e você tem que trocar seu material quase em todas as etapas", revela o surfista.
Italo Ferreira tem uma origem humilde, surfava na tampa de isopor usada pelo pai para armazenar os peixes pescados e hoje é uma das referências do esporte no Brasil. Por tudo que passou, o surfista revelou que quer usar do reconhecimento conquistado para desenvolver o surfe em Baía Formosa, no Rio Grande do Norte, sua cidade natal.
"Tenho um projeto já encaminhado, acho que começa em setembro ou outubro, mas no início do próximo ano já vai estar tudo pronto. Vai ficar incrível, vai ajudar as crianças e dar uma oportunidade, uma luz a mais para esses sonhos", afirma Italo.
"Eu acho que agora quem vive ali próximo (de Baía Formosa), e que sonha em ser um surfista profissional, ou qualquer outro desejo, sonho que tenha, pode se inspirar com a minha história, que eu vou continuar escrevendo", completa o surfista, primeiro campeão olímpico da história do surfe.
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