Tóquio 2020 será primeira edição dos Jogos Olímpicos sem Phelps e Bolt desde Atenas 2004
Lavandeira Jr e Franck Robichon/EFEAlguns dos momentos mais marcantes da história de 125 anos dos Jogos Olímpicos foram protagonizados por eles. Se um atleta morre duas vezes, de aposentadoria do esporte e só depois de morte natural, Tóquio 2020, que começa em exatos 30 dias, remeterá ao primeiro luto de Usain Bolt e Michael Phelps. Desde Atenas 2004, o maior evento do mundo não sabe o que é a ausência deles.
Juntos, o jamaicano e o norte-americano conquistaram nada menos do que 36 medalhas. A conta, evidentemente, é influenciada pelo ex-nadador, que detém até hoje (e talvez para sempre) o recorde de 28 medalhas conquistadas. Mas o ex-corredor também não deixa por menos com suas oito medalhas, todas de ouro (seriam nove se não fosse o doping do companheiro Nesta Carter em determinada ocasião).
Se fossem um país, as 31 medalhas de ouro somadas os colocariam inclusive à frente do Brasil, com 30, em um imaginário quadro de medalhas, o que lhes renderiam a 36ª posição geral. Ao todo, Bolt conquistou dois ouros em Pequim 2008 (100 e 200 m, desclassificado no 4x100), três em Londres 2012 (100, 200 e 4x100 m) e três na Rio 2016 (100, 200 e 4x100 m). Já para a conta de Phelps é necessário um fôlego de nadador. Aqui vai:
Foram seis ouros, (100 m borboleta, 200 m borboleta, 200 m medley, 400 m medley, 4x200 m livre e 4x100 m medley) e dois bronzes (200 m livre e 4x100 m livre) em Atenas 2004; oito ouros (200 m livre, 200 m borboleta, 200 m medley, 400 m medley, 4x100 m livre, 4x200 m livre, 100 m borboleta, 4x100 m medley) em Pequim 2008; quatro ouros (4x100 m medley, 4x200 m livre, 200 m medley, 100 m borboleta) e duas pratas (200 m borboleta e 4x100 m livre), cinco ouros (4x100 m livre, 4x200 m livre, 200 m borboleta, 200 m medley e 4x100 m medley) e uma prata (100 m borboleta) na Rio 2016.
A história do corredor com as Olimpíadas é um tanto mais tumultuada. Em sua primeira aparição, um menino que ainda completaria de 18 anos, esguio, relaxado como só, contrariava o padrão dos velocistas com caras de mau e musculosos de outros tempos e se divertia já no bloco de partida. Uma lesão no tendão o impediu de avançar além das eliminatórias. A consagração estava guardada para quatro anos mais tarde. Já conhecido como Raio, ele iluminou a pista do Ninho de Pássaro, quebrou os recordes dos 100 e 200 m, em algumas das provas com o cadarço desamarrado, um cordão de ouro preso entre os dentes e ainda batendo no peito nos metros finais, o que não caiu bem dentro da comunidade olímpica.
Com a Phelps, a história não foi propriamente mais tranquila, mas em águas menos turbulentas. Desde pequeno, já era conhecido como o Torpedo de Baltimore, cidade onde nasceu, e chegou para a sua primeira Olimpíada, ainda em Sydney 2000, com tempos assombrosos para os seus 15 anos. Era só o começo de um carreira voltada para os recordes. Tanto que no Cubo D’Água, em Pequim 2008, conquistou oito medalhas, todas douradas, em uma única edição dos Jogos. O feito o fez superar a antiga marca do compatriota, também nadador, Mark Spitz, em Munique 1972.
Depois de 57 anos, Biles pode bater recorde de nove ouros, estabelecido também em Tóquio
Marcelo Sayão/EFE - 9/8/2016Os Jogos, no entanto, não seriam Olímpicos se não contassem com as grandes estrelas do esporte. Mesmo sem Bolt e Phelps, que se despediram diante dos olhos do público brasileiro na Rio 2016, ainda há muita gente em quem ficar de olho em Tóquio 2020. Não necessariamente pela enxurrada de potenciais medalhas, mas por toda a sua representatividade, Simone Biles lidera a lista de grandes atletas para a edição na capital japonesa.
A ginasta norte-americana, com 24 anos, já acumula cinco medalhas olímpicas em apenas uma participação: são quatro de ouro (equipe, individual geral, solo e salto) e ainda uma de bronze (trave), todas conquistadas no Brasil, diante de grande alvoroço dos quem estava na Arena Olímpica. Dali em diante, ela virou a queridinha da ginástica e entendeu rapidamente isso. O seu firme posicionamento no Caso Nassar, que revelou abusos sexuais do treinador do time americano, mostrou o seu tamanho para o mundo apesar de 1,45 m.
Em Tóquio 2020, Biles estará em seis provas entre disciplinas individuais e por equipes. Por mais que tente se livrar da pressão pelos resultados, ela sabe que pode bater o recorde de nove títulos olímpicos, estabelecido por Larissa Latynina, da antiga União Soviética, entre Melbourne 1956 e Tóquio 1964.
Isaquias Queiroz conquistou logo três medalhas em sua primeira participação olímpica
Lavandeira Jr/EFE - 16/8/2016Na Rio 2016, pouca gente sequer conhecia a canoagem olímpica, Ubaitaba ou mesmo Isaquias Queiroz… O baiano da pequena cidade entre Ilhéus e Itabuna encantou o público que estava ao redor da Lagoa Rodrigo de Freitas e conseguiu duas medalhas de prata (C-1 1000 e C-2 1000, essa ao lado do parceiro Erlon de Souza) e uma de bronze (C-1 200). As três conquistas, logo em sua primeira aparição nos Jogos, o credenciou a disputar a honraria simbólica de ser o brasileiro com mais medalhas olímpicas.
Isaquias, com o seu jeitão simples e alegre de ser, já disse que não está nem aí para a conta geral e só pensar em completar a sua coleção.
“Agora, o foco com certeza é outro. Não é ganhar qualquer medalha. O foco é ganhar a medalha de ouro e deixar todos os brasileiros felizes”, disse o canoísta.
A conta se dá porque o velejador Robert Scheidt que estará em sua sétima Olimpíada, tem dois ouros, duas pratas e dois bronzes. Entre a comunidade olímpica, a conquista do ouro tem maior peso no ranking de medalhas. Por outro lado, Scheidt pode inclusive ampliar sua marca e se consolidar ainda mais à frente do Time Brasil.
Os jogadores de vôlei Bruno Resende e Scheilla também pode entrar para a lista de brasileiros com três ouros olímpicos. O levantador tem um ouro e duas pratas, enquanto a oposta tem dois ouros. Eles devem ser presenças confirmadas nas seleções de Renan Dal Zotto, ainda em recuperação da covid-19, e de José Roberto Guimarães, técnico tricampeão olímpico.
O COB (Comitê Olímpico do Brasil) já não divulga mais uma projeção de medalhas, ainda que canais especializados apontem uma média de 20 pódios para o país. Para os dirigentes da delegação, o importante está em um maior número de classificados para os Jogos Olímpicos, quebrando o recorde de Pequim 2008, com 277 atletas (na Rio 2016, foram 465 atletas, mas havia vagas para o país-sede). Até agora, o país conta com 272 vagas.
“Temos a convicção de que vamos chegar muito próximo do número das 19 medalhas da Rio 2016, mas decidimos não estabelecer nenhuma meta para os atletas”, disse Marco Antônio La Porta Junior, vice-presidente do COB. “Estamos nos aproximando do recorde de atletas representando o Brasil em Jogos Olímpicos fora do país.”
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