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Se até atletas olímpicos laureados enfrentam dificuldades para se manterem no Brasil, imagine como é a situação de quem optou por um esporte pouco difundido como o sumô. É o caso de Luciana Watanabe, mas ela não desiste: três vezes medalhista de bronze na categoria leve do Mundial da modalidade, a paulista está organizando uma rifa para ir à próxima edição do evento, programada para 29 e 30 de agosto em Osaka, no Japão.
Por Carolina Canossa, do R7Reprodução/Facebook
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A intenção é arrecadar um total de R$ 21 mil para bancar as despesas de transporte, alimentação e hospedagem de Luciana e outros dois atletas, Sara Gomes (categoria pesado no juvenil) e Zenith Kubagawa (leve adulto). Para incentivar a participação das pessoas, eles estão oferecendo como recompensas uma sanduicheira, uma batedeira, uma panela de arroz e uma bicicleta, todos conseguidos através de doações. O sorteio será no dia 22 com os quatro últimos números da Loteria Federal e o vencedor do prêmio máximo levará R$ 1 mil.
As rifas estão sendo vendidas a R$ 5 cada e, quem quiser ajudar, pode entrar em contato diretamente com Luciana clicando aqui. Na tentativa de arrecadar mais dinheiro, os três também estão vendendo camisetas da seleção de sumô, organizando bingos e devem promover um almoço na cidade de Suzano, onde Luciana mora, em breveReprodução/Facebook
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Dona de três medalhas de bronze no torneio, Luciana, de 30 anos, está disposta até mesmo a gastar o que não tem para competir no Japão:
— Se não vendermos toda a rifa, ficaremos com dívidas, mas vamos. Eu já fui a outros Mundiais e acho que tenho grande chance de vencer. Talvez eu pare logo e é o sonho de ser campeã que me motiva
Os números dão razão à brasileira: além dos bronzes no Mundial, ela é 12 vezes campeã brasileira de sumô e tem quatro títulos sul-americanos no currículo. Em 2013, atingiu o auge ao ser vice nos Jogos Mundiais, uma espécie de Olimpíada de esportes que não conseguem entrar no programa olímpico tradicionalReprodução/Facebook
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A ausência do sumô na principal competição de esportes no mundo torna as coisas muitos mais complicadas para os praticantes da modalidade. Diz Luciana:
— A maioria das pessoas na Confederação é voluntária e, como o sumô não é olímpico, não tem ajuda do governo. Quatro brasileiros que estavam classificados já desistiram de ir para esse Mundial. É triste porque a gente faz seletiva e nem o segundo colocado consegue irReprodução/Facebook
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Para se manter, Luciana trabalha como professora de Educação Física na rede municipal de Suzano. Ela ainda mantém um projeto social que ensina judô a cerca de 70 crianças da cidade
Reprodução/Facebook
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Pedir ajuda para competir já se tornou uma constante na vida da lutadora:
— Pratico sumô desde os 15 anos e nunca tem dinheiro. Até 2005, esperávamos muita ajuda do governo, o governo do Japão já ajudou, mas depois (essas contribuições) deram uma diminuída e resolvemos não depender mais de governoReprodução/Facebook
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A paixão de Luciana pelo esporte japonês surgiu por acaso. Praticante de judô no início da adolescência, ela foi a um evento de sumô da academia por curiosidade e acabou ficando. Atleta da categoria até 65 kg, ela é a imagem contrária do esteriótipo de homens seminus e obesos da modalidade:
— As pessoas tem essa imagem dos profissionais do Japão, mas também existe o sumô com divisão por categorias e onde os atletas usam roupas por baixo. As regras, porém, são as mesmas: tirar o adversário para fora do ringue circularReprodução/Facebook