Os treinos das seleções que disputam a Copa América costumam ser abertos apenas nos primeiros minutos à imprensa, mas durante os preparativos do Chile para as quartas de final, a parte fechada da atividade de quarta foi detalhada, inclusive com imagens, por um jornalista do país.
Na véspera do confronto desta sexta, às 20h, contra a Colômbia, o técnico Reinaldo Rueda teve uma reação inesperada ao ser questionado sobre o assunto e até elogiou o "espião". Mesmo assim, ele tentou evitar dar mais munição ao rival antes do confronto na Arena Corinthians.
- Este é o trabalho do jornalista e tenho que felicitá-lo pela grande matéria, sei que é a profissão de vocês - disse Rueda, que tem uma filha jornalista.
Cristian Barrera, correspondente do jornal "La Tercera", teve acesso às imagens do treino fechado no CT do São Paulo e produziu uma reportagem, mostrando o que foi trabalhado taticamente e que Jean Beausejour foi o jogador com melhor aproveitamento em pênaltis - nas quartas, caso a partida termine empatada, a decisão sai nas penalidades; prorrogação só passa a valer a partir da semifinal.
Apesar da postura pacífica do técnico, internamente os vazamentos geraram incômodo na organização do torneio. De acordo também com matéria de "La Tercera", o treino de quinta, o último antes das quartas de final, contou com um cuidado maior, inclusive com seguranças usando binóculos para buscar possíveis espiões nos prédios no entorno do CT na Barra Funda.
Na entrevista coletiva oficial da Copa América, Rueda foi seguidamente questionado sobre a escalação e a utilização de Medel, que saiu com dores musculares na derrota para o Uruguai. A tendência é de que o jogador esteja em campo pela atual seleção bicampeã, mas o treinador quis cortar o assunto.
- Os jornalistas chilenos são muito inquietos. Desde ontem (quarta) estão entregando muita informação à Colômbia. Hoje (quinta) tem muitos colegas colombianos aqui (na sala de entrevistas). Da minha parte, tenho que decidir quem joga com os atletas - despistou.
O outro lado do confronto também teme dar detalhes demais a Rueda. Isto porque o técnico, nascido na Colômbia, tem relação forte com a seleção do país: passou pelo comando de categorias do sub-17 ao sub-23, e pelo time principal entre 2004 e 2005. Ele foi demitido após não classificar o país para a Copa do Mundo de 2006 por um ponto.
- Eu competi (na Copa América com a Colômbia em 2004), um trabalho sem nenhum jogador histórico. Foi uma convocação com dez jogadores sub-23 e outros quatro sub-20. São eventos grandiosos e (a Copa América) é o torneio mais importante daqui. Deixa sempre lições - recordou.
Apesar de já ter trabalhado com jogadores que estão disputando a Copa América pela Colômbia, inclusive no Atlético Nacional (COL), Rueda não se vê com vantagem maior em relação a Carlos Queiroz, técnico adversário nesta sexta-feira.
- Os clubes na Europa, por exemplo, têm seu departamento de inteligência, entregam 20 páginas com informações do adversário e sua situação de jogo. Todos nos conhecemos, não há mistério neste sentido - completou.