A estreia do Atlético Mineiro no Estadual, a vitória por 2 a 0 sobre o Tupi de Juiz de Fora, no Estádio Independência, em Belo Horizonte, neste domingo, foi um couvert artístico daquilo que o time pode oferecer. Sob calor intenso, o time mostrou aquele futebol frenético do título da Copa do Brasil, uma loucura ofensiva diante de um rival atônito que levou dois gols antes dos 17 minutos, marcados pelos argentinos Dátolo e Pratto. Depois, o Galo passou a tocar bola, afinal é início de temporada, o termômetro marcava quase 40º, sem vento. E o time ficou administrando o tempo até os 15 minutos finais, quando aproveitou o fim do sol escaldante e que o adversário morreu para voltar a dar velocidade e perder um caminhão de gols que poderia ter resultado numa goleada em cima de um Tupi que tem qualidades e está longe de ser um timeco.
Se em 2014 o Atlético tinha em Tardelli o cérebro de um time que não guardava posição, o Galo-2015 com Pratto no lugar do antigo ídolo. O argentino joga mais preso na área, mas sabe se movimentar. E todos seguem flutuando. Luan está em todos os lugares. E o novo camisa 10 Dátolo chega com qualidade. Carlos cai pela esquerda e já mostra entendimento com Pratto. Em resumo: este Atlético deixou uma ótima impressão.
O Jogo
Antes do início do jogo, o treinador do Atlético Mineiro Levir Culpi disse que o time teria intensidade, mas que poderia cometer alguns erros, principalmente no início do jogo. Não foi bem assim. Aquele jogo louco, intenso e sufocando o rival que empolgou o torcedor no fim do ano? Foi assim durante os primeiros 20 minutos.
E MAIS:
O Tupi veio para se defender, marcando individualmente. Temia demais o Atlético Mineiro, que jogava em casa, tinha a força da torcida que fazia festa para os 150 jogos do goleiro Victor com a camisa do clube e com a marca de Levir Culpi (agora o terceiro técnico que mais treinou os atleticanos) e, claro: era muito melhor. No esquema 4-5-1 e três volantes, extremamente recuado e marcando só a partir de seu campo, grudando marcadores em Luan e Dátolo. Foi fatal. No 4-3-3 e apostando muito nos avanços de Marcos Rocha pela direita, o Galo não deixou o rival ultrapassar o meio de campo. Era Marcos Rocha cobrar lateral dentro da área procurando Pratto, era Carlos se aproximando da área e veio uma falta pela direita do ataque aos seis minutos. Dátolo cobrou com extrema qualidade e o goleiro Glaysson nada poderia fazer: 1 a 0. A marcação individual mostrou que a moleza era grande. Aos 17, Pratto recebeu passe de Luan nas costas dos volantes e zagueiros e, livre, marcou o segundo gol. Adiantava jogar com dez jogadores lá atrás?
O Atlético já tinha matado o jogo e como o calor de 40º não estava fácil, dava para diminuir o ritmo. Só então o Tupi finalmente tentou ficar um pouco mais com a bola. Surian aproveitou para adiantar a marcação e isso se mostrou eficaz. Afinal, o Galo Carijó tem qualidade. Noé iniciava bem as jogadas, Daniel Morais fazia um bom pivô. Deu a impressão de que se o time não fosse tão medroso no início, poderia ter melhor sorte. O zagueiro Mailson apareceu bem em dois lances de bola parada e Daniel Morais perderam boas oportunidades.
Se nos 17 minutos iniciais do primeiro tempo o Galo matou o jogo, somente aos 17 do segundo tempo, num voleio de Carlos que Glaysson mostrou reflexo de gato para evitar o terceiro gol, que o campeão da Copa do Brasil levantou a torcida com uma grande chance perdida. Antes disso, sustos só do Tupi, que equilibrou as ações de uma partida que ficou pegada, com muitas faltas e reclamações. E fez Victor trabalhar, principalmente numa cabeça da de Marco Goiano que obrigou o goleiro a uma grande defesa.
O lance acordou o Atlético. Aos 21 minutos, a arbitragem cometeu um erro grave. Após uma cobrança de falta de Dátolo para a área, o zagueiro Mailson tirou uma bola com a mão e evitou a cabeçada de Jemerson que fatalmente seria gol. O pênalti não foi marcado. Aos 27, Dátolo quase marcou o terceiro numa cabeçada. Aos 29, de novo Dátolo apareceu numa jogada que a defesa rechaçou.
O Tupi deu tudo o que tinha. E depois dos 30 minutos estava muito cansado. A entrada do veterano Ademílson (aquele mesmo de 40 anos, que jogou no Fluminense no início do século) não deu em nada. Aí só deu Atlético. Marcos Rocha perdeu dois gols feitos. Dátolo e Pratto ficaram trocando bolas e quando o camisa 10 chutou Glaysson já estava bem colocado. Dátolo mandou uma na trave pouco antes de sair para dar vaga à Dodô, que nos acréscimos recebeu na cara do goleiro, mas tentou driblar Glaysson e perdeu a chance de ampliar o placar.
FICHA TÉCNICA
ATLÉTICO-MG 2 X 0 TUPI
Local: Independência, Belo Horizonte (MG)
Data/Horário: 1/2/2015, às 17h
Árbitro: Marco Aurélio A. Fazekas Ferreira
Assistentes: Guilherme Dias Camilo e Márcio Eustáquio Santiago
Público/Renda: ND
Cartão amarelo: Dátolo (Atlético), Genalvo (Tupi)
Gols: Dátolo, aos 6'/1ºT (1-0); Lucas Pratto, aos 17'/1ºT (2-0)
ATLÉTICO: Victor; Marcos Rocha, Léo Silva, Jemerson e Douglas Santos (Pedro Botelho, 36'/1ºT); Rafael Carioca, Leandro Donizete e Dátolo (Dodô, 38'/2°T); Carlos (Maicosuel, 26'/2ºT), Luan e Lucas Pratto. TEC Levir Culpi
TUPI: Glayson; Paulo Roberto, Sílvio, Maílson e Fabrício Soares. Genalvo, Noé, Marcos Goiano, Danilo (Rafael Assis, 15'/2°T) e Ulisses (Osmar, 34'/2ºT); Daniel Moraes (Ademilson, 26'/2ºT). TEC Felipe Surian