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A seleção brasileira sempre foi motivo de orgulho do Brasil, desde que entrou em campo pela primeira vez, em 1914. Mas, tal como uma mina de pedras preciosas em um garimpo, ela sempre foi uma fonte de polêmicas entre vários dirigentes da entidade por ela responsável: até 1979 a CBD (fundada em 8 de junho de 1914) e, desde então, a CBF que, neste domingo (6), teve seu presidente, Rogério Caboclo, afastado por um período de 30 dias, após ser acusado de assédio moral e sexual
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Antonio Lacerda/EFE/09-04-19
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Nos anos 50, a Copa do Mundo no Brasil foi o momento maior, em que a seleção ganhou impulso como uma equipe de alcance nacional e internacional. Um título no Maracanã era visto como uma prova de força do brasileiro, da identidade do País e, naquele momento, muitos políticos buscaram vincular sua imagem à da seleção nacional
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Agência Estado/Arquivo/16-07-1950
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Veio a derrota surpreendente, mas, desde então, a seleção brasileira se tornou um símbolo do Brasil, tão apaixonado por futebol e ao mesmo tempo prejudicado pela cobiça, casos de corrupção e pela falta de organização (na foto, João Havelange, ex-presidente da CBD e depois da Fifa)
Marcelo Sayão/EFE/22-11-10
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Ciente da necessidade de um título, o então presidente da CBD, João Havelange, que ficou no cargo entre 1958 e 1975, resolveu blindar a equipe e montar uma estrutura organizada para a Copa de 1958, quando o Brasil conquistou seu primeiro título mundial
Agência Estado/Arquivo/26-07-1968
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Na ocasião, Paulo Machado de Carvalho fez um ótimo trabalho como chefe da delegação, buscando justamente evitar escândalos e problemas (na foto, Djalma Santos é examinado, durante a preparação para a Copa de 1958)
Agência Estado/Arquivo/01-01-1958
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A popularidade da seleção só crescia e, com ela, os problemas políticos nos bastidores. O primeiro de grande impacto ocorreu nas vésperas da Copa de 1970. O então treinador, João Saldanha, acabou sendo demitido e substituído por Zagallo
Agência Estado/Arquivo/01-01-1970
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Até hoje prevalece a versão de que o presidente do Brasil, Emílio Garrastazu Médici, teve influência na mudança junto à CBF, pelo fato de Saldanha ser filiado ao Partido Comunista
Agência Estado/Arquivo/14-10-1969
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Na Copa do Mundo da Alemanha, em 1974, o clima da ditadura serviu para manter o grupo tenso. A opinião pública considerava que interesses políticos prejudicavam o grupo e o equilíbrio da equipe em campo
Carlos Fumagalli/Agência Estado/07-07-1974
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Na opinião pública, houve uma espécie de 'racha' entre paulistas e cariocas e pelo menos dois jogadores foram acusados de visarem seus interesses apenas. Na preparação, em 1973, a atmosfera pesada ajudou a provocar uma ruptura do grupo com a imprensa, no episódio conhecido como 'Manifesto de Glasgow'
Marcelo Sayão/EFE/22-11-10
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Servindo aos interesses do governo militar, durante boa parte dos anos 70, o presidente da CBD foi o almirante Heleno Nunes, durante um período conturbado do futebol, em que o bairrismo prevalecia e a equipe nacional colecionava frustrações, mesmo com uma geração extremamente talentosa, formada por craques como Rivellino, Paulo César Caju, Ademir da Guia e jogadores iniciantes como Falcão, Sócrates, Zico, Júnior, Roberto e Reinaldo
Marcelo Sayão/EFE/22-11-10
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A sensação era de um abismo entre o talento do jogador brasileiro e os bastidores nebulosos da administração do futebol, como se a CBD fosse um centro permanente de crises, silenciosas ou não. Giulitte Coutinho (foto) assumiu a CBF em 1979 e, em mais uma crise, foi substituído por uma dupla, formada por Nabi Abi Chedid e Octávio Pinto Guimarães
Agência Estado/Arquivo/18-05-1979
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Nabi (à direita) havia se candidatado à presidência da CBF com Octávio (à esquerda) sendo vice, em uma disputa com ex-diretor de futebol da entidade, Medrado Dias, ligado ao Vasco e candidato da situação. Ambos, para evitar uma crise na seleção, chamaram o experiente técnico Telê Santana (no centro), em substituição a Evaristo de Macedo, que não pôde contar com os melhores jogadores, como Sócrates, Zico e Falcão, em sua passagem
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Carlos Chicarino/Agência Estado/14-02-1986
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Estes anos 80, também turbulentos, com várias crises entre clubes e seleção, por um tempo comandada pelo competente e experiente Carlos Alberto Silva, tiveram como desfecho a eleição de Ricardo Teixeira, então genro de João Havelange, que pretendia montar uma estrutura visando à reconquista da Copa do Mundo
Otávio Magahães/Agência Estado/04-03-1998
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Mas, mesmo com uma remodelação do Campeonato Brasileiro e a modernização da entidade, que culminaram com o título da Copa de 1994, os escândalos estavam sempre presentes
Tasso Marcelo/Agência Estado/23-12-10
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Em 1990, por exemplo, ficou evidente a insatisfação dos jogadores com o que foi visto como uma ambição desenfreada da entidade. Descontentes com a premiação, eles esconderam o símbolo do patrocinador na foto oficial para a Copa de 1990
Luiz Barros/Agência Estado/09-05-1990
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Teixeira se manteve por mais de 20 anos no cargo e deixou a presidência em 2012, após uma série de acusações de corrupção, de contratos lesivos, de lobby com políticos, de sonegação, entre outras, renunciando em 2012 e sendo banido do futebol em 2019. Foi substituído pelo vice mais velho, José Maria Marin (foto), que também protagonizou escândalos
Marcelo Sayão/EFE/09-04-12
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Em 2015, Marin foi preso, antes de um Congresso na Fifa, na Suíça, com acusações de fraude, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, que, de acordo com as investigações, movimentou 150 milhões de dólares (algo acima de R$ 470 milhões na ocasião) em um esquema vigente pelo menos 24 anos, em operações relativas a direitos de transmissão e acordos de marketing em campeonatos na América Latina
Marcelo Sayão/EFE/09-04-12
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Marin foi transferido para prisão domiciliar nos Estados Unidos e, em dezembro de 2017, foi condenado por corrupção, tendo sido levado para a prisão, onde permaneceu até março de 2020, quando foi liberado e teve a pena reduzida em função da idade avançada e por ser do grupo de risco mais vulnerável à covid-19. Seu substituto, o então vice Marco Polo Del Nero, nunca mais deixou o País, desde 2015, por receio de ser preso
Sebastião Moreira/EFE/03-03-17
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Ele foi indiciado pela Justiça americana em 2015, acusado de corrupção no futebol. Também foi multado em R$ 3,5 milhões por corrupção, pela Fifa, que lhe deu uma suspensão vitalícia, acusando-o de aceitar presentes de forma indevida e de gestão desleal
Sebastião Moreira/EFE/03-03-17
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Eleito em 2018 para a presidência da CBF, após ser diretor-executivo na gestão de Del Nero, Rogério Langanke Caboclo, 48 anos, assumiu em 2019, para uma gestão que iria até 2023. Em 2021, porém, protagonizou diversas crises, sendo visto como intempestivo por muitos dirigentes e descontentado os jogadores da seleção ao participar da decisão de transferir a Copa América para o Brasil, em meio à pandemia, sem consultá-los. Em função das acusações, o Conselho de Ética da CBF determinou o afastamento temporário de Caboclo que, assim como Teixeira, Marin e Del Nero, se diz inocente
Nathalia Aguilar/EFE/11-05-19