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A questão racial nos Estados Unidos voltou a chegar ao esporte, que também reflete em grande parte a sociedade do país. Desta maneira, a iniciativa do quarterback Colin Kaepernick, 28 anos, no fim de agosto último, de se recusar a ficar em pé durante o hino dos Estados Unidos causou polêmica mas recebeu o apoio de uma legião de esportistas, torcedores e ativistas, entre outros.
No início de setembro, o quarterback repetiu o ato durante a transmissão em rede nacional e ainda recebeu o apoio de outros jogadores presentes no estádio
Instagram/Kaepelnick
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Kaepernick, nascido em Milwaukee, Wisconsin, ficou ajoelhado durante a execução da canção nacional americana, em protesto contra o racismo que ainda existe nos Estados Unidos, já que inúmeros casos de excesso e de abuso se multiplicam pelo país nas abordagens policiais contra negros. A iniciativa ofuscou inclusive o início da temporada 2016/2017
Reuters
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Ao não se levantar antes do jogo entre San Francisco 49ers e San Diego Charges, pela pré-temporada da NFL (Liga Nacional de Futebol Americano), Kaepernick aproveitou-se da notoriedade para, segundo alguns sites, dizer:
— Não posso mostrar orgulho pela bandeira de um país que oprime pessoas negras e de cor
Reuters
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Ele já adiantou que deverá repetir o gesto, que já virou 'febre' e é um dos assuntos mais comentados no país, em outras ocasiões, até ele perceber algum tipo de progresso americano em relação ao fim da discriminação contra os negros
Reuters
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Muitas modalidades, como basquete e futebol americano, têm na sua grande maioria negros como jogadores que despontam para o estrelato após vivenciarem uma infância difícil, devido à pobreza e à exclusão social das periferias
Reuters
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Revoltas, portanto, diante do abuso de policias contra cidadãos negros atingem em cheio os já consagrados astros esportistas, justamente porque eles sabem em grande parte o que os manifestantes estão sentindo
Reuters
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Os protestos contra a atitude também foram muitos. Alguns pediram até a demissão do jogador. O candidato republicano Donald Trump e a polícia de São Francisco o criticaram. Após o jogo, Kepernick fez questão de dizer que ama o seu país, apesar dos problemas.
— Não sou anti-americano. Eu amo a América. Eu amo as pessoas. É por isso que estou fazendo isso. Eu quero ajudar a América a ser um lugar melhor, e acredito que ter essa conversa ajuda as pessoas a entenderem melhor de onde as pessoas vêm
Reuters
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Mas ele não está só em seu protesto. Longe disso. O seu companheiro de time, Eric Read, também ficou ajoelhado durante a execução do hino. E outras estrelas do esporte americano apoiaram a atitude
Reuters
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Um deles é o ex-jogador Jim Brown (foto), um dos grandes nomes da história da NFL, ao dizer que está ao lado do quarterback:
— Eu ouvi o que ele disse e faz todo o sentido do mundo. Ele está em seu direito e está falando a verdade como ela é. Estou 100% com ele
Facebook/Jim Brown
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Quando Brown chegou à NFL, em 1957, o número de negros era menor do que o de brancos, em época de muita segregação, na qual muitos times rejeitavam jogadores negros. Hoje, porém, eles já são 80% do total de atletas da Liga e têm uma visão bastante engajada
The Playoffs - Esportes
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Também no basquete, Kaepernick recebeu apoio. Entre outros, foi de ninguém mais ninguém menos do que Stephen Curry (foto), grande estrela da NBA no momento, campeão em 2015 pelo Golden State Warriors
Instagram/Stephen Curry
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Do ponto de vista comercial, a iniciativa acabou sendo um sucesso, mesmo que não tenha sido, a princípio, o objetivo do jogador. O número 7 de Kaepernick se tornou a camisa mais vendida da NFL no momento, atraindo grande procura, o que o fez agradecer o movimento pelas redes sociais
Instagram/Kaepelnick
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Mas a discussão iniciada por Kaepernick chegou também à presidência dos Estados Unidos. Barack Obama, que estava em reunião do G-20 na China, disse no último dia 5 que não teve muito tempo para acompanhar o caso. No entanto, ele ponderou
Reuters
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— Mas eu entendo, pelo menos, que ele está exercitando o seu direito constitucional de fazer uma declaração. Há um longo histórico de atletas que fizeram isso
Reuters
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Obama se refere, entre outros, a Tommie Smith (EUA), ouro nos 200 m rasos das Olimpíadas de 1968, e John Carlos (EUA), bronze, que, no pódio, após receberem suas medalhas, ergueram os braços com os punhos fechados, em gesto que era símbolo do movimento Panteras Negras, que defendia inclusive a luta armada pela causa dos negros
The Playoffs - Esportes
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Eles também abaixaram a cabeça durante a execução do hino americano. E o gesto ganhou adeptos, incentivados por Kaepernick. Nos últimos dias, Jurrell Casey, Wesley Woodyard e Jason McCourty, jogadores do Tennessee Titans, também levantaram os braços antes do jogo contra o Minnesota Vikings
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Reuters
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Como Kaepernick, Marcus Peters, cornerback do Kansas; Jeremy Lane, do Seattle Seahawks; Brandon Marshall, linebacker do Broncos, e Arian Foster, Jelani Jenkins, Michael Thomas e Kenny Stills, do Miami Dolphins, se ajoelharam durante o hino dos Estados Unidos nos últimos dias
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