Árbitro interrompeu o clássico logo no início
Guilherme Rodrigues/Agência Estado/15-02-20Prática comum no futebol brasileiro, o grito homofóbico pode pela primeira vez causar a perda de pontos para uma equipe considerada grande. O TJD-SP (Tribunal de Justiça Desportiva do Estado de São Paulo) deverá julgar o São Paulo pelos gritos homofóbicos de torcedores no clássico do último sábado (15), contra o Corinthians, pelo Campeonato Paulista.
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A denúncia contra o clube do Morumbi pode ser enquadrada no artigo 243-G do Código Disciplinar do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), no qual "praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência" resulta na perda de três pontos, em determinação aprovada em agosto último.
No clássico, o árbitro Douglas Marques das Flores interrompeu a partida logo aos três minutos após ouvir gritos de "bicha" da torcida do São Paulo, dirigidos ao goleiro Cássio, quando este bateu tiro de meta.
Após avisar os capitães das equipes, ele comunicou a representante da Federação Paulista de Futebol, para registro do ocorrido. O jogo teve continuidade, os torcedores foram alertados pelo sistema de som do estádio, mas, com base no relatório, o clube mandante pode ser punido e, neste caso, perder o ponto obtido no empate contra o Corinthians.
Uma eventual perda do ponto, que pode ser revertida no STJD caso o São Paulo seja punido, se somaria às queixas de torcedores e alguns dirigentes do clube em relação à Federação Paulista e às atuações das arbitragens nos últimos jogos, que foram prejudiciais à equipe.
O TJD, inclusive, pode também punir o ex-jogador Diego Lugano, atual superintendente de relações institucionais do São Paulo, que, na porta do vestiário, xingou o árbitro e foi contido por seguranças. Marques das Flores incluiu as ofensas na súmula.
O argumento dos que contestam uma eventual pena em relação à homofobia, que desde junho de 2019 passou a ser considerada crime pelo Supremo Tribunal Federal, é o de que este tipo de insulto é praticado por todas as torcidas.
Por outro lado, quem defende a punição se baseia na necessidade de que, finalmente, o discurso contrário à homofobia seja colocado em prática. Nesta linha, para que uma história comece a mudar, alguém precisa servir como primeiro exemplo.
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