Em toda negociação de atletas realizada no futebol mundial, os clubes formadores do jogador têm direito a receber 5% do valor total da venda. Por conta disso, o Santos monitora a situação de Neymar, novo reforço do Paris Saint-Germain, de olho em cerca de R$ 33 milhões que podem pintar nos cofres alvinegros. O problema é que os europeus não parecem dispostos a repassar tanto dinheiro para o clube brasileiro.
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O mecanismo de solidariedade da Fifa funciona da seguinte maneira: para cada temporada em que um jogador passa em um clube, a instituição em questão tem direito a determinada porcentagem dos valores totais da venda. A regra é aplicada entre os 12 e os 23 anos do atleta. Ou seja, o Santos tem, garantidos, 4% da negociação que gira em torno de 222 milhões de euros (R$ 819,5 milhões).
Acontece que esses 4% - cerca de 9 milhões de euros, ou R$ 33 milhões – talvez não venham para o litoral paulista. Barcelona e PSG parecem dispostos a considerar que o pagamento da multa rescisória do craque brasileiro não representa uma compra do jogador e, nesse caso, não seria obrigatório o repasse para o clube formador. O Regulamento de Transferências da Fifa não é claro sobre esta questão. Por isso, há o risco de o Santos ter de recorrer aos tribunais atrás do dinheiro.
De acordo com Eduardo Carlezzo, especialista em direito esportivo, "do ponto de vista dos clubes que contratam os atletas em tais operações (pagamento da multa), há uma resistência no pagamento da solidariedade".
Mas ele entende que o Santos tem boa chance de, ao fim de eventual disputa na Fifa e na Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês), levar a melhor. "Apesar das divergências, já existem julgamentos entendendo que o mecanismo de solidariedade (o pagamento ao clube formador) deve ser pago pelo novo clube do atleta quando a transferência é efetivada pelo pagamento da cláusula penal", completa Carlezzo.
Por esse raciocínio, será o PSG, e não o Barcelona, o responsável pelo pagamento ao Santos. O julgamento a que o advogado se refere aconteceu em 2015. A Fifa não divulgou quais foram os clubes nem o jogador envolvido, mas deu ganho de causa ao formador. Essa pode ser a referência do Santos caso tenha de brigar na Câmara de Resoluções da Fifa e se necessário no CAS.
O Santos, ciente da negociação milionária, reuniu documentos que comprovam a presença de Neymar no clube desde os 12 anos de idade, para aumentar sua participação nos direitos de formação. Porém, o dinheiro em questão deverá ser motivo de mais uma briga entre as diretorias do Peixe e do Barcelona, mas agora com o acréscimo de um novo participante na disputa - o PSG.
Os clubes têm discutido desde a venda do atacante, em 2013. O alvinegro se sente prejudicado na polêmica negociação e exige o recebimento de mais dinheiro pela transação. Agora, com mais esse empecilho, o Santos deve acionar a Fifa para obter os R$ 33 milhões que acredita ter direito.