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Saiba como um clube com dívida de R$ 10 bi pode ser uma potência

O Chelsea, atual campeão da Champions League, representa um fenômeno que tem ocorrido no futebol europeu

Futebol|Eugenio Goussinsky, do R7

Com vitória sobre o Manchester City, Chelsea conquistou a última Champions League
Com vitória sobre o Manchester City, Chelsea conquistou a última Champions League Com vitória sobre o Manchester City, Chelsea conquistou a última Champions League

Do ponto de vista político, os bastidores do Chelsea se assemelham a um filme de 007, com chefes russos implacáveis que não pensam duas vezes em demitir treinadores, reformular elencos e se tornarem espécies de "espiões", que se inserem em um mercado ocidental para obterem informações e marcarem presença em um campo até certo ponto hostil.

Vide, para isso, as tensas relações entre a Inglaterra e a Rússia, país de origem do dono do Chelsea, Roman Abramovich. Ele colocou como sua principal gestora da equipe a executiva russa Marina Granovskaia, de 46 anos, que cumpre determinações como uma fiel seguidora.

Se um ínfimo detalhe não for satisfatório, mesmo em relação a ídolos, como o técnico Frank Lampard, demitido do cargo em 2020, ou até técnicos campeões, o destino deles é um só: caput (no sentido da demissão, é claro).

Do ponto de vista econômico, porém, essa interligação entre Rússia e Inglaterra mantém um fluxo de capital que resume o que tem sido o futebol para os grandes clubes do futebol europeu. Uma ciranda financeira capitalista, composta de uma movimentação de valores astronômicos que, geralmente, em longo prazo, se transformam em dívidas.

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"A alavancagem, o endividamento, não são necessariamente ruins. Apesar de estar endividado, o Chelsea continua gerando lucros e por isso sim é uma empresa valiosa", afirma o economista Denis Rappaport, mestre pela Duke University (EUA).

No caso do Chelsea, as dívidas chegam a 1,5 bilhão de euros, o que se aproxima de R$ 10 bilhões (na verdade, R$ 9,2 bilhões) em dívidas, o que coloca a equipe londrina, campeã da última Champions League, na posição de maior devedor entre os grandes europeus. Campeão em campo e nas dívidas.

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"A origem de dívidas como a do Chelsea é a necessidade de recursos de terceiros para o pagamento de obrigações do clube", observa Rappaport.

Isso, no entanto, ressalta Rappaport, não interfere necessariamente no planejamento e na saúde financeira do clube, que na verdade é uma empresa 100% controlada por Abramovich. E é uma tendência presente também nas outras grandes equipes.

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"O clube vai contraindo empréstimos para quitação de suas obrigações, o importante é que isso seja controlado dentro de um processo de orçamanto", destaca.

O Flamengo se inspirou neste tipo de gestão para alongar o perfil de sua alta dívida e, com títulos, visibilidade e receitas, conseguiu manter uma administração rentável e com fôlego para investir no futebol.

Tudo depende da receita. Como no futebol brasileiro elas são muito menores, o ideal para um clube local é não permitir que a dívida cresça e, de preferência, diminua, algo que o Flamengo está fazendo. 

O economista considera que essas cifras astronômicas de pendências não são assustadoras neste modelo de gestão do futebol europeu. Baseado em uma espécie de "mercado futuro", para onde vão sendo levadas as dívidas.

Por isso, segundo ele, é cabível o conceito de que essas agremiações têm um alto valor de mercado, mesmo devedoras.

Esse modelo funcionaria em outras empresas fora do futebol também. Muitas empresas devem até mais que isso (1,5 bilhão de euros). O importante é a empresa gerar recursos em sua atividade que permitam a quitação da divida", observa.

Mas, caso as receitas comecem a diminuir, vem o perigo da falência do clube. Isso aconteceria, por exemplo, em uma sequência de anos sem boas colocações nas competições.

"Os clubes podem falir caso deixem de gerar receitas correspondentes às suas dívidas. Contudo, a pandemia mostrou grande resiliência dos grandes clubes europeus em manter receitas mesmo em um quadro adverso. Assim, apesar de esse cenário ser possível , ele não deve se concretizar nos próximos anos", completa Rappaport.

Chelsea vence o Manchester City e conquista a Champions. Veja as fotos

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