Torcida da Portuguesa verá, de São Paulo, time definir seu futuro na Copa Paulista
Newton Menezes/Futura Press/FolhapressNeste sábado (10), a Portuguesa encara um dos duelos mais importantes de sua vida. Bem distante das glórias conquistadas na década de 1950, quando faturou dois torneios Rio-São Paulo, ou em 1973, ano em que dividiu o título paulista com o Santos, a Lusa joga sua última ficha para não ficar pela primeira vez na história sem divisão nacional para jogar.
O ano de 2018 da Portuguesa depende da partida deste sábado. Em Araraquara, o time encara a Ferroviária pelo jogo de volta da semifinal da Copa Paulista. No jogo de ida, a derrota por 2 a 0 no Canindé deixou o clube mais longe do sonho de voltar à Série D. Agora, a Lusa precisa reverter a vantagem conquistada pela equipe do interior para chegar à final e seguir na expectativa de estar no Campeonato Brasileiro em 2018.
A Lusa nunca ficou sem divisão nacional. Esse sofrimento já atingiu times expressivos do País, como América-RJ, São Caetano, Remo e Brasiliense, mas nunca havia chegado ao Canindé. 2018 pode ser a primeira vez que o quase centenário clube paulista viverá uma temporada “vazia”.
Torcida foi ao Canindé para apoiar o time na semifinal
Newton Menezes/Futura Press/FolhapressÉ verdade que a Portuguesa terá, além da segunda divisão estadual, a Copa do Brasil e a Copa Paulista para jogar na próxima temporada, mas ficar fora do Campeonato Brasileiro tem o peso de uma tragédia. Dentro do clube, tal possibilidade nem é cogitada.
“Não penso nessa hipótese, pois acredito que vamos buscar a vaga”, declarou o presidente Alexandre Barros sobre o jogo contra a Ferroviária.
Mas a realidade não é tão encorajadora assim. O adversário deste sábado sofreu apenas três derrotas em 21 jogos na competição e já saiu na frente da Lusa no confronto mata-mata. Só um milagre evita a eliminação dos paulistanos.
Portanto, a partida deste sábado na Fonte Luminosa é encarada como uma legítima final. Somente o triunfo por pelo menos três gols de diferença tira a Ferroviária do campeonato e dá a vaga na final para o time do técnico PC Gusmão.
“Esse campeonato é uma Copa do Mundo para a gente. É mais importante para a Portuguesa do que para qualquer equipe do futebol mundial”, disse Barros.
O drama da Lusa começou em 2013. Assegurada na Série A após o fim do Brasileirão, a equipe sofreu derrota dolorida nos tribunais e foi punida com a perda de pontos e a consequente queda à segunda divisão. O motivo foi a escalação irregular do jogador Héverton, suspenso, na última rodada do campeonato.
Desde então, o clube sofreu uma série de quedas, tanto no campeonato nacional como no estadual. Vivendo o caos do controverso rebaixamento à Série B, a Portuguesa teve uma campanha fraca e desorganizada que culminou em um novo descenso em 2014.
Depois do feroz declínio, o time se segurou por um ano na Série C, mas caiu novamente em 2016. Com o rebaixamento no Paulistão, sofrido na temporada anterior, a Lusa estava fadada a disputar a segunda divisão estadual e a quarta nacional.
No ano passado, após falhar em conseguir o acesso à elite do Campeonato Paulista, a equipe rubro-verde acabou eliminada da Série D. Ficou, portanto, sem garantia de que teria uma divisão nacional para jogar em 2018.
A Série D é a mais baixa divisão do campeonato nacional. Diferentemente das três principais, ela não conta com 20 times, mas com 68. Desses, quatro vêm da Série C, rebaixados na temporada anterior. Os demais 64 são definidos por meio dos estaduais. Portanto, disputar a Série D não garante a uma equipe a vaga na edição seguinte.
Essa é a situação da Lusa. Participante em 2017, o time paulista foi eliminado na primeira fase e precisa se classificar novamente para poder jogar o torneio no ano que vem. O problema é que as chances da Portuguesa se restringem à Copa Paulista, pois o clube disputa a segunda divisão do estadual.
A Federação Paulista divide suas quatro vagas na Série D da seguinte forma: três para os melhores times do Paulistão – excluindo aqueles que já estão assegurados nas divisões principais – e uma para o campeão da Copa Paulista. Como joga a Série A-2, a Lusa não tem chance de conquistar uma vaga pelo campeonato estadual, o que deixa um único lugar à disposição de um dos clubes mais tradicionais de São Paulo.
Em 2018, a Portuguesa disputará a Série A-2 do Campeonato Paulista, a Copa do Brasil e a Copa Paulista. Nenhum desses torneios dá ao clube a possibilidade de retomar os caminhos de glória e ascender nacionalmente. Vale lembrar que a Lusa foi vice-campeã brasileira em 1996, momento usado pelo presidente para exemplificar a importância do duelo deste sábado.
“Em 96, a Portuguesa perdeu uma final de Campeonato Brasileiro e não foi para a Libertadores, porque só o campeão ia. Nosso sonho era a Libertadores”, comparou ao ser perguntado sobre o peso de uma eventual desclassificação diante da Ferroviária.
Lusa sofreu derrota por 2 a 0 no jogo de ida, no Canindé
Jales Valquer /Fotoarena/FolhapressAlexandre Barros assumiu a Portuguesa neste ano, depois de sacramentado o declínio do clube. Ele tem o sonho de que seu time de coração chegue a disputar uma Libertadores. Para que a meta se concretize, a partida em Araraquara tem enorme relevância.
“O peso desse jogo é o mesmo de qualquer outro time que vai disputar um título mundial ou uma final de Libertadores”, explicou Barros.
Pelo caminho mais provável – vaga na Série D por meio do Paulistão -, a Lusa só conseguirá chegar à primeira divisão do Brasileiro em 2023. Isso porque uma boa campanha no estadual só garante a vaga no torneio nacional do ano seguinte. Nesse cenário, o time rubro-verde precisaria conseguir acessos consecutivos.
O panorama mais otimista prevê a conquista da Copa Paulista. Dessa forma, a Portuguesa conseguirá retornar à elite do futebol brasileiro em 2021. O centenário do clube será comemorado em 2020.
*Pedro Rubens Santos, estagiário do R7
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