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Pai de Kevin Espada ataca presidente da CBF: “Marin é um canalha, sem vergonha e miserável”

Ele diz que dirigente e colega boliviano se promoveram às custas do filho

Futebol|Eugenio Goussinsky, do R7

José Maria Marin não respondeu aos ataques do pai de Kavin
José Maria Marin não respondeu aos ataques do pai de Kavin José Maria Marin não respondeu aos ataques do pai de Kavin

Se para autoridades brasileiras e bolivianas o caso da morte do adolescente Kevin Beltrán Espada está encerrado, para o pai do menino, Limbert Beltrán, ainda há possibilidades jurídicas a serem exploradas. Mas, sem dinheiro, ele não se conforma em ver que nenhum culpado foi punido no caso.

Kevin, de 14 anos, morreu em 20 de fevereiro de 2013, em Oruro (Bolívia), durante a partida entre San José e Corinthians, pela Libertadores, após ser atingido por um sinalizador vindo da torcida do Corinthians.

Outra questão que incomoda o pai do garoto, sobre a qual ele disse não ter recebido nenhuma explicação, foi o fato de os presidentes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, e da Federação Boliviana de Futebol (FBF), Carlos Chávez, terem, conforme afirmou, utilizado o nome de seu filho para promover o amistoso entre Brasil e Bolívia, em abril de 2013, dois meses depois da morte do jovem.

Antes do jogo, as autoridades disseram que parte da renda da partida seria destinada à família do torcedor, que, segundo Limbert, precisaria do dinheiro para dar continuidade ao processo. No entanto, ele garante que nunca recebeu nada, nem sequer um telefonema. Antes mais comedido em suas declarações, ele perdeu a paciência com a situação e, ao R7, fez pesados ataques ao presidente Marin e a Chavez.

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— Vá até esses canalhas e pergunte o que eles têm a dizer. Utilizaram o nome do meu filho. Não quero dinheiro, quero que cumpram com a palavra. Pelo menos que me deem uma explicação. Não tiveram nem a decência de me fazer um pedido de desculpas, nem coragem de dizer que não puderam cumprir. Não fazem nada, não me deram uma explicação sequer.

Beltrán ainda alimentou alguma expectativa de receber um contato dos referidos dirigentes em razão do último amistoso entre a seleção olímpica do Brasil e a da Bolívia, ocorrido no último dia 10, na Arena Pantanal, em Cuiabá. No ano passado, ele dizia que Marin tinha sido manipulado, mas agora ele coloca o dirigente brasileiro como um dos vilões deste episódio.

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— Sustento que (Marin e Chavez) são sem vergonhas e miseráveis porque saíram diante das câmeras para se passarem como bom samaritanos, oferecendo ajuda, mas no final nenhum deles perguntou se houve ajuda à minha família e nenhum cumpriu a promessa da ajuda com 3% da arrecadação da partida entre Brasil e Bolívia, em abril de 2013, com renda de mais de US$ 500 mil (na ocasião R$ 1,1 milhão). Mas tenho que os escutar falando de milhões e milhões e recebendo saldos polpudos, são tão miseráveis que nem sequer puderam ajudar com o dinheiro dos torcedores que assistiram à partida.

Às vésperas da partida em 2013, o presidente Marin deu declarações a vários órgãos de imprensa afirmando que o jogo teria caráter beneficente, em solidariedade à família de Kevin. À TV Bandsports, por exemplo, ele declarou:

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— Queria dizer que a melhor maneira de prestar solidariedade à família do menino, nesta grande tragédia...a seleção brasileira irá jogar na Bolívia, graciosamente, com renda total para a família do menor.

Marin foi procurado pelo R7 mas sua assessoria afirmou que ele não poderia dar declarações, por estar muito ocupado e com muitas demandas. O boliviano Carlos Chavez também não deu retorno ao telefonema.

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Sobre o caso, Beltrán conta que recebeu US$ 50 mil do Corinthians (cerca de R$ 120 mil), a título do que se chama Justiça Restaurativa, mas está descontente com a atitude das autoridades e dos dirigentes esportivos. Segundo ele, havia um acordo inicial em que ele receberia US$ 200 mil (R$ 481 mil).

— Atreveram-se a desvalorizar a vida do meu filho entregando-me US$ 50 mil.

Ele rebate o fato de ter sido responsabilizado por algumas pessoas, que o culparam pela retenção dos torcedores na Bolívia. Cinco torcedores ficaram retidos por cinco meses e outros sete foram presos por três meses e meio, na Penitenciária San Pedro, em Oruro.

— Nem todos eram culpados, lamentavelmente eles poderiam colaborar com a identificação do responsável ou responsáveis, mas como não fizeram ficaram retidos pelo prazo da justiça na Bolívia (seis meses). Entre eles havia dois com indícios de culpa, se encontrou pólvora e os mesmos artefatos. Isso não foi considerado. Mas não fui eu quem os reteve na Bolívia, de maneira nenhuma.

Beltrán considera que interesses políticos atrapalharam as investigações e não tem dúvidas em dizer que houve descaso dentro dos governos brasileiro e boliviano em relação à busca de justiça. Ele acredita ter sido muito conveniente para todos, menos para sua família, a confissão do menor, da Torcida Organizada Gaviões da Fiel, assumindo a autoria do disparo, logo que voltou ao Brasil.

— O que mais me incomoda é que não houve a força de vontade para dar justiça ao meu filho, que não tenha havido o apoio e a vontade do Estado e nem dos que manejam o futebol, especialmente destes últimos que deviam ser os encarregados de nos apoiar.

Beltrán, que é professor de história para alunos do que seria o Ensino Médio, afirma que não tem dinheiro para dar prosseguimento à busca de responsáveis. Mas, se houver possibilidade, não pensará duas vezes em utilizar o prazo que ainda lhe resta para reabrir o caso.

— De acordo com a Justiça, tenho cinco anos. Já se passaram cerca de um. Pode ter certeza de que um advogado não me faria o trabalho de graça. Neste momento é impossível, mas ainda tenho esperança.

A família ainda não se recuperou do trauma. Ele diz que ele e sua esposa, Carola, não saem mais de casa, a não ser para trabalhar.

— Tenho 42 anos, mas pareço estar com 50.

Ele afirma ainda que se mantém firme para não passar este desânimo para os filhos Johan (11 anos), Alejandra (nove anos) e Matías (três anos).

— Temos alguma alegria com nossos outros filhos. Damos amor a eles e seguimos adiante, apesar da saudade que temos. Mas preciso dizer que a atitude mudou e já não confiamos...

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