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publicado em 09/07/2011 às 06h00:

Marco Aurélio Cunha lança candidatura
à presidência do São Paulo

Ex-superintendente de futebol do clube diz ao R7 que espera se eleger em 2014

Gustavo Alves, do R7

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Fora do futebol desde janeiro deste ano, quando deixou oficialmente o cargo de superintendente de futebol do São Paulo, Marco Aurélio Cunha tem data para voltar. O vereador, corregedor da Câmara Municipal, disse, em entrevista ao R7, que vai se candidatar à presidência do São Paulo em 2014.

Depois de 31 anos como médico e dirigente em vários times, entre eles Bragantino, Verdy Kawazaki [Japão], Coritiba, Figueirense, Santos e São Paulo, ele afirma que Rogério Ceni precisará de 10 anos de "treinamento" antes de dirigir o Tricolor. Mas considera o goleiro, capitão do time, seu substituto ideal na presidência.

Marco Aurélio também explica a saída de Muricy Ramalho, em 2009. Fala que, se pudesse, teria dado três meses de férias para o treinador naquela época, em vez de demiti-lo. 

Leia abaixo a entrevista completa:

R7 - Como está sendo o período fora do futebol?

Marco Aurélio Cunha -
Eu acho que estou naquela fase positiva, construindo uma vida um pouco diferente, com mais tempo para a Câmara Municipal, vivendo intensamente as questões políticas. Estou naquela fase que o jogador que para acha ótimo. Ele pode dormir até um pouco mais tarde, não treina, pode sair no fim de semana, tem o domingo. Eu não tinha domingo seguidamente há mais de 30 anos. Agora estou aproveitando esse tempo, que é muito gostoso. Daqui a pouco entra a fase de abstinência. Acho que estou maduro para não passar por isso. Quando a gente sai tem que sair 100%.

R7 - Você ainda acompanha o futebol ou preferiu se afastar?

Marco Aurélio Cunha - Eu não tenho ido a muitos jogos, fui a um ou dois até hoje, mas assisto todas as partidas pela TV. Estou sempre falando com o Milton [Cruz, auxiliar técnico do São Paulo] e os meninos. Procuro ajudar no sentido de dar força. Quando eu saí, entendi que não estava mais sendo aproveitado, que minhas ideias não estavam sendo ouvidas. Talvez isso tenha acontecido durante muito tempo. Se aconteceu até com o Muricy e ele saiu, quem sou eu pra não sair. Eu defendia o Ricardo Gomes, mas as pessoas não entendiam os valores dele. Está provado agora, não só pelas vitórias, mas pelo que ele construiu no Vasco, que era um time mal colocado no carioca e conquistou a Copa do Brasil. Muitas vezes minhas percepções são boas e elas não estavam mais sendo atendidas. Então decidi sair numa boa, sem brigas, deixando só amigos, agradecendo ao clube. Comecei uma vida diferente. Estou focado na Câmara e no consultório médico enquanto preparo uma volta, que será em breve.

R7 - Quando você pretende voltar ao futebol?

Marco Aurélio Cunha - Ninguém me chamou para fazer parte dessa diretoria, o que eu acho correto, já que faz pouco tempo que saí. Mas eu espero ser candidato à presidência do São Paulo daqui a três anos. O projeto é esse. Ainda tenho mais um ano e meio de mandato e pretendo fazer a reeleição. Se chegar à presidência do São Paulo, há compatibilidade para eu encerrar esse mandato de vereador como presidente. Estou muito consciente do que eu escolhi, mas sinto muita falta dos torcedores do São Paulo, recebo mensagens toda hora falando do meu tempo lá, dos jogadores também mas principalmente dos funcionários do clube. 

R7 - Não vai haver um conflito com o Rogério Ceni, que já disse que pretende ser presidente do clube?

Marco Aurélio Cunha - O Rogério é meu amigo, e terá o tempo dele. Eu estou com 57 anos, ele tem 38, quase 20 anos a menos. Ele precisa se despir do jogador, precisa conhecer outras práticas. Jogar futebol e ser o grande líder que ele é, é tudo. Mas para a função, não. Aí seria um erro. Faltaria toda a formação que é o conhecimento da estrutura, da engrenagem política, das categorias de base com são hoje, com contratos, relações entre clubes. Isso demora uns 10 anos para ele absorver. Acho que ele seria meu eventual substituto. Seria o melhor substituto que nós teríamos, sem tirar outros grandes são-paulinos do clube, que também poderiam ser presidente. Mas acho que o Rogério tem que passar por uma esfera profissional primeiro. Não vai jogar fora tudo o que ele ganhou. Quando ele parar de jogar, tem muito conteúdo para ser um dirigente executivo. Vai se formando, como eu me formei, percebendo dificuldades e assumindo responsabilidades que não as do jogador. A maior dificuldade acontece porque você dirige mas não pode interferir no jogo.

R7 - Você passou 31 anos no futebol. Quais as principais diferenças entre o trabalho em um time pequeno e em um time grande?

Marco Aurélio Cunha - Em clube pequeno você é tudo. O bacana é que depois de sair de forma dolorosa do São Paulo em 1990, fui ao Bragantino no mês seguinte e achei um clube que não tinha nada. O Vanderlei [Luxemburgo] estava começando a carreira ali, e nós fizemos tudo pelo Bragantino. Levamos um time que não tinha nada a ser campeão paulista [em 1990] e vice nacional [em 1991], depois, com o Parreira. Vários jogadores daquele time chegaram à seleção brasileira, como Gil Baiano, Mauro Silva, Mazinho, Silvio, e outros tiveram destaque no cenário nacional. Ali começou um pouco da minha proposta de mudar as coisas. O dirigente de futebol amador chega ao cargo pela vida empresarial, vem de cima para baixo. Ele tem dinheiro, é que nem piloto de fórmula 1 que paga para correr. No futebol tem muito disso. O sujeito é endinheirado e conquista espaço por conta das facilidades que cria, mas não tem conhecimento. Eu não, sou formado na base. Fiquei cinco anos na base do São Paulo, cresci junto com a geração de Silas, Muller, dos “Menudos”. Quando vi a fragilidade que era essa relação, no São Paulo, no Bragantino, no Guarani, eu vi o quanto o futebol precisava de profissionalismo, de alguém que conhecesse o futebol e pudesse indicar os caminhos.

R7 - Então no Bragantino você acompanhou o surgimento de dois grandes técnicos brasileiros...

Marco Aurélio Cunha - O Vanderlei estava começando, mas o Parreira já era um cara consagrado, que estava recomeçando a carreira. Ele ficou muito tempo no mundo árabe, ficou rico mas um pouco defasado de futebol brasileiro. Quando retornou [em 1991], precisava fazer algo diferente, precisava pegar um time, mas ninguém tinha muita coragem de pegar o Parreira naquele momento. O Nabi [Abi Chedid, ex-presidente do Bragantino] o levou depois da saída do Luxemburgo. Ele pegou o time, que já estava montado, deu uma nova concepção tática e deixou ainda mais competitivo. Tanto é que só perdeu a final do Brasileiro de 1991 para o São Paulo do Telê [Santana], que era quase imbatível. Hoje eu fico contente como são-paulino, mas naquele momento eu queria muito ganhar com o Bragantino, até para me afirmar. Mas hoje vejo que a partir dali o São Paulo foi à Libertadores, foi bicampeão em 1992 e 1993 e tudo isso passava por aquela vitória, porque só o campeão ia à Libertadores.

R7 - No São Paulo você bancou dois treinadores, Muricy e Ricardo Gomes, que saíram mal com a diretoria mas bem com a torcida. Por que isso aconteceu?

Marco Aurélio Cunha - O Ricardo talvez não tenha saído bem com a torcida. Foi feito um trabalho de desmerecimento muito grande. A mídia fez isso, a diretoria, de uma forma velada, permitiu, porque eles queriam mudar. O Ricardo cumpriu seu contrato, esperava muito a Libertadores, que escapou dentro do Morumbi. Isso tem um peso enorme. Algumas derrotas, como a do Celso Roth, no Inter, para o Mazembe [no Mundial Interclubes de 2010] marcam os treinadores. Aquela eliminação para o Inter [na semifinal da Libertadores de 2010] marcou o Ricardo, mas era injusto. Você tem que projetar o clube para frente, e um resultado pontual pode dar uma depressão momentânea que tem que ser tratada, não abandonada. Eu defendi o Ricardo porque via nele muito conteúdo, como vi no Muricy.

R7 - Porque o Muricy saiu do São Paulo?

Marco Aurélio Cunha - O Muricy foi aquele professor de inglês que você teve durante três anos e meio e estava cansado dele, e ele cansado do aluno. Não foi demérito nem demissão compulsória, por algum problema. Foi fadiga do material. Se o futebol fosse uma empresa, como deveria ser, ele teria três meses de férias, e aí sim faria a experiência com o Baresi [Sérgio Baresi, treinador da base do São Paulo]. O Baresi ficaria três meses, enquanto o Muricy tirava férias, ia assistir jogos na Europa, observar jogadores, respirar outros ares. Depois de três meses ele voltaria para assumir o São Paulo. Você tira aquela fadiga, aquela coisa do atleta com o treinador. Isso seria corretíssimo no futebol. Se você confia no treinador, sabe que ele tem o perfil do clube, que ele trabalha bem, tem um tricampeonato carregando o São Paulo muito bem, tira ele do foco, respira e volta. Mas o futebol ainda não permite esse tipo de gesto.

R7 - Você pretende colocar tudo isso em prática caso seja eleito presidente do São Paulo?

Marco Aurélio Cunha - Eu acho que o futebol tem que ser feito por profissionais. Os gerentes, diretores-executivos do futebol, têm que ser ex-atletas bem formados para isso. Pegar um sujeito que tenha liderança, conhecimento, uma vaidade controlada, para ser o diretor de futebol. Tem que haver relação humana, acho que isso falta para o São Paulo hoje. Saber as dificuldades de cada um, até sobre relação familiar. Se o jogador está saindo à noite, por que isso está acontecendo? De repente ele está sozinho na cidade, ou brigado com a mulher. Isso tudo influi diretamente no time. O sujeito é demolido por problemas de família, por treinadores arrogantes, e o dirigente fica assistindo a tudo isso de longe, pela televisão, achando que o time é que vai jogar. Só que isso só acontece se o time estiver bem preparado.

R7 - Quais os principais problemas do São Paulo hoje?

Marco Aurélio Cunha - O São Paulo não é um clube modelo universal. O clube tem falhas e tem grandes benefícios. O São Paulo já está pronto, tem coisas que são muito superiores a outros clubes. Mas se você conhece clube pequeno, vê a dificuldade que é pagar o ônibus, arrumar um hotel, pagar salário, aí você aprende. Às vezes o São Paulo parece filho de rico. Superficializa tudo porque ali tem todas as facilidades. E não se conhece a engrenagem mais baixa, mais difícil.

 


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