Lucas já participa da pré-temporada no Tottenham
PETER NICHOLLS/Reuters/17-07-21Pode parecer estranho imaginar um jogador de ponta, em uma grande equipe da Europa, viver em Londres como um cidadão comum. Esse, porém, é o caso de Lucas Moura, 28 anos, meia-atacante do Tottenham e que consolidou uma carreira na Europa, jogando apenas em dois grandes clubes: no time inglês, onde está desde 2018, e no Paris Saint-Germain, para onde se transferiu em 2013, após iniciar a carreira no São Paulo, em 2010.
Lucas quer um título pelo Tottenham
Neil Hall/EFE/21-03-21Pode-se dizer que, na trajetória de Lucas, se manter longe dos holofotes e das badalações de celebridades, não significa que ele teve menos sucesso. Pelo contrário. Vem atuando em alto nível, nos principais centros de futebol do mundo, como se seguisse uma cartilha já iniciada em seus tempos de categorias de base, quando ia com os pais, de Diadema ao Corinthians, para treinar no clube. E depois, quando percebeu um melhor acolhimento do São Paulo, e para lá se transferiu aos 13 anos.
Lucas pensa em um dia retornar ao São Paulo
Rubens Chiri/Agência Estado/28-05-11A seleção, neste sentido, veio como uma consequência natural. Fazendo uma dupla infernal com Neymar, ele já atuava pela sub-20 desde 2010. E foi convocado pela primeira vez para o time principal em 2011, por Mano Menezes, para um amistoso contra a Escócia. Desde então, atuou em 35 jogos, tendo marcado quatro gols. Sua passagem no time nacional foi marcada por idas e vindas. Mesmo assim, Lucas ainda tem como objetivo disputar a Copa do Mundo do Qatar de 2022.
"A possibilidade de voltar à seleção sempre esteve na minha cabeça, sempre foi real para mim, quando você joga em um centro de alto nível como é a Premier League e você está sempre participando e jogando neste nível, você tem que sonhar com a seleção, sonhar em servir seu país e a seleção sempre esteve na minha cabeça, sempre foi um grande objetivo", disse Lucas, ao R7.
Para ele, o trabalho em um clube grande acaba sendo a motivação para defender seu país. Lucas já iniciou a pré-temporada pelo Tottenham, participando de amistosos contra o Leiton Orient, em empate por 1 a 1, no último dia 17, e contra o Colchester United, na vitória por 3 a 0, no último dia 21.
"É claro que essa possibilidade de voltar para a seleção e, com a Copa do Mundo do Qatar chegando, isso me motiva. Tenho de me dedicar cada vez mais, buscar cada vez mais o meu melhor para poder ter outra oportunidade", ressalta.
Lucas despontou como um talento nato, brilhou no São Paulo e, no dia em que a equipe conquistou sua última competição internacional, a Sul-Americana de 2012, em 12 de dezembro, ele se despediu do clube para ir ao Paris Saint-Germain. Teve, como sempre diz, o privilégio de viver em dois dos principais centros europeus: Paris e Londres. Cada uma, com uma característica. Em Paris, no entanto, os desafios foram maiores.
"A maior dificuldade foi quando cheguei em Paris, na época eu era muito novo, saindo do meu país, de perto de minha família, dos meus amigos, do lugar que eu estava acostumado e chegando em um lugar totalmente diferente, idoma, cultura, clima, isso foi mais complicado. A chegada à Londres foi mais fácil por já ter essa experiencia em Paris", conta o jogador, que se diz adaptado à capital inglesa.
"Londres é muito bacana, o pessoal muito pra frente, animado, tem muitos brasileiros, muitos restaurantes brasileiros, isso ajuda bastante, está sendo muito bacana morar em Londres e também foi uma experiência fantástica morar em Paris, dois grandes centros do mundo, dois grandes presentes que eu recebi de Deus", observa.
Morar em uma cidade cosmopolista ajudou Lucas a se sentir melhor acolhido. Nas horas de folga, ele costuma percorrer como um anônimo as tradicionais ruas da cidade. Isso quando não está recolhido em sua casa, que é algo que ele adora fazer.
"Eu sou um cara muito caseiro mesmo, amo curtir minha casa com amigos, fazer churrasco, pizza, jogar baralho, gosto muito de fazer essa bagunça em casa. Fora isso, tem muitos restaurantes brasileiros em Londres, então eu gosto também de passear de vez em quando nestes restaurantes, de ir na Igreja, tem algumas igrejas brasileiras também, então sou um cara muito tranquilo", revela.
Mas quando o assunto são os filhos, Lucas deixa de lado a camisa de seu clube, para vestir a camisa de pai. Aí, não tem jeito. Criança, afinal, quer mais é brincar e o que não faltam são atrações na cidade.
"Gosto também de levar meus filhos no playground, que tem aqueles brinquedos de pula-pula, piscina de bolinha, essas coisas que eu sei que eles gostam bastante. Tem muitos parques também aqui em Londres, então nesse tempo agora de verão dá para ir fazer piquenique, passear no parque, tem bastante parquinho, essa é a minha rotina, as coisas que eu gosto de fazer por aqui", ressalta.
No futebol, Lucas não esconde que seu projeto é um dia voltar a jogar no São Paulo. Mas até evita falar no assunto, já que ainda tem um contrato vigente e esse é um objetivo de longo prazo. O semblante permanece o do mesmo menino que um dia acharam parecido com Marcelinho Carioca.
Por trás da aparência, porém, está um grande aprendizado. Fora do campo, conheceu novas culturas. E dentro dele, novas ideias e técnicos. O seu preferido? Ele não titubeia em apontar que é José Mourinho, no Tottenham, que agora se transferiu para a Roma.
"O treinador com quem eu mais me dei bem, mais me deu confiança, moral e me senti muito à vontade, sem dúvida foi o Mourinho. É um cara muito transparente, muito verdadeiro, não tem tapinha nas costas, conversinha. Mourinho fala tudo o que pensa na frente do jogador. Foi um cara que eu gostei demais de trabalhar, me deu muita confiança, moral, a questão do idioma ajudou bastante também. Foi uma experiência fantástica que eu tive em trabalhar com ele, sem dúvida um dos maiores treinadores da história", conta.
Lucas chegou cedo à seleção
DORIVAL ROSA/Agência Estado/06-06-11Vice-campeão da Champions de 2019 por seu atual clube, Lucas se sente em uma equipe de ponta. Pelo PSG colecionou títulos. Na seleção brasileira, foi campeão da Copa das Confederações de 2013 e, na olímpica, ficou com a prata em Londres 2012, entrando em quatro das seis partidas, inclusive na final.
Mas ele não esconde que, diante de toda a estrutura existente no Tottenham, é mais do que hora de o clube ganhar um título. Essa é a sua principal expectativa em relação à próxima temporada. Inclusive, para facilitar um retorno à seleção.
"Minha maior expectativa para a próxima temporada é jogar o máximo de jogos possíveis, ajudar a equipe e, sem dúvida, como sempre foi em outras temporadas, meu objetivo é conquistar um título, um troféu com esse time. Esse clube tem toda a estrutura, tudo que é preciso para conquistar um título, agora só falta aplicar, colocar em prática. Sabemos que não é fácil, é muito acirrada a briga aqui, mas a gente tem todas as condições de conquistar um título nesta temporada", afirma.
Para tanto, nem importa a posição em que irá atuar. Lucas se diz amadurecido, por ter se tornado um jogador mais versátil, que joga tanto na ponta, onde começou a atuar quando foi para o futebol europeu, e na meia, onde mais gosta de jogar, lembrando de seus tempos das categorias de base. Até como centroavante ele diz ter se adaptado.
"Quando eu cheguei no Tottenham, comecei a jogar em uma posição em que nunca tinha jogado, então fiquei mais versátil depois que eu cheguei aqui, fiz alguns jogos como centroavante", destaca.
O primeiro passo para realizar essa façanha será já na primeira rodada da próxima Premier League. O Tottenham de Lucas irá receber, no dia 15 de agosto, o atual campeão, o Manchester City, de Guardiola, De Bruyne, Gabriel Jesus e cia. Será a primeira prova de fogo, de muitas na temporada. Para Lucas, porém, isso não costuma ser problema. E sim, mais um desafio.
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