É justo que um time tenha torcida e o outro não dentro do mesmo campeonato?
MOURãO PANDA/O FOTOGRÁFICO/ESTADÃO CONTEÚDO - 18/08/2021Como quase tudo no futebol brasileiro, a volta do público aos estádios é motivo de grande discussão entre clubes e federações. Times como Atlético-MG e Flamengo já receberam autorização do STJD para receber suas torcidas em partidas do Campeonato Brasileiro, o que gerou indignação entre outras agremiações. A CBF também questiona a vantagem adquirida desses clubes terem seus torcedores presentes nos estádios.
Enquanto entidade e clubes travam um duelo nos bastidores das competições nacionais, tanto o Galo quanto o Rubro-Negro jogam já com a liberação para receber torcida em jogos da Copa Libertadores. Diferentemente da CBF, que planeja liberar o público para todos ou para ninguém, a Conmebol permitiu a presença de torcedores em suas competições mesmo se um país autorizar e outro não.
A CBF elaborou um protocolo para a retomada do público em suas competições. A validação do documento que prevê apresentação de exames RT-PCR negativo, comprovante de vacinação, entre outras medidas, ainda depende do consenso de todos os envolvidos esportivamente e as autoridades públicas.
“Ressaltamos que presença de público depende da anuência das autoridades sanitárias locais. Nosso parecer leva em consideração o contexto atual do Brasil em relação ao combate à covid-19”, disse o presidente da Comissão Nacional de Médicos do Futebol (CNMF) e líder da Comissão Médica Especial da CBF, Jorge Pagura.
O Flamengo goleou Defensa y Justicia, da Argentina, e Olímpia, do Paraguai, em Brasília, no estádio Mané Garrincha, por oitavas e quartas de finais, respectivamente. Já o Atlético-MG encarou o argentino River Plate, também nas quartas de final, no Mineirão.
Nesses três jogos, é impossível não mencionar o impacto positivo que milhares de torcedores tem no desenrolar do jogo. Por mais racional que pareça uma decisão dentro de campo, sabe-se que ela é sugestionada por diversos aspectos que dialogam muito mais com o sensorial do que com o prático.
Nesse cenário de altíssima pressão, com inseguranças e nervosismos, ter milhares de vozes incentivando, empurrando para frente, é determinante. No caso do Galo, ter a massa atleticana vibrando a cada jogada do time sem dúvida alguma foi um combustível a mais na construção do histórico 3 a 0, enquanto o River não teve a mesma sorte e não pôde contar com sua torcida no Monumental de Núñez, quando perdeu por 1 a 0.
"A retomada segura depende de todos. Vale reiterar que o Mineirão observou torcedores que deram exemplo e seguiram as recomendações. Para o próximo jogo, o Mineirão estuda implementar ainda mais melhorias e espera, por parte do torcedor, que comportamentos negativos deste primeiro jogo teste sirvam de aprendizado para todos", disse a administração do Mineirão, em nota, após o descumprimento de protocolos de segurança contra a covid-19.
Na Série B do Brasileirão, times como o Botafogo se pronunciaram contra liberação de público para apenas alguns clubes. Isso porque o Cruzeiro, tal como o Galo, recebeu autorização da prefeitura de BH para o retorno da torcida.
"O posicionamento é direto e claro: o Botafogo é contra qualquer tipo de privilégio e exceção que não atenda a totalidade dos clubes. O princípio da isonomia é um pilar fundamental e que deveria ser uma premissa inabalável quando se trata de uma competição", pontuou o Botafogo em comunicado.
Tendo em vista o desequilíbrio que é ter um time com torcida e o outro sem, a volta de público no Campeonato Brasileiro é objeto de muita discussão. CBF e clubes como Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo se manifestaram contra a liberação de público para apenas alguns clubes.
Já na Copa do Brasil, esse retorno está sujeito à aprovação das autoridades de saúde de cada Estado. Ou seja, por enquanto, as regras valem apenas para a competição de mata-mata e só serão permitidas torcidas mandantes para evitar o deslocamento de público visitante.
A previsão era de que as quartas de final do torneio, que ocorrem já na próxima semana, seriam usadas como eventos testes para aplicação do protocolo, no entanto, é improvável que isso ocorra por conta de restrições do próprio documento.
De acordo com o protocolo, se uma equipe não receber aval para ter torcida, o adversário também não terá em seu jogo como mandante.
O texto também prevê que a diferença entre o percentual de público para cada time será de 15% no máximo, isto é: se time A puder receber 15% de público, time B poderá ter apenas 30% de sua torcida presente, mesmo que tenha autorização para público maior.
Corpo que caiu de avião era de jogador da seleção do Afeganistão