Brinco de Ouro recebeu um público de 4 mil torcedores
Luiz TeixeiraDois dos times mais tradicionais do futebol de São Paulo, Guarani e Portuguesa, que já participaram de finais do Campeonato Brasileiro, sendo o Bugre campeão da edição de 78, vencendo o Palmeiras na grande decisão, hoje amargam e disputam a angustiante e complicada Série C, brigando cabeça a cabeça pelo sonho de voltar à segunda divisão nacional em 2016 e, que sabe, retornar ao seu antigo ponto no ano seguinte. As duas equipes, que anos atrás realizavam clássicos regionais eletrizantes e com estádios lotados, voltaram a se enfrentar na noite da última segunda-feira (14), no Brinco de Ouro da Princesa, em circunstâncias completamente opostas daquelas vividas no tempos de Careca, Dener, Capitão, Amoroso, Luizão e Enéas. Desta vez, o clima era de guerra em Campinas.
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O futebol, que era o foco principal da partida entre os times paulistas, ficou, infelizmente, em segundo plano, na vitória Bugrina por 1 a 0, com gol do ex-lusitano Alan Dias. Tentando retornar ao G-4, a Portuguesa, com 24 pontos, precisava de uma vitória a qualquer custo, assim como o Guarani, que, agora com 23 pontos, caso não vencesse a Lusa, estaria matemáticamente fora da disputa por uma vaga na segunda fase.
O início da confusão
Dirigida por Estevam Soares, ex-jogador do Guarani na década de 70, a Portuguesa chegou ao estádio às 19h, cerca de uma hora e meia antes do início da partida. Como é de costume em partidas fora de casa, o time visitante foi bastante hostilizado pela torcida local, o que é completamente normal, ainda mais em uma partida que valia muita coisa. Tanto que, ao entrar no vestiário, a comissão técnica lusa notou que o local era o único espaço do estádio que não possuia energia elétrica, forçando assim os jogadores a se prepararem no escuro.
Vestiário da Portuguesa totalmente escuro antes da partida contra o Guarani
Carlos Ferreira/ Aquivo PessoalApesar desse problema, os jogadores fizeram o processo de aquecimento no gramado e foram pro jogo, mas os dirigentes da Portuguesa fizeram questão de alerta o quarto árbitro da partida, Flavio Rodrigues de Souza, sobre o problema ocorrido no vestiário de número dois.
O jogo fluiu normalmente durante os 45 minutos iniciais, quando o Guarani mostrou-se superior e abriu o placar com Alan Dias, de cabeça, após cobrança de falta do jovem João Vitor, revelação das categorias de base do time campineiro. Fim de primeiro tempo, mas não fim das confusões.
Carlos Ferreira, diretor de marketing, mostrando a luz artificial usada pela Lusa
Luiz Teixeira/R7No intervalo do jogo, novas acusações surgiram por parte da Portuguesa, desta vez com alegações de que torcedores do Guarani tentaram invadir o vestiário lusitano no intervalo do jogo. Além disso, os dirigentes da Lusa que estavam em um dos camarotes do Brinco de Ouro revelaram que foram agredidos no intervalo de jogo e o clima só não piorou por conta de um dos seguranças lusitanos, que acabou levando a pior na confusão, ao tentar defender os dirigentes, e teve que ser encaminhado ao hospital.
Por conta do clima de guerra fora de campo, os dirigentes da Portuguesa presentes no Brinco se reuniram com o árbitro Vinicius Gonçalves Dias Araujo para tratar da situação. O juiz, após ouvir as declarações do supervisor lusiano Lucas Carvalho Magalhaes e do fiscal da Federação Paulista de Futebol, Elton Correia Primo, relatou tudo na súmula da partida, podendo o Guarani ser punido com uma multa e também perda de mandos de jogo ainda nesta primeira fase.
“Fomos informados pelo Supervisor da equipe da Portuguesa, Lucas Carvalho Magalhaes, e pelo Elton Correia Primo, encarregado da fiscalização da Federação Paulista de Futebol que, no intervalo da partida, torcedores do Guarani invadiram o camarote destinado aos dirigentes da Portuguesa e agrediram os mesmos. Não foram identificados estes torcedores", diz a observação da súmula, assinada por Vinicius Gonçalves.
Já na parte de observações eventuais, o caso da falta de luz no vestiário também foi registrado pela arbitragem. “O vestiário da equipe da Portuguesa ficou sem energia elétrica durante toda a permanência da equipe no estádio, fato este confirmado pelo 4º árbitro e delegado da partida” (veja a súmula na imagem).
Ao fim da partida, o técnico Estavam Soares criticou o ocorrido em Campinas e comparou a situação ao que acontecia dos jogos mais catimbados fora de campo quando ele ainda era jogador profissional.
“Isso é coisa que acontecia no futebol dos anos 70 e 80. Não cabe mais ao futebol brasileiro esse tipo de coisa. Somos profissionais, merecemos respeito. O que aconteceu hoje não pode acontecer mais", desabafou o treinador lusitano.
Com a vitória por 1 a 0, o Guarani chegou a 23 pontos e agora ocupa a sexta posição, dois pontos a menos que o Juventude, primeiro time na zona de classificação para a segunda fase. Já a Portuguesa, com mais esta derrota, caiu a quinta posição, com 24 pontos. As duas equipes voltam a campo no próximo final de semana, pela 17ª e penúltima rodada da primeira fase. O Guarani vai até Pelotas enfrentar o Brasil, no sábado (19), às 19h, enquanto que a Portuguesa visita o Caxias, no domingo (20), às 11h.