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Unanimidade nacional, Tite começou o trabalho na seleção brasileira com o pé direito ao vencer Equador, fora de casa, e Colômbia, em Manaus. Feliz no cargo, o treinador confessou, em entrevista para a revista Veja, que não acompanhava o cotidiano do time verde-amarelo antes de ser convidado pela CBF para substituir Dunga
Pedro Martins/MoWA Press
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"Eu não acompanhava muito os jogos da seleção. Porque eu ficava muito voltado ao clube. E também porque me machucava um pouco, eu entendia que poderia estar ali em 2014. Eu não queria fomentar sentimentos ruins. Com minhas fraquezas e limitações, ficava focado no meu trabalho no clube e tentava isolar. Não sou evoluído a esse ponto e por isso evitava assistir"
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Em sua conversa com a publicação, Tite fez diversos elogios ao palmeirense Gabriel Jesus, e disse que o garoto tem potencial para se firmar como o camisa 9 da equipe e, de quebra, ajudar Neymar a render seu melhor futebol
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"O Gabriel pode jogar na ponta, mas de 9 ele é letal. Se ele recebe um passe por cima, contra uma defesa alta, com a velocidade que ele tem, só para dentro do gol. Além disso, conversei com Muricy Ramalho e Dorival Júnior e eles me disseram que o Neymar se sente mais confortável da esquerda para o centro, flutuando por trás dos volantes. E minhas observações sobre o Barcelona comprovaram que é mesmo ali que ele rende mais. No futuro, poderia levá-lo para a direita, mas esse é um estágio de evolução. O Gabriel Jesus pode ser o 9, tem todos os predicados. É jovem, vai desenvolver o cabeceio, o chute de perna esquerda"
Pedro Martins / MoWA Press
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Tite também falou sobre suas atuais convocações e planos futuros, e mandou um aviso direto a um ex-comandado seu nos tempos de Corinthians. "Vou confessar: o Jadson, por exemplo, é um jogador que poderia ser convocado se não estivesse na Série B da China. Mas estamos analisando tudo. O Matheus (Bachi, seu filho e auxiliar) viajou à China para analisá-los. E eles terão de se preparar mais, começam os treinamentos antes dos colegas"
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Com relação aos seus antecessores, Felipão e Dunga, Tite admitiu que ainda não conversou com nenhum deles. O gaúcho falou também que ficou magoado por não ter assumido o comando após a Copa de 2014, época na qual a CBF optou pela volta do ex-volante do Inter no lugar de Scolari.
"Com Felipão, preciso de mais tempo para as coisas se acertarem. Com o Dunga é diferente. Eu não queria colocá-lo em saia-justa. Eu me coloquei no lugar dele, não gostaria de ter meu trabalho interrompido. Vou ser direto: não concordei com a escolha do Dunga. Ponto. Mas acho que se deram a chance, ele deveria ter terminado o trabalho. Fico chateado com a situação dele, não poderia ligar 15 dias depois de ele sair para falar sobre coisas que ainda devem machucá-lo. Eu tentei ter sensibilidade e respeito, por isso não o procurei ainda"AE
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Apesar de admitir estar vivendo uma realização profissional, Tite classificou como "utopia" projetar sua permanência no cargo até a Copa do Qatar, em 2022, e até arriscou apontar quais técnicos da nova geração têm potencial para assumir a cobiçada posição.
"Entre os profissionais da Série A, Roger Machado e Eduardo Baptista"Edmar Barros / Estadão Conteúdo
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O treinador também avisou aos torcedores o que pretende atingir em termos práticos com a seleção brasileira. "Depende de várias situações, do campo, do adversário. Quero um time que saiba fazer pressão alta, média e baixa. Gostaria de unir a organização de 1994 com o talento de 1982. Eu me encontrei com Parreira e Zagallo, da escola que eu me identifico, da posse de bola e do meio-campo com qualidade. Esses são princípios importantes"
REUTERS/Paulo Whitaker