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Foi lançado na noite desta sexta-feira (23), em São Paulo, o esperado livro O Lado Sujo do Futebol - A Trama de Propinas, Negociatas e Traições que Abalou o Esporte Mais Popular do Mundo (Editora Planeta), de autoria dos jornalistas Luiz Carlos Azenha, Amaury Ribeiro Jr., Leandro Cipoloni e Tony Chastinet. Tendo como ponto de partida uma série de reportagens da TV Record sobre irregularidades na CBF, que ajudou a precipitar a renúncia do ex-presidente da entidade, Ricardo Teixeira, os quatro jornalistas se aprofundaram ainda mais na investigação e desvendaram uma trama que tinha como alicerce o então presidente da Fifa, João Havelange, ex-genro de Teixeira. Leia mais.
Texto: Eugenio Goussinsky, do R7Eduardo Enomoto/R7
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Cerca de 700 pessoas estiveram presentes ao evento, entre jornalistas, autoridades e interessados em conhecer as manobras do ex-dirigente. Chefe de redação da TV Record, Leandro Cipoloni comentou.
— O livro é muito amplo, pega toda a história do João Havelange, como ele criou o futebol brasileiro, a CBF, o Ricardo Teixeira e o Joseph Blatter e o que decorreu a partir daí. E vai mais além: conta como João Havelange e Ricardo Teixeira criaram uma máquina de fazer e lavar dinheiro
Ele também fez um alerta.
— O Ricardo Teixeira manda no futebol brasileiro ainda. O Marin ficou na CBF com a aprovação dele, tanto que nenhuma investigação foi aberta depois que o Teixeira saiu. Agora o Marco Polo del Nero foi eleito presidente da CBF com o aval do Ricardo TeixeiraEduardo Enomoto/R7
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Entre os representantes da Record, estiveram presentes o vice-presidente de relações institucionais da Rede Record, Zacarias Paganelli; o vice-presidente de jornalismo da Rede Record, Douglas Tavolaro; o diretor-geral do Portal R7 da Rede Record, Antonio Guerreiro, e o diretor da Record News, Aílton Nasser. Três dos autores, Azenha, Cipoloni e Ribeiro Jr., são jornalistas da TV Record. Já Chastinet é jornalista da TV Bandeirantes.
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O clima de descontração marcou o encontro entre os quatro jornalistas, que recebiam os convidados com muito bom humor. Azenha explicou como foi feito o trabalho:
— Nós nos dividimos na investigação: Tony e Amaury foram para os cartórios. Eu atuei mais na apuração na rua. O Cipoloni coordenou o time, fez a função do técnico.
Mas na hora de falar sobre as conclusões, a conversa ficava séria.
— Documentos obtidos na Suíça demonstram que Ricardo Teixeira e João Havelange desviaram da CBF o que hoje seriam R$ 60 milhõesEduardo Enomoto/R7
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O autor completou:
— Eles usaram o futebol brasileiro, a camisa da seleção brasileira, símbolos do Brasil para ganhar dinheiro, privatizando o futebol. O futebol teria de atender o interesse público e não é isso que acontece no Brasil hojeEduardo Enomoto/R7
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A imagem de jovens universitários, de mochila nas costas e boné às avessas, se interessando em saber o que se passava no local demonstrou que o impacto do livro está chegando às novas gerações. Outro autor, Tony Chastinet, ficou satisfeito com essa receptividade e com o comparecimento maciço do público, que lotou as dependências da Livraria Cultura, na avenida Paulista.
— Foi uma iniciativa importante, está despertando a atitude das pessoas
A previsão da Editora Planeta é de que os 14 mil exemplares distribuídos pelo Brasil se esgotem em no máximo duas semanas. Na sessão de autógrafos desta sexta-feira (23), foram vendidos mais de 400 livrosEduardo Enomoto/R7
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Muito experiente nesta área de jornalismo investigativo, o repórter Amaury Ribeiro Jr. informou que o livro já está sendo o mais vendido nesta semana, entre as livrarias de São Paulo. Ele fala com conhecimento de causa, afinal, seu primeiro livro, A Privataria Tucana, que desvenda irregularidades nas privatizações ocorridas no governo do ex-presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso (1995-2003),do PSDB, está chegando à casa dos 200 mil exemplares vendidos.
— O livro que lançamos hoje vai repetir o sucesso. O descontentamento das pessoas com a Copa é porque elas estão cansadas da corrupção. O livro já nasce como um best-sellerEduardo Enomoto/R7
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O apresentador Marcelo Rezende, do Cidade Alerta, da TV Record, prestigiou o lançamento e revelou que deixou de ser torcedor do Flamengo em 1989, quando parou de se interessar por futebol.
— Fiquei desanimado por essas coisas que o livro traz. Criei um lema: ladrão por ladrão, vou cuidar dos originais. Esses do livro não são do mesmo tipo dos originais, mas roubam muito mais dinheiro
Para ele, o futebol ganhou outra função:
— Às vezes assisto jogos quando estou com insôniaEduardo Enomoto/R7
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Quem também esteve presente foi o secretário municipal de Esportes, Lazer e Recreação de São Paulo, Celso Jatene.
— Trata-se de um trabalho sério. Este livro, em todos os aspectos prova uma verdade: o futebol está vivendo um momento delicado, em todos os sentidos e em todas as partes do mundo
Jatene, santista de coração, usou como exemplo a falta de transparência na negociação de Neymar para o Barcelona, revelada no início do ano.
— Acompanhei tudo isto com um gosto amargo na bocaEduardo Enomoto/R7
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O jornalista Reinaldo Gottino, da TV Record, destacou o caráter investigativo do trabalho.
— Não é apenas um livro, é uma grande reportagem, feita com base em uma série de documentos consistentes que confirmam uma denúncia. É muito interessante este diferencial que a obra nos apresentaEduardo Enomoto/R7
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Na opinião do desembargador federal Fausto De Sanctis, a partir do exemplo desse livro, é importante dar prosseguimento a investigações para desmantelar outros esquemas fraudulentos dentro do futebol:
— É um livro de peso, que possibilita o torcedor a começar a conhecer estas histórias, mas não se pode parar por aí, é preciso saber outras maisEduardo Enomoto/R7
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Márcio Campos, repórter da TV Bandeirantes, que compareceu para dar um abraço nos amigos, comparou a publicação de um livro com a paternidade.
— O livro imortaliza um fato, é como um filho, que é preciso cuidar para o resto da vida. Uma apuração como esta, investigativa e cheia de credibilidade, precisa ser preservada para o resto da vidaEduardo Enomoto/R7
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O diretor da Record News, Aílton Nasser, considera que trabalhos como esses são fundamentais para o entendimento das razões pelas quais o futebol vive uma crise fora do campo.
— Esse livro nos ajuda a olhar com outros olhos a maneira como os dirigentes maltratam uma paixão brasileiraEduardo Enomoto/R7
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O vereador Marco Aurélio Cunha, ex-dirigente do São Paulo, compareceu para demonstrar apoio à iniciativa. Ele considera que as mudanças no futebol são muito lentas e, para que os dirigentes se inibam antes de cometer falcatruas, investigações criteriosas, como a feita pelos autores, são o melhor antídoto.
— Toda investigação feita com fundamentos tem bom resultado. Mesmo uma verdade, sem argumentação bem estruturada, dá margem para uma defesa bem feita contrariar esta verdade e ainda sair como inocenteEduardo Enomoto/R7
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Expert em longas investigações, o repórter Lourival Sant'Anna, de "O Estado de S. Paulo", destacou o fato de o livro O Lado Sujo do Futebol ter sido feito por quatro jornalistas.
— Acho que este fato multiplica por quatro a autocrítica, que é importante para um repórter, mas também multiplica a astúcia, a intuição, a capacidade de detectar o fio da meada. Isso potencializa muito a investigação, ainda mais em se tratando de repórteres experientesEduardo Enomoto/R7
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Já a jornalista Carla Cecato cita que, em nove anos de TV Record, passou a admirar os autores pela competência.
— É preciso ter organização e responsabilidade para fazer um livro de denúncia com esta qualidade. Tenho certeza de que a obra vai se destacar pela credibilidade, contundência e profundidade. Vou ler sem ressalvas porque sei que tudo que está ali tem fundamentoEduardo Enomoto/R7
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Heleine Heringuer, repórter da TV Record, destaca a coragem dos autores do livro em irem a fundo nas investigações para denunciar irregularidades que quase não são divulgadas.
— Eles têm o perfil de ir a fundo nas investigações, para mostrar o lado B do futebol brasileiro, um lado que nem a imprensa quer revelar com profundidade. Eles tiveram a competência e a coragem para apontar as feridasEduardo Enomoto/R7
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O repórter Cosme Rímoli, titular de um blog no Portal R7 da Rede Record, contou que leu o livro e destacou a importância do trabalho de esclarecimento daqueles que acompanham o futebol:
— O Brasil precisa de livros assim, que demonstrem o que acontece realmente nos bastidores do futebol brasileiro. O torcedor precisa deixar de ser ingênuoEduardo Enomoto/R7
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Rodrigo Vianna, repórter da TV Record, foi enfático ao apontar o que ele considera a maior qualidade do livro:
— É importante, principalmente, contar a história de quem foi Ricardo Teixeira. O futebol brasileiro não se confunde com Ricardo Teixeira, é muito maior do que ele. Mas não se pode deixar de conhecer como se constituíram os subterrâneos e as sombras de relações marcadas por interesses
O jornalista é favorável à realização da Copa do Mundo no Brasil.
— É um projeto interessante, esses problemas existem há décadas, em outras Copas. E o brasileiro acha que tudo é pior aquiEduardo Enomoto/R7
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E, apesar de ser apenas um jogo, o futebol, para o repórter Fernando Fernandes, da TV Bandeirantes, não pode ser levado na brincadeira.
— Tem de se investir na transparência. O futebol é uma coisa muito séria, e ainda não é levado desta maneira. Isso precisa mudar e livros deste tipo são iniciativas saudáveis que caminham neste sentidoEduardo Enomoto/R7
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Apresentador do Jornal da Record, Celso Freitas não escondeu, durante o lançamento, ser torcedor do São Paulo. Ele acompanha futebol com paixão, mesmo consciente de que, nos bastidores, há muita falta de transparência:
— Torcer a gente sempre torce, vibra e espera a vitória da equipe. Claro que a máfia existe, de maneira geral, é algo abrangente, em nível mundialEduardo Enomoto/R7