Vinícius tenta jogada no Pacaembu, quando ainda defendia o Palmeiras
FERNANDO DANTAS/Gazeta PressO atacante Vinicius, de 22 anos, surgiu como uma grande promessa no Palmeiras, mas devido a alguns "sofrimentos" no futebol, segundo ele próprio, acabou não emplacando no clube e rodou por equipes como Vitória, Ceará e Capivariano.
Jogador mais novo a atuar pelo time profissional do Verdão, estreando aos 16 anos em 2010, o atleta celebra o atual momento no Coritiba, que ele mesmo classifica como "um dos melhores de sua carreira". O atacante ainda tem contrato com o Palmeiras até dezembro de 2017 e está emprestado ao Coxa até o fim de 2016.
Desde que chegou à capital paranaense, no início da atual temporada, Vinicius fez oito jogos como titular e marcou dois gols. Vice-campeão estadual após sofrer duas derrotas doloridas para o arquirrival Atlético-PR, o atacante estreou no Brasileiro dando uma assistência para Kleber Gladiador, na vitória por 1 a 0 sobre o Cruzeiro.
Além de comentar sobre os problemas que enfrentou em seis anos de jogador profissional e a nova fase no Coxa, o atleta contou como a sua mulher, Pâmela, de 23 anos, e o seu filho, Vinicius Jr., de 1 ano e 10 meses, mudaram sua cabeça e o deixaram mais maduro.
Ele ainda rebateu a fama de marrento do amigo Casemiro, ex-São Paulo e atual volante no Real Madrid, que pode ser bicampeão da Champions League neste sábado.
R7 - Depois de não ter emplacado no Palmeiras, você tem feito boas apresentações no Coritiba e é titular ao lado do Kleber Gladiador em algumas oportunidades. O que mudou?
Vinícius - O momento no Coritiba é muito bom. Um dos melhores desde que subi para o profissional. Estou muito feliz. Todos gostam de mim no clube. Também me adaptei muito rápido à cidade, que é maravilhosa. Penso até em morar aqui de vez. Quero conquistar grandes títulos. Nos últimos anos, o time brigou por lugares onde não deveria estar. Espero que neste ano seja diferente.
R7 - Você falou sobre as outras pessoas gostarem de você e a adaptação à cidade. Mas também houve alguma mudança sua de comportamento?
Vinícius - Por todos os lugares onde passei, sempre trabalhei com grandes profissionais. No Palmeiras, Vitória, Ceará...Só que agora estou mais maduro. Claro que há lugares em que você se dá melhor com a comissão técnica e os companheiros de elenco. É o que tem acontecido no Coritiba. Mas, o fundamental mesmo, foi a experiência que ganhei com as situações adversas que aconteceram, com o sofrimento...
R7 - Que sofrimento?
Vinícius - Às vezes, o técnico não vai com a sua cara, o que é normal, né? Aí arruma problema com você...Ou sei lá, você pode estar em um dia ruim e o treinador não gostar. Tudo isso te prejudica no clube porque aí você não é escalado. Tem diretorias que pedem para colocar um determinado jogador no seu lugar. Aconteceu comigo e eu não estava preparado para lidar com a situação. Só que no final tirei coisas positivas. Foi um aprendizado.
R7 - E quais foram os seus erros neste processo?
Vinícius - Errei em não ter paciência. Cheguei a ficar um período afastado no Palmeiras e era a época de esperar um clube bom para eu sair. Por ter passado por um ano não tão bom, queria jogar, né? Foi aí que cometi os erros. Fui para a primeira equipe que apareceu. Uma equipe não tão tradicional...de menor expressão como o Capivariano. Deveria ter tido mais paciência. Posso ter cometidos outros erros que não me recordo agora. Mas, no futebol é difícil porque, às vezes, você erra e acaba acertando, ou então, acerta e depois dá tudo errado. É complicado.
R7- Ser pai te ajudou a ter mais paciência para não tomar mais decisões, que, ao seu ver, foram erradas?
Vinícius - Na verdade, tento ser um pai e um marido presente fora dos gramados. E, na carreira, um ótimo profissional. Ser pai é um sentimento insubstituível. Agrega muito no lado pessoal. Faz você ser um homem mais maduro. Agora sempre penso no meu filho em primeiro lugar, antes de fazer qualquer coisa. Sou um cara apegado à família. Um filho muda toda a sua rotina.
R7 - Você surgiu muito novo no Palmeiras e jogou junto ou contra alguns grandes talentos desta nova geração. Tem algum nome que você destaca?
Vinícius - Cresci jogando contra o Casemiro. Ele é meu amigo, meu parça. Joguei contra o próprio Neymar também. Na minha época de base era assim: Neymar no Santos, Lucas e Casemiro no São Paulo. No Palmeiras, eu atuei ao lado do Gabriel Silva, que hoje está na Itália. Depois de virar profissional, acabei fazendo amizade com o Gabigol [do Santos].
R7 - E como está o Casemiro? Tem falado com ele? É um jogador que saiu com fama de marrento daqui do Brasil e agora pode ser bicampão da Champions League...Chega a ser uma surpresa o sucesso dele na Europa em um time tão grande como o Real?
Vinícius - Falei com ele só na virada do ano, porque meu telefone quebrou e perdi o número, aí fica difícil...A gente troca algumas mensagens pelo Instagram. Torço por ele. Espero que o Real seja campeão da Champions porque é muito bom ver um amigo chegar ao patamar em que ele chegou.
Pelo jeito que ele saiu do São Paulo, foi uma surpresa ele ter este sucesso, mas não surpresa pelo talento, que eu sabia que ele tinha. Antes de voltar para o Real, ele comeu a bola no Porto. É um cara que se cuida. É um profissional muito bom.
R7 - Por que você acha que ele tem esta fama de marrento?
Vinícius - O que acontece é, que, às vezes, o jogador passa por alguns problemas. Talvez, ele não tenha respondido alguém do jeito que a pessoa quis. Pelo meu modo de ver, ele nunca foi marrento. Às vezes é o jeito da pessoa. No futebol, você não pode ser só do seu jeito, tem que ser político. Querendo ou não, você é uma figura pública. As pessoas não querem saber se você está com algum problema, se você terminou um relacionamento, se você brigou com seus pais ou brigou com algum amigo, ou até mesmo, faleceu algum amigo ou algum ente querido. É complicado.
R7 - Quais são os seus planos?
Vinícius - Quero fazer grandes jogos, gols e continuar sendo decisivo no Coritiba. Não penso em sair daqui por enquanto, a não ser que a proposta seja muito boa para mim e para o clube. E isso se for para jogar na Europa porque, no Brasil, estou muito feliz aqui.