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Estudo mostra preconceito nas transmissões de futebol na Europa

Análise revela que, na maioria das vezes, ações semelhantes são ligadas à inteligência para brancos e à força e velocidade para negros e outras etnias

Futebol|Eduardo Marini, do R7

Lukaku, da Inter de Milão, ironizou os comentaristas: 'elemento de ritmo e potência'
Lukaku, da Inter de Milão, ironizou os comentaristas: 'elemento de ritmo e potência' Lukaku, da Inter de Milão, ironizou os comentaristas: 'elemento de ritmo e potência'

Um estudo de fôlego, que acaba de ser divulgado pela organização europeia RunRepeat em parceria com a Professional Footballers Association, o sindicato de jogadores de futebol da Inglaterra e do País de Gales, mostra que, na suprema maioria dos casos, há um forte viés de preconceito de locutores, comentaristas e jornalistas nas transmissões dos jogos das principais ligas da Europa.

Os pesquisadores analisaram 2.073 comentários em 80 partidas da temporada 2019/20 na Itália, Inglaterra, França e Espanha. As declarações dos profissionais de comunicação envolveram 643 jogadores brancos e de várias outras origens e tons de pele.

As duas principais conclusões do estudo foram as seguintes:

Primeira: “as descobertas mostram comentaristas que elogiam jogadores com tom de pele mais claro como sendo mais inteligentes, de melhor qualidade e com maior volume de trabalho do que aqueles com tom de pele mais escuro”.

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Segunda: “jogadores com tom de pele mais escuro são significativamente mais propensos a serem reduzidos a suas características físicas ou habilidades atléticas do que os com tom de pele mais claros”.

Essa segunda comparação mostra que, na avaliação da maioria dos profissionais envolvidos nas transmissões, ações positivas semelhantes em campo eram quase sempre fruto da inteligência, no caso de brancos, e da força e da velocidade quando protagonizadas por atletas negros ou de outras etnias.

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Quando o assunto era inteligência, “62,60% dos elogios foram direcionados a jogadores com tom de pele mais claro e 63,33% das críticas dirigidas a atletas com tom de pele mais escuro”, revela o estudo.

Se o tema era força física, “há 6,59 vezes mais chances de os profissionais estarem se referindo a um jogador com tom de pele mais escuro”. Nos momentos em que se trata de velocidade, as chances de a referência ser feita a um jogador negro ou de outra etnia é 3,38 vezes maior.

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Por outro lado, nas ocasiões em que os temas envolviam postura pública e ética no trabalho, 60,40% dos elogios foram direcionados a atletas com tom de pele mais claro.

“Se não houvesse preconceito, a distribuição dos comentários para jogadores de diferentes cores de pele seria semelhante. Atletas com tom de pele mais claro devem receber a mesma proporção de comentários sobre, por exemplo, sua inteligência ou ética de trabalho, que aqueles com tom de pele mais escuro”, destacam os analistas.

“O fato de não ser esse o caso em uma amostra desse tamanho indica a existência de um viés de preconceito na maneira como a mídia discute os jogadores com base na etnia e cor da pele”, acrescentam.

Jogadores negros, incluindo alguns craques, criticaram o trabalho dos jornalistas europeus diante dos resultados. “É o que chamo de elementos de ritmo e potência”, rebateu com ironia e elegância o atacante negro Romelu Lukaku, nascido em Antuérpia, na Bélgica, titular da Inter de Milão e da seleção de seu país natal. A íntegra do estudo está disponível aqui.

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