Neymar pode estar cada vez mais próximo de se transferir para o Paris Saint-Germain. O time francês acena com a possibilidade de pagar a inacreditável multa rescisória de 2220 milhões de euros (R$ 820 milhões). Com medo de perder uma de suas principais estrelas, o Barcelona tenta se proteger e usa o Fair Play Financeiro da Uefa como álibi para bloquear a transação. Mas como funciona isso?
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O especialista em direito desportivo e dono da Desport Consultoria, Roberto Kioshi, explicou o que a medida imposta pela Uefa desde 2003 vem se aprimorando com o tempo. "O principal objetivo do Fair Play Financeiro é preservar a saúde financeira do clube e não deixar que ele gaste mais do que arrecada."
O objetivo do acordo também foi inibir o monopólio financeiro de investidores multimilionários no futebol e coibir que os clubes ganhem resultados esportivos somente com a força do dinheiro. Com a medida, as equipes precisam tomar cuidado para não gastar mais do que arrecadam em contratações, ou seja, monopolizando o mercado com estrelas.
"A investigação é feita pelo gasto geral do clube. Suponhamos que o PSG consiga pagar salário dos atletas, mas deva para funcionários do clube. Isso é considerado irregular pela lei do Fair Play Financeiro, já que o clube não está conseguindo ser saudável financeiramente", disse Roberto. Gastos em estádio, estrutura para as categorias de base e outras coisas que incentivem o esporte não são levados em conta no acordo.
No caso da possível ida de Neymar para Paris, Roberto explicou que, se a transação for enquadrada na lei, as punições não serão imediatas: "O Fair Play é analisado pelo comitê financeiro da Uefa. As investigações dos balancetes financeiros dos clubes são tri-anuais. Então o pagamento da multa, de imediato, não acaba impactando em nada, porém no final do triênio, que atualmente é de 2015 a 2018, será julgado e posteriormente sentenciado."
Além disso, o advogado também citou algumas das estratégias que o clube francês pode tomar para que não infrinja a norma da entidade europeia e ressaltou aonde os parisienses podem ter problemas.
"O Paris Saint-Germain com certeza só vai concretizar essa negociação se já estiver com aporte financeiro para isso. O Nasser Al-Khelaifi (dono do PSG) é CEO de muitas empresas, ele pode simplesmente negociar com alguma de suas empresas um acordo de patrocínio em que consiga arrecadar os 220 milhões de euros. Na verdade, o clube pode ter problemas com a Uefa nos gastos com salários. Só o Neymar vai receber cerca de 30 milhões de euros por temporada, então é nesse gasto mensal que o clube precisa tomar cuidado.
Mesmo se o clube for declarado culpado, as punições podem variar entre advertência, multa, perde de pontos em competições continentais e até exclusão de torneios. Sem uma definição do caso, Neymar voltou de Xangai, onde realizava compromissos profissionais, e se reapresentou nesta terça-feira ao Barcelona.
*Leonardo Vallejo, estagiário do R7