Membro do Comitê Organizador da Copa de 2014 e principal organizador da Copa da África em 2010, o dirigente sul-africano Danny Jordaan é um dos maiores críticos das manifestações racistas em estádios.
Em outubro de 2013, o marfinense Yaya Touré, que joga pelo Manchester City, foi vítima de racismo em um jogo da Liga dos Campeões da Europa contra o CSKA, na Rússia. Logo depois, o atleta ameaçou um boicote de negros na Copa da Rússia em 2018.
Jordaan diz ser contrário às paralisações na Copa de 2018, porque diz não “resolver o problema”. No entanto, condena o que aconteceu com Touré e “já aconteceu com outros jogadores africanos, como George Weah [liberiano eleito o melhor jogador do mundo em 1995]”. Ele ressalta que a UEFA intensificou a propaganda para evitar atos racistas.
— Já temos uma campanha em andamento para a Copa do Mundo que, em todo jogo da UEFA, é mostrada uma faixa com os dizeres “Say no to racism” [“Diga não ao racismo”, em inglês] ou “Show racism the red card” [Dê um cartão vermelho ao racismo”]. [...] Temos que combater o racismo de todas as formas. Espero que essas mensagens tenham sido entendidas e que não ocorra qualquer episódio desagradável na Copa do Mundo do Brasil.
Copa do Mundo não deixará legado de segurança nos estádios brasileiros
Em 2012, Jordaan deixou de ir à Eurocopa da Ucrânia e da Polônia depois que gritos ofensivos das arquibancadas, imitando macacos, tiveram o jogador italiano Mario Balotelli como alvo. Na ocasião, alegou que “o problema não é com a UEFA, mas com a ideia de dar suporte a uma ideia que o racismo é uma forma de tratamento em descrédito e em desuso”.
Final no Maracanã
Entre as cinco seleções africanas que vêm ao Brasil — Nigéria, Camarões, Gana, Costa do Marfim e Argélia —, Jordaan aponta Gana e Costa do Marfim como “os times mais fortes”.
— Acho que todos os times africanos vão para competir no Brasil. O problema de sempre dos países africanos é a troca constante de treinadores, salários e contratos. Mesmo assim, vamos dar nossa contribuição para a Copa do Mundo.
O sul-africano alerta, porém, que o continente deveria enviar mais equipes para Mundiais, já que são “54 países e enviamos, em média, cinco para a Copa do Mundo”.
—Temos que rediscutir o que estamos errando.
Por fim, Jordaan apontou sua final ideal para a competição: “seria fantástico ter Brasil e Argentina na final da Copa do Mundo de 2014”.
— Acho que todos esses times que você mencionou [Espanha, Alemanha e Itália] chegarão com boas equipes e acho que o Chile tem uma boa equipe e pode surpreender. [...] Mas acho que o Brasil tem excelentes chances de estar na final do Maracanã, mas gostaria de destacar que a Alemanha vai com um time jovem e forte, assim como a Argentina, que tem o melhor jogador do mundo. A Espanha sempre joga muito bem e vai oferecer dificuldades. Temos que citar também a Holanda, que pode surpreender com um chute de fora da área.