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Conheça os planos do Benfica para voltar ao topo do futebol europeu

A passagem de Jorge Jesus pelo Flamengo foi determinante para essa nova fase do clube português, que, no auge, foi dirigido por um brasileiro

Futebol|Eugenio Goussinsky, do R7

Recentemente, o português Jorge Jesus esteve mais associado ao Vasco da Gama do que a qualquer outro clube do Rio. Especulou-se que ele poderia dirigir o time cruz-maltino. Mas, então, a própria vinda repentina do treinador para o Flamengo reabriu as comportas da história.

Do futebol e do País. Portugal está presente, para além da origem do Vasco, na própria sociedade do Rio de Janeiro.

O próprio sotaque carioca, com o "sh" em lugar do "s", nascido nas grandes confeitarias e livrarias da rua do Ouvidor, é decorrente da presença de portugueses, que se tornou maior após a vinda da corte para o Brasil (1808).

Assim como o "r" arrastado é influenciado pelos franceses que residiam no País. Pela fama de elegantes, inspiravam muitos brasileiros a imitá-los na pronúncia. Era "in", seguindo o modismo atual de se inspirar nos americanos...

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Esse canal entre Brasil e Portugal, aberto com as grandes navegações, deu origem a um intercâmbio de ideias que respingou no mais popular esporte brasileiro, nascido na Inglaterra.

E possibilitou os portugueses a experimentarem momentos únicos, quando, nos anos 60, o Benfica chegou ao topo da Europa, conquistando a Copa dos Campeões (hoje a Liga dos Campeões) e sendo a base da seleção portuguesa que, com Eusébio, chegou à terceira colocação na Copa do Mundo de 1966.

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Foi justamente o brasileiro Otto Glória, que dirigiu a seleção portuguesa, o técnico que deu luz à geração mais vitoriosa do clube.

Armou um esquema "futurista", fazendo daquela equipe um modelo de mobilidade em campo e facilitando o trabalho do criativo técnico húngaro Béla Guttmann.

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Tudo isso graças também a uma geração que se abria para os imigrantes africanos, como o próprio Eusébio, nascido em Moçambique, conforme conta o português Rui Paixão, diretor de marketing, 53 anos, que mora em Lisboa e é sócio do Benfica há quase 50.

"Foi Otto Glória que construiu aquela super equipe que levou o Benfica a ganhar duas Champions com o Béla Guttmann como treinador. Mas naquela década fomos a mais três finais europeias, fora os títulos em Portugal. O Otto Gloria foi o responsável pela profissionalização do futebol em Portugal, ainda na década de 50", afirma.

A presença de Jorge Jesus

Mais de 50 anos depois, a situação se inverteu. O português Jorge Jesus se reinventou no Brasil e ganhou fama mundial no Flamengo.

E, dirigindo a equipe carioca por pouco mais de um ano, voltou transformado para Portugal, com uma imagem capaz de fazer o Benfica voltar a sonhar com o topo da Europa. Não fosse a passagem pelo Flamengo, Jorge Jesus dificilmente teria a mesma força.

"Jorge Jesus está um treinador diferente daquele que era quando saiu do Benfica. A passagem dele pela Arábia Saudita e principalmente pelo Flamengo foi muito importante no seu crescimento enquanto treinador. A experiência internacional em contextos diferentes tornou-o num treinador mais maduro e pragmático. Vencer a Libertadores trouxe-lhe mais ambição e acreditar que tudo é possível", observa Paixão.

O plano do Benfica agora está calcado em uma maior estabilidade financeira, processo iniciado há 20 anos, quando o clube se tornou uma SAD (Sociedade Desportiva Aberta), tendo ações negociadas na bolsa.

No final de dezembro de 2018, o clube divulgou que atingiu um património líquido (capitais próprios) de 100,9 milhões de euros. Um valor ainda menor do que o de potências como o Real Madrid, que chegou a 494,5 milhões no período, mas que apontava para um maior fôlego nas finanças do clube português.

Até mesmo durante a pandemia, a entidade colocou na totalidade a emissão de obrigações a três anos no valor de 50 milhões de euros e, com uma participação de investidores maior do que a esperada, atingiu um montante de cerca de 69,5 milhões de euros para utilizar.

A vinda de Jorge Jesus e de jogadores como Everton Cebolinha e Vertonghen entram neste contexto.

A comunidade benfiquista passou a almejar conquistas maiores, conforme afirma Paixão.

"É um desejo do presidente e de todos os adeptos ver o Benfica de novo numa final da Champions. Se até aqui parecia ser apenas um sonho, com a estabilidade financeira do clube adquirida nos últimos anos e as mudanças no mundo do esporte, e no futebol em particular, com o aparecimento da pandemia de covid-19, esse sonho pode virar realidade. Se o Lyon e o Leipzig (dois adversários do Benfica na fase de grupos) conseguiram chegar às semifinais, também o Benfica pode alcançar esse feito. Para isso tem de ter ambição e fazer boas contratações", afirma.

O futebol sempre evoluiu em função da integração de ideias. Otto Gloria se inspirou no húngaro Béla Guttmann, que bebeu na fonte da equipe austríaca Hakoah e assim por diante.

Guardiola teve como referência Cruyff, que viu em Rinus Mitchels seu mentor, que foi uma das referências de Telê Santana, um admirador de Zezé Moreira.

Esta ligação entre Brasil e Portugal é um campo propício para tal transferência de ideias. Jorge Jesus que o diga.

O Benfica vivia um momento até certo ponto semelhante ao do futebol brasileiro, descobrindo talentos em suas eficientes categorias de base, como João Félix e Bernardo Silva, mas tendo de abrir mão deles por ainda não poder competir financeiramente com outras potências. O objetivo agora é manter as novas promessas, mesclando com contratações de peso, amparadas no poder financeiro.

Jorge Jesus assumiria esse papel de condutor, uma espécie Otto Glória "português", conforme ressalta Paixão.

"Penso que Jorge Jesus não é só um grande treinador, mas também um excelente manager na orientação de um clube de futebol, além de galvanizar a massa adepta com o tipo de futebol que pretende que as suas equipas pratiquem", completa.

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