Antony foi decisivo no jogo final contra a seleção da Espanha
Fernando Bizerra Jr./EFE/07-08-21A bola gruda nos pés de Antony e a imagem que vem é a do puro futebol brasileiro. Seu corpo franzino, sua ginga, seu drible seco com a canhota foram predominantes durante a campanha da seleção brasileira na Olimpíada de Tóquio 2020. Como predominaram quando ele ainda era criança e jogava bola com os amigos nos campinhos da infância.
Atualmente no Ajax, Antony Matheus dos Santos, 21 anos, acabou servindo como exemplo de que a criatividade é fundamental para a vitória de uma equipe. E foi com esta criatividade que a seleção encontrou uma de suas válvulas de escape para superar adversários muito difíceis, segundo análise do próprio jogador, após alguns dias descanso e já de volta ao Ajax. E conquistar a medalha de ouro.
"Todo jogo foi complicado. A estreia diante da Alemanha, que era atual vice-campeã, um clássico mundial. Tem todo aquele peso da estreia. Foram jogos complicados, mas tivemos cabeça no lugar para fazer o nosso melhor. Pegamos boas equipes, bem treinadas... O México sempre é um adversário difícil para o Brasil também. E a final é final. Diante de uma Espanha com jogadores que foram para a Eurocopa, toda a tensão de ir para a prorrogação", lembra Antony, ao R7, sobre cada passo da conquista do último dia 7, em Yokohama.
Ao analisar seu desempenho, Antony, que iniciou a carreira no São Paulo, não esconde sua satisfação. A impressão é de que ele havia se preparado há tempos para chegar à Olimpíada e feito um trabalho para não perder a concentração no momento decisivo.
"Procurei fazer o que sei de melhor. Sou um jogador rápido, de drible, e busquei jogadas que possibilitassem o gol para a nossa equipe. Fico extremamente satisfeito com meu desempenho e de todo o grupo na Olimpíada", conta.
Antony não deixa de destacar sua jogada que deu origem ao gol da vitória do Brasil sobre a Espanha, aos dois minutos do segundo tempo da prorrogação.
Naquele momento, ele fez a diferença, com um drible rápido pela direita e um lançamento preciso, em diagonal, para Malcom escapar nas costas do marcador Vallejo. Foi um instante de união perfeita entre o talento e a tática.
"A assistência para o gol do título é algo que jamais sairá da minha cabeça. Tive a consciência de entender a importância de uma atuação tática, não só ofensiva, de ajudar na marcação, dar suporte aos volantes, laterais", comenta, sobre sua performance.
Antony diz que, durante as conversas com a comissão técnica e com os companheiros, prevalecia um discurso de motivação. Algo consistente e verdadeiro, que foi determinante para a conquista, conforme ele conta.
"A conversa importante, determinante, foi a vontade de vencer, sabíamos de toda a dificuldade que iríamos passar com a Espanha. Mas sabíamos do nosso potencial. Um jogo difícil que seria resolvido no detalhe, no sacrifício. Foi assim contra o México também, mas o grupo todo foi muito forte mentalmente. Acho que foi isso que trouxe o título, a nossa vontade", observa.
Para Antony, a maior lição que ele tirou da Olimpíada foi a importância da confiança em seu próprio potencial.
"Disputar a Olimpíada era um sonho que eu tinha e ele se realizou da melhor maneira possível. Isso é sobre acreditar, ter foco e ir atrás. Nunca desisto do que quero e agora é traçar novas metas e correr atrás. Ainda sou jovem, tem muito caminho para percorrer", revela.
O jogador retornou ao Ajax na última semana e foi homenageado pelo clube holandês, pelo qual atua desde o ano passado.
"Passei uns dias descansando com minha família no Brasil e já voltei aos treinos no Ajax. Recebi uma homenagem muito bonita do clube lá no estádio, com a torcida gritando meu nome. Isso é muito gratificante e motiva para um temporada que irá começar", ressalta.
O Ajax está classificado para a Champions e a expectativa é saber em qual grupo o clube irá entrar na fase classificatória. O sorteio será realizado na próxima quinta-feira (26).
A ideia de Antony é ajudar manter a fama do clube holandês de se consagrar com jovens talentos, que busquem sempre o ataque, ou que façam prevalecer a técnica, como ocorreu com os irmãos Frank e Ronald de Boer; Reiziger; Davids; Seedorf e Kluivert, campeões da Champions em 1995.
Para que isso aconteça, ele diz ser necessário seguir com a mesma determinação.
"Conquistar a Olimpíada era um grande objetivo que eu tinha. Consegui, graças a Deus. Agora é seguir com novas metas, como a Liga dos Campeões, Copa do Mundo... são torneios desejados por todos os jogadores, que enriquecem a carreira de um atleta. Vou atrás deles também", promete Antony, um dos jogadores que mais revelam, em campo, a mesma paixão pela bola dos tempos de menino.
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