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Bronze no Pan impulsiona sonhos de uma brasileira, esgrimista e negra

Bia Bulcão sabe que seu sucesso pode alimentar o sonho de outros jovens no esporte ainda tido como de elite: 'A popularização trará talentos ao esporte'

|Wagner Prado, Do R7

Bia foi adotada aos cinco meses de vida: 'Não tenho nenhum problema com isso'
Bia foi adotada aos cinco meses de vida: 'Não tenho nenhum problema com isso' Bia foi adotada aos cinco meses de vida: 'Não tenho nenhum problema com isso'

Ana Beatriz Di Renzo Bulcão, 25 anos, brasileira, esgrimista, negra. As três últimas palavras da curta descrição da personagem parecem não ter concordância entre si. Mas Bia Bulcão não se importa com isso. Está no mundo para quebrar paradigmas, para fazer as coisas terem concordância, mesmo quando se é brasileira, negra e esgrimista.

Foi também pela quebra de padrões que ela desembarcou em Lima para disputar os Jogos Pan-Americanos Lima 2019. Trouxe de lá uma medalha de bronze no florete e sabe que isso pode ser o combustível para impulsionar o sonho esportivo de um sem número de jovens. O caminho, ela também sabe, é duro. 

Bia Bulcão concedeu esta entrevista ao R7 já pensando no próximo período de treinamentos, que acontecerá na Europa neste segundo semestre. Bia não escondeu que seu foco é a classificação para os Jogos Olímpicos Tóquio 2020.

Confira a seguir o depoimento de Bia Bulcão ao R7:

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Adoção e racismo

"Não sei o que falar [sobre a adoção logo aos cinco meses de vida e a família que a adotou]. No Esporte Clube Pinheiros, nunca tive nenhum problema relacionado a racismo. E ser filha adotiva eu não tenho nenhum problema com isso. Pra mim, sempre foi uma coisa normal. Minha mãe sempre falou que eu sou filha do coração. Mas isso também nunca foi nenhum problema. Minha classe social? Eu acho que é classe média."

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Bia Bulcão conquistou o bronze no florete do Pan
Bia Bulcão conquistou o bronze no florete do Pan Bia Bulcão conquistou o bronze no florete do Pan (Washington Alves/COB)

Aproveitando as oportunidades

"Eu sempre estudei em escola internacional, desde os cinco anos. Fui alfabetizada em inglês. Depois eu iniciei com o francês e o espanhol com 13 anos. Agora estou aprendendo italiano, já que venho treinando na Itália. Falo português, inglês, espanhol, francês e agora estou aprendendo o italiano."

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Popularização da esgrima

“Infelizmente, no Brasil, a esgrima é vista como esporte de elite. Porque não é tão simples o acesso a ela como é o acesso ao futebol, ao handebol e outros esportes mais populares. Não é tão simples você achar uma academia que tenha esgrima. A maioria dos clubes que oferecem é privada. Já temos, em alguns lugares, projetos sociais como o Projeto Mosqueteiros no Paraisópolis, no Pelezão (Clube Esportivo Edson Arantes do Nascimento, na Lapa – São Paulo), que é a primeira escola pública de esgrima. Mas são poucas cidades, são poucos lugares que oferecem. Acho que isso é a grande dificuldade. É importante que a pessoa tenha conhecimento de que qualquer um pode praticar esgrima.”

O início no esporte

“Eu iniciei na esgrima com material de segunda mão, porque o material dura muito. Eu acho que popularizando a esgrima, levando ela para as escolas, tendo mais acesso para todas as classes poderem praticar, vai aparecer cada vez mais talentos. É assim que acontece na Itália e na França. E acho que o Brasil, que tem essa população enorme, também tem essa possibilidade de gerar grandes talentos e grandes campeões.”

Instantes antes da medalha

“Meu começo na competição não foi muito bom. Eu estava um pouco nervosa, pouco concentrada, sem confiança e não fiz uma pule [competição dentro do grupo] muito boa. E os Jogos Pan-Americanos são uma competição muito rápida. Tem poucos atletas. Você tem que estar muito ligado. Houve um intervalo entre a pule e a fazer eliminatória e pude esfriar a cabeça. Comecei de novo. Comecei do zero. Uma nova competição, sabe? Isso foi muito, muito importante para o meu caminho de chegada à medalha. Foi nesse momento que comecei a pensar no quanto eu queria ganhar e chegar a ela. Parei de pensar em tudo o que estava acontecendo em volta e me concentrei em jogar.

Tenho certeza que essa pausa foi o momento mais importante durante a competição. Aí, na eliminatória, pude entrar com outro pensamento, mais concentrada, e fiz bons combates."

Certeza da medalha

"Certeza de resultado, não. Estava muito segura. Toda a experiência que tenho de jogos pan-americanos e jogos olímpicos me ajudaram a estar melhor preparada. Não havia mais a surpresa de chegar em uma vila olímpica. Já sabia como preparar minha semana de treinamento antes da competição. Mas a gente sempre acaba ficando nervosa."

Adversária mais difícil

"Jogos Pan-Americanos são uma competição muito curta. Claro, a gente tem as mais fortes: canadenses, americanas e mexicanas. Eu conhecia todo mundo. Mas, com certeza, durante a competição minha maior adversária era eu mesma. Porque em muitos momentos no início da competição fiquei muito nervosa e não foquei no meu melhor. Com certeza, em qualquer competição, o seu maior adversário é você mesmo."

Prazer do bronze

"Essa conquista, mesmo a esgrima não valendo nos Jogos Pan-Americanos para a classificação olímpica, é muito importante para mim. Para eu saber que estou no caminho certo, que estou fazendo bons treinamentos. E é bom ver que meus resultados estão aparecendo e que, se eu continuar assim, os bons resultados vão aparecer mesmo. Então, acho que essa conquista foi importante para eu saber que tipo de treinamento tenho de fazer para focar na minha classificação olímpica."

Olimpíadas de Tóquio

"Para classificar para Tóquio, eu preciso participar de diversas competições no circuito internacional. Tenho de fazer isso para somar pontos no ranking, subir posições e buscar essa classificação. As competições são importantes para a minha preparação, e a fase de classificação olímpica só termina em abril de 2020. Então, vai ser importante participar do máximo de competições possível, para ter bastante ritmo de jogo, para somar bastante experiência, da mesma forma que fiz no Pan."

A difícil busca de apoio

"Hoje eu recebo o apoio do Exército, que foi essencial para eu me manter nos treinamentos fora do Brasil no primeiro semestre; do meu clube; da Espaçolaser; da Cirúrgica Fernandes, além de ter o apoio do Bolsa Atleta e do material da Leon Paul. Conto também com o site Apoia.se!, um apoio mensal que as pessoas podem contribuir a partir dos R$ 5. Esse não é um valor que uma empresa contribui, mas é um valor acessível, que junta o apoio de uma pessoa com outra, o que, para mim, acaba fazendo muita diferença. Me ajuda a pagar o clube lá fora, ajuda a pagar a alimentação. Então, o Apoia.se! tem uma proposta de financiamento continuo e coletivo. 

Depois dos Jogos Pan-Americanos eu consegui minha primeira meta, que era de R$ 500. Com o resultado da medalha, mais gente conseguiu me apoiar. Agora estou tentando a segunda meta. E a campanha continua aberta lá. Quem quiser contribuir é só acessar lá no site. É como se a pessoa fizesse parte da minha preparação também. É como se fosse um patrocinador."

A vida não é só treino e competição

"Gosto de aprender novas línguas. Tempo livre eu tenho pouco, mas normalmente eu faço isso. Passo o tempo com minha família também. Normalmente estou viajando, mas quando estou em São Paulo fico com eles. Eu gosto de passar bastante tempo no clube (Pinheiros), ficar na piscina. Curto também ficar na natureza, sair para os parques. Gosto muito de natureza. Tocar música também faz minha cabeça: toco guitarra e toco piano."

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